Em 1976, o geólogo italiano Cláudio Avanzato durante suas pesquisas nas localidades de Bombiana, a 60 quilômetros de Bolonha, a nordeste da Itália, buscando descobrir os resquícios de construções antigas ao redor do monte Monte Castello, lançou luzes sobre um território muito importante para os brasileiros que lá combateram durante a Segunda Guerra Mundial.
No levantamento topográfico, organizou um mapa revelador e acabou por nos conduzir à história daquela localidade que mais tarde seria o baluarte dos alemães, que encastelados na altura do morro, tornaram-se um sério desafio para os aliados e por consequência aos brasileiros.
Nestas cercanias, já destacadas, foi construído o Castello de Leone em 1227, um lugar estratégico muito importante, pois eram controladas as estradas e fronteiras. No interior da fortaleza, existiam os aposentos necessários: uma igreja, uma casa para o podestá (chefe), uma praça, um mercado popular, torres, uma cavalariça, uma cisterna e uma ponte levadiça. Hoje dessas construções resta muito pouco, pontos esparsos sobre o cimo do monte. A parte mais alta do muro tem 1,90m e pequenos fragmentos.
Após os estudos topográficos que se mostraram instigantes, Avanzato idealizou um projeto que teria o nome de Parque Histórico de Monte Castello. Previa um local muito extenso e abrangeria as comunas italianas vizinhas. Tais caminhos, ainda hoje, estão cobertos pelas trincheiras dos soldados, que serviam de defesa dessas localidades.
Nesse mesmo local, durante a Segunda Guerra Mundial, soldados brasileiros, com milhares de civis, vivenciaram momentos angustiantes provocados pela guerra. O Brasil participou de cinco ataques ao Monte Castello, iniciados em 1944. O último, com a derrota alemã, ocorreu no dia 21 de fevereiro de 1945. A permanência renhida dos alemães no Monte Castello mostrou a importância estratégica desta localidade, defendida como baluarte até o último momento.
Para os brasileiros, a tomada de Monte Castello, em fevereiro de 1945, tem um significado histórico, pois sedimentou a importância de uma tropa inicialmente desacreditada, destinada a servir de reserva ou substituta. Ao chocar-se com a Linha Gótica, tanto a tropa brasileira como a estadunidense foi barrada nessa extensão. Essa era uma linha defensiva que se estendia do Mar Tirreno ao Mar Adriático, com cerca de 250 quilômetros de
extensão, fortemente armada com 23 mil minas schrapnell, dentre outras. O sonho de Cláudio Avanzato não foi em vão. Recentemente, foram criados os Caminhos da Memória, onde as pessoas podem percorrer os caminhos históricos nos trechos demarcados.
Hoje, para o brasileiro que visita a Itália, este seria um itinerário histórico interessante, saindo de Roma ou Milão e passando por Bolonha.
É nosso dever destacar o marco brasileiro nesse local. Em 2001 foi inaugurado o Monumento Liberazione, da grande escultora brasileira Mary Vieira, situado no sopé do Monte Castello.
Decorridos 64 anos da Tomada de Monte Castello pelos brasileiros, cabe uma reflexão, ainda que tardia: memória que os homens desenterram nasce como desejo indestrutível de reviver o tempo, aquela duração da existência que não é mercadoria nem tem valor de troca, mas penetra e envolve toda uma experiência humana. Tempo denso que está fora e dentro de nós, enquanto história, enquanto memória.
Carmen Lúcia Rigoni – historiadora – integra o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
um ola para lavecchia,eu tambem faço desenhos da segunda guerra e leio livros sobre o tema, vc conquistou u novo amigo sou andre e tenho 14 anos
Olá Ricardo. Foi de muita utilidade aprender sobre Monte Castello, pois o máximo que sabia sobre este nome era a música de Renato Russo que contagiou a minha geração nas décadas de 80 e 90. Sucesso