Jack Holder O Sobrevivente que Testemunhou o Inferno em Pearl Harbor

O relógio da história marcou um instante que jamais será apagado. Há 82 anos, o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, no Havaí, mudou o rumo da Segunda Guerra Mundial e lançou os Estados Unidos em um conflito de proporções devastadoras. Em menos de duas horas, no dia 7 de dezembro de 1941, a fúria de aviões de bombardeio, submarinos e navios japoneses deixou um rastro de destruição: 19 embarcações americanas afundaram, 2.400 soldados perderam a vida e 1.100 ficaram feridos. Entre os escombros e o caos, um jovem militar testemunhou tudo de perto. Seu nome: Jack Holder.

“Eu vi uma devastação que nunca vou esquecer. Está muito vivo na minha memória. É como se fosse ontem”, revelou Holder em uma entrevista ao portal Cronknite News, em 2021, quando era um dos últimos 75 sobreviventes daquele dia fatídico. Aos 100 anos, ele carregava nos olhos e na voz o peso de quem escapou da morte por um triz. Na manhã do ataque, Holder estava de plantão na base, integrando o Esquadrão PBY VP-26, especializado em patrulhamento e reconhecimento. “A primeira bomba caiu a uns 100 metros de mim. Meu grupo estava no hangar, e o líder tinha acabado de começar a chamada. Corremos para fora e vimos os aviões com a insígnia do sol nascente. Sabíamos exatamente o que estava acontecendo”, contou.

O relato de Holder é um mergulho na tensão daquele momento. Ele descreveu como conseguiu enxergar o rosto do piloto japonês que lançou a bomba próxima ao esconderijo improvisado onde ele e seus companheiros se abrigaram — uma vala de esgoto. “Eu me perguntei se aquele seria o dia da minha morte”, confessou. Foram três dias agachado ali, com a captura na mão, até ser resgatado. A sorte estava ao seu lado.

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Nascido no Texas, Holder ingressou na Marinha aos 18 anos, atraído pela chance de explorar o mundo além das planícies de sua terra natal. Chegou a Pearl Harbor um ano antes do ataque e ficou fascinado pelas paisagens do Havaí. Mas o que era um sonho de juventude virou pesadelo em questão de minutos. Após sobreviver ao bombardeio, ele não parou. Participou de mais de 100 missões pelo exército americano até ser dispensado com honrarias em 1948. Depois, trocou os campos de batalha pelos céus comerciais, pilotando voos como profissional.

Décadas mais tarde, já no fim dos anos 80, Holder percebeu que suas memórias tinham valor histórico. Convidado a visitar o memorial da Segunda Guerra Mundial em Washington, ele começou a compartilhar suas experiências com um público ávido por detalhes. Até sua morte, em 2023, aos 101 anos, sua voz foi um eco vivo de um passado que não pode ser esquecido.

A trajetória de Jack Holder é mais que um relato de guerra. É a prova de que, em meio à destruição, a resiliência humana encontra espaço para sobreviver e narrar a história.

Sobre Ricardo Lavecchia

Trabalho como vendedor, mas tenho como hobby desenhar e pesquisar sobre a Segunda Guerra Mundial.

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