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Memórias do Holocausto: Ben Helfgott

Eu ouvi o que aconteceu com meu pai, eu estava sozinho. Eu chorei por 24 horas.

Uma manhã quatro dias antes do natal em 1942, soldados nazistas foram a sinagoga na cidade polonesa de Piotrków, onde 560 judeus estavam e ordenaram que 50 homens fortes os acompanhassem para a floresta . Os homens foram obrigados a cavar 5 buracos e depois foram fuzilados. Em uma semana em outubro, 22.000 Judeus ( de uma população de 25.00) tinham sido enviados de Piotrków para as camâras de gás de Treblinka. Aqueles homens não tinham ilusões sobre o que estavam cavando.

Na manhã seguinte, a SS levou o resto das pessoas da sinagoga em gurpos de 100 para a floresta. Ordenaram que eles se despissem próximos aos buracos e depois eles foram fuzilados. Dentre as vitimas estavam a mãe de 37 anos de Ben Helfgott’s e sua irmã de 8 anos Lusia.
O garoto de 12 anos Ben estava trabalhando em uma fábrica de vidro fora do gueto e era considerado “legal” pelos nazistas. Sua irmã de onze anos Mala, escapou de alguma forma e seu pai tinha permissão para viver no gueto de Piotrków. Mas sua mãe e Lusia eram vistas como ilegais e então começaram a se esconder. Então os Nazistas ofereçao aos ilegais, como a mãe de Ben uma espécie de refúgio. Era uma armadilha, mas ela e Lusia sairiam do esconderijo e foram mantidas em uma sinagoga. Era um lugar que não deveria ser considerado um refúgio, já que por diversão os soldados atiravam pela janela, ferindo e matando pessoas.

O pai de Ben conseguiu permissão para libertar sua esposa, mas não conseguiu a mesma para Lusia. Ele implorou para sua esposa ir para casa, mas ela negou. Ela escreveu para o marido: “ Você cuida de dois dos nossos filhos e eu terei que cuidar da mais nova”

Aproximadamente dois anos depois, com o exército russo avançando pela Polônia, Ben e seu pai, juntamente com 300 homens judeus, foram levados de Piortków para o campo de concentração de Buchenwald; Este foi o primeiro de três campos de concentração em que Ben passou durante a guerra. Ben tinha 14 anos quando viu seu pai pela última vez, antes dele ser transferido de Buchenwald para o campo de concentração de Schlieben, onde armas antitanques eram produzidas.

O que Ben lembra daqueles campos? “Nós não tinhamos nenhum espelho.” ele diz. “ Então você pensa que são os outros que estão horrívieis, que você não está com os olhos inchados e fundos por conta da fome. Ele lembra de dividir uma minúsculo beliche com outro garoto. “

Não havia espaço suficiente para dormirmos, se quisessemos nos mover tinhamos que nos mover juntos. Então nós deitavamos lá, sendo comidos por insetos, apertados como sardinhas enlatadas.

Ben foi finalmente libertado em Theresienstadt na Tcheco-Eslováquia em maio de 1945. Ele soube que seu pai foi morto alguns dias antes, enquanto tentava escapar da marcha da morte que o levava para Theresienstadt. “De repente fiquei orfão. Quando soube que minha mãe e minha irmã mais novas tinham sido executadas 2 anos e meio atrás, quando eu estava somente com meu pai e minha irmã Mala. Nós podiamos confortar um aos outros. Quando ouvi o que ocorreu com meu pai, eu estava sozinho. Theresienstadt foi onde eu chorei tudo o que podia. Eu chorei por 24 horas.” Seu pai tinha 38 anos quando foi morto.

Depois da libertação, Ben retornou a Piotrków com um primo. “ Nós pensavamos que seríamos bem vindos, mas sofremos discriminação e quase fomos mortos por dois soldados poloneses.”

Entretanto havia uma boa notícia, sua irmã Mala e um outro primo, conseguiram sobreviver. Depois Ben se tornou um dos meninos sobeviventes dos campos de concentração que foram levados para o Reino unido. Mala foi levada para Suécia, e só se reuniram novamente em

Londres em 1947.

Foi lá que Ben construiu uma nova vida. Ele aprendeu inglês, entrou na universidade para estudar economia, casou e tem uma família com três filhos, suas esposas e nove netos. Hoje ele é um aposentado do setor téxtil.

Há ainda um capítulo inusitado na história de Ben. Em um dia de verão em 1948, Ben com 18 anos de idade foi nadar em um clube em Londres. Passou por alguns halterofilistas se exercitando. Então perguntou se ele poderia tentar levantar algum dos pesos. Um homem disse que aquilo era muito pesado para Ben, mas ele levantou mais de 80 kg com facilidade. Ele se tornou o único sobrevivente de campos de concentração a competir em duas olimpíadas, representando o Reino Unido em Melbourne em 1956 e em Roma em 1960 e conqusitando o

bronze nos Commomwealth Games em Cardiff em 1958.

O que ele pensa do Reino Unido com o fato que o BNP ( partido de extrema direita) está tendo mais representatividade eleitoral? “ A maioria dos alemães eram pessoas decentes que em um momento de dificuldade econômica, seguiram um demagogo. No Reino Unido agora imigrantes

estão servindo de bode expiatório para a falência econômica e o BNP está explorando a situação.

Ben também tem esperança. “ O Dia Memoria do Holocausto foi feito para o governos ter certeza que aprendemos lições. É importante lembrar, não apenas dos judeus, mas de todos.


Fonte: Texto de Stuart Jeffries – www.guardian.co.uk

Tradução: Vinicius Ramos da Silva

Sobre Ricardo Lavecchia

Desenhista, Ilustrador e pesquisador sobre a Segunda Guerra Mundial

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2 comentários

  1. Adoro ler esses relatos, você consegue sentir ou ao menos tentar, o sofrimento e a angustia dessas pessoas, Ben sofreu muito mas não desistiu e conseguiu ter a felicidade no fim é uma verdadeira e grande história de superação.
    Ah usei umas partes desse relato no meu trabalho, obrigado. 😉

  2. Os crimes dos militares do Eixo, é fartamente divulgado pela Midia, atraves de filmes, documentarios, revistas, livros de historia, gostaria de saber, por que, os crimes de guerra, praticados, pelos Aliados ficam sempre MINIMIZADOS na Midia, se fala muito pouco, vamos concluir pelo raciocinio que a Midia ou parte da imprensa está sobre forte influencia de americanos e judeus sionistas, devemos ser justos, honestos e corretos. Os aliados praticaram Crimes de guerras diabolicos, um pequeno exemplo, o exercito vermelho quando invadiu a Alemanha, muitas mulheres alemãs foram violentadas, estrupadas na rua e depois foram degoladas, por soldados sovieticos, até MENINAS alemãs foram estrupadas covardemente e mortas, e ninguem fala nada, a Midia se cala, soldados americanos e ingleses também praticaram crimes terriveis, violentaram, estruparam muitas mulheres alemãs e italianas, e tudo fica na escuridão e no silencio, existe relatos que Meninas alemãs de 8 anos foram estrupadas, isso é simplesmente diabolico, e não vemos nenhum filme para aborda tais crimes, isso mostra que a midia esta sobre controle oculto. A historia é sempre contada pelos Vencedores, eles vão sempre diabolizar os vencidos e santificar os vencedores. O estrupo de mulheres alemãs era tão grande, que se praticava estrupos COLETIVOS, isso é nojento. Fora os casos de tortura e fuzilamentos.
    Veja um resumo dos crimes de guerra dos Aliados.
    Os principais crimes de guerra praticados pelos Aliados, teriam sido os seguintes:
    • De acordo com Mitcham e von Stauffenberg,2 a unidade do exército canadense, “The Loyal Edmonton Regiment”, teria assassinado prisioneiros de guerra alemães.
    • Tropas franco-marroquinas, conhecidas como “Goumiers”, teriam cometido estupros e outros crimes de guerra, às proximidades de Monte Cassino.
    • Massacre de Treuenbritzen: execução em massa, pelos soviéticos, de mais de 1000 civis alemães na cidade de Treuenbritzen, em abril de 1945.
    • Massacre de Katyn: execução, pelos soviéticos, de prisioneiros poloneses (oficiais e soldados), em 1940, no ano seguinte à Invasão Soviética da Polónia.
    • Estupros em massa de mulheres alemãs pelo Exército Vermelho.
    • Bombardeamento de Dresden: Segundo o historiador e revisionista alemão, Jörg Friedrich, a decisão de Winston Churchill de bombardear Dresden e outras cidades alemãs, entre janeiro e maio de 1945 (quando a guerra já estava definida), foi um crime de guerra.
    • Sob as ordens do general George Kenney, da Força Aérea dos Estados Unidos, os norte-americanos teriam assassinado sobreviventes japoneses dos navios afundados: Nachi, Kumano, Yamato e Yahagi.

    • Massacre de Canicattí: assassinato de civis italianos por oficiais americanos.
    • Massacre de Biscari: assassinato de prisioneiros do eixo na Guerra da Sicília.
    • Massacre de Dachau: assassinato de guardas do Campo de concentração de Dachau, capturados pelos soldados norte-americanos. Cerca de 35 alemães da divisão SS-Totenkopfverbände foram mortos enquanto se rendiam. Além disso, os americanos teriam entregue armas aos prisioneiros do campo que, segundo testemunhas, torturaram e mataram outros 40 soldados alemães.
    • Segundo um estudo publicado pelo pesquisador britânico, Bob Lilly, cerca de 14 mil mulheres foram estupradas por soldados ingleses e norte-americanos.
    • Prisioneiros alemães na Noruega teriam sido obrigados a limpar campos minados. Quando a “limpeza” terminou, 392 estavam feridos e 275 morreram.
    • Tratamento desumano de prisioneiros alemães em campos de concentração nos Estados Unidos. Segundo estatísticas governamentais, 3.000 morreram de fome e desidratação.
    • Massacre e genocídio das populações civis de Hiroshima e Nagasaki, atingidas por bombas atômicas lançadas pelos EUA.

    A polêmica em torno dos crimes de guerra aliados reacendeu-se, em 2007, com a publicação do livro “After the Reich”, de Giles MacDonough.1

    E tudo fica na escuridão ou a escuridão controla tudo???

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