“Eu fui à Inglaterra por você”: última foto de Rudolf Hess reaparece junto a uma nota a seu filho, explicando sua misteriosa viagem à Grã-Bretanha para tentar negociar a paz.
Rudolf Hess foi o braço direito de Adolf Hitler durante a década de 1930, mas aos poucos foi colocado à margem do comando nazista. Clandestinamente, ele voou à Escócia em maio 1941, numa tentativa de chegar à Inglaterra e a negociar o fim da guerra. No entanto, assim que pousou em solo Aliado, foi capturado e posteriormente condenado à prisão perpétua no presídio de Spandau, em Berlim.
Hess suicidou-se aos 93 anos, em 1987, e aqui temos as últimas imagens dele com vida.
Imagens fascinantes do vice de Hitler, Rudolf Hess, foram encontradas e postas à venda, juntamente com uma mensagem direcionada a seu filho, sobre sua fuga à Grã-Bretanha para tentar acabar com a guerra. As imagens nunca antes vistas pelo público, mostram o Hess idoso e frágil em razão dos longos anos na prisão de Spandau.
Rudolf Hess passou 41 anos na prisão, após ser condenado por crimes contra a paz à prisão perpétua. Ele se enforcou, aos 93 anos, em 1987, num caramanchão, construído para ele no terreno da prisão. As imagens foram postas à venda junto com uma nota escrita a seu filho Wolf Rüdiger, enquanto estava encarcerado: “Eu fui à Inglaterra por você! ”.
Imagens de Rudolf Hess na década de 1980
Os objetos foram encontrados por um carcereiro britânico que vigiava Hess durante sua estadia em Spandau. Não se sabe exatamente quando as fotos foram tiradas, mas calcula-se que foi em meado da década de 1980.
A nota, datada de 27 de junho de 1983, refere-se a misteriosa viagem de Hess à Escócia maio 1941. Ele era o braço direito de Hitler no Terceiro Reich durante toda a década de 1930, mas foi marginalizado após a Segunda Guerra Mundial eclodir.
Preocupado com o risco à Alemanha, sobre os futuros planos de Hitler de invadir a Rússia, ele aprendeu sozinho a voar e entrou num avião maio 1941. Ele embarcou num caça bimotor, Messerschmitt Bf 110, e viajou à Escócia, numa tentativa de trazer a Grã-Bretanha à mesa de negociações e pôr fim à guerra.
Quem era Rudolf Hess? O nazista que secretamente viajou à Escócia para tentar conseguir a paz
Rudolf Hess nasceu em Alexandria, no Egito, em 1897, o mais velho entre três filhos de pais etnicamente alemães.
Ele foi enviado para um colégio interno em 1908 e se matriculou na Universidade de Munique, em 1919, para estudar história e economia.
Lá, ele aprendeu sobre o conceito de Lebensraum, ‘espaço vital’, que foi usado por seu professor Karl Haushofer como justificativa para a Alemanha a ocupar territórios na Europa Oriental.
Ele viria a introduzir o conceito de Hitler, que fez dele um dos pilares da ideologia do Partido Nazista.
Hess serviu nas forças armadas durante a Primeira Guerra Mundial, onde sua primeira experiência em combate foi contra os ingleses, na Batalha do Somme. Ele combateu na primeira Batalha de Ypres.
Ele foi condecorado com a Cruz de Ferro de 2ª classe e, posteriormente, com a Cruz de Mérito Militar Bávara. Foi dispensado do serviço militar em 1918.
O discurso de Hitler e o início de uma parceria
Após ouvir Adolf Hitler falar pela primeira vez em um comício em Munique, em 1920, Hess tornou-se um aliado fiel.
Ele partilhada da teoria de Hitler sobre a “facada nas costas”, em que a Alemanha teria perdido a Primeira Guerra devida à uma conspiração de judeus e bolcheviques.
Rudolf Hess se juntou ao NSDAP em 1920 e aproximou-se cada vez mais de Hitler.
Em novembro de 1923, Hitler decidiu tirar do poder o líder bávaro Gustav Von Kahr, com a ajuda da SA.
De arma em punho, Hitler interrompeu o discurso de Kahr e pediu uma revolução nacional. No dia seguinte, Hitler e milhares de seus seguidores marcharam até o Ministério da Guerra, onde houve uma confusão, e 14 manifestantes e quatro policiais foram mortos.
Tanto Hess quanto Hitler foram levados à prisão de Landsberg, onde foi escrito o Mein Kampf.
Hess editou o livro e Hitler prometeu o cargo de vice quando estivesse no poder.
Rudolf Hess foi o braço direito de Hitler no Terceiro Reich durante toda a década de 1930 e assumiu sua posição como seu vice em abril de 1933.
Segunda Guerra e o afastamento de Hess
Porém, após o início da Segunda Guerra Mundial, gradativamente foi sendo descartado por Hitler, devida sua preocupação com política externa e outros assuntos não internos.
Rudolf Hess tinha grande preocupação com os planos de Hitler para invadir a Rússia, temendo pela Alemanha, numa guerra em duas frentes.
Sua preocupação era tamanha, que aprendeu praticamente sozinho a voar, planejando um meio para negociar a paz com o governo Britânico.
Em 1941, ele pôs o plano em movimento, mas ficou sem combustível e teve que pousar em Eaglesham, cerca de 15 Km ao sul de Glasgow, na Escócia.
Ele foi capturado por um policial local e mantido sob custódia. Hitler ficou furioso ao saber de sua a traição.
Seus planos de negociar a paz fracassaram, e Hess ficou preso pelo restante da guerra. Após o término da Segunda Guerra Mundial, foi julgado em Nuremberg por crimes de guerra, sendo condenado à pressão perpétua.
Fim da Segunda Guerra e condenação
Ele foi considerado culpado por conspiração para cometer crimes, crimes contra a paz, crimes de guerra.
Durante o julgamento, ele desenvolveu ‘amnésia’, ficando incapaz de recordar detalhes do que aconteceu durante a guerra.
Ele acabou sendo declarado são e apto para o julgamento e foi forçado a admitir que tinha simulado a amnésia como uma tática de defesa.
Seu julgamento levou cerca de 2 meses. Outros nazistas foram julgados nesse mesmo processo em Nuremberg e a maioria receberam a sentença de morte.
Rudolf Hess passou 41 anos preso, sem contato com sua família, e muitas vezes se queixando da alimentação e do estado de sua saúde.
Posteriormente, os outros 6 nazistas presos em Spandau, foram libertados, tornando Rudolf o único prisioneiro.
No dia 17 de agosto de 1987, Hess se enforcou num caramanchão que ele mesmo construiu no terreno da prisão.
Após sua morte, todo o complexo de Spandau foi demolido para evitar se tornar um santuário aos neonazistas.
Um idoso frágil e comum
As fotos de Hess, acredita-se ter sido tiradas por William Orwin, vice-diretor de Spandau. Elas mostram Hess de cabelos grisalhos, vestindo um sobretudo azul e apoiado sobre uma bengala. No arquivo há outra foto dele caminhando pelo terreno da prisão e outra mostrando o caramanchão com fachada de vidro.
Spandau foi o lar de outros seis membros do alto escalão nazista, incluindo Karl Dönitz – chefe da marinha alemã. Sua morte é alvo de teoria da conspiração. Alguns defensores dessa teoria, incluindo seu falecido filho Wolf, afirmava que ele foi assassinado por agentes do Serviço Secreto de Inteligência britânico para impedi-lo de revelar a má conduta dos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial.
A nota que Rudolf Hess escreveu ao filho, foi grafada no verso de um cartão postal que Wolf enviou a seu pai na prisão. A mensagem nunca chegou ao filho e acabou nos arquivos do Sr. Orwin. Nesse arquivo, ainda também há fotos de Wolf criança e fotos da família Hess.
Durante seu tempo em Spandau, Hess proibiu sua família de visitá-lo, até 1969, quando ele foi tratar uma úlcera. Nesta altura o seu filho tinha 32 anos e sua esposa Ilse tinha 69. Eles não o via desde que ele deixou a Alemanha em 1941.
Entre os muitos documentos desse arquivo, há pedidos feitos por Hess, por vestuário e artigos de higiene escrito aos funcionários prisionais. Há também cartas enviadas a ele por sua família que abrangem temas triviais como aniversários e feriados. Todo o arquivo foi posto à leilão no dia 24 de Janeiro de 2018, apostando em seu valor histórico.
Fonte: Daily Mail Online (Pesquisa Ricardo Lavechia, Tradução e Adaptação André Almeida)