Na França foi localizado um homem que sobreviveu à prisão no campo de concentração de Auschwitz, um dos nomes presentes na lista que se manteve dentro de uma garrafa por mais de 60 anos. A Garrafa foi descoberta quando houve uma reforma numa escola onde fora um depósito do antigo campo. Nesta lista havia o nome de 7 prisioneiros, sendo 6 poloneses católicos e 1 francês judeu.
O homem localizado foi Albert Veissid, de 85 anos. Preso na França perambulou por vários campos de concentração até chegar a Auschwitz. Em seu braço há uma tatuagem com o seu número de prisioneiro.
Segundo Albert, o campo continha prisioneiros demais e os alemães buscavam eliminar os mais fracos.
“Certo dia, foi ordenado que todos os prisioneiros se apresentassem nus, com as roupas nos braços, diante de uma fileira de guardas da SS. Uma seleção para decidir quem continuaria vivendo. Eu tremia muito, mas não era de frio, era de medo. Eu continuei vivo, mas meu amigo foi tirado da fila e levado direto para a câmara de gás”
Albert foi trabalhar na construção do depósito de Auschwitz – que hoje é a escola onde foi achada a garrafa. Ele cavava o subsolo e os poloneses trabalhavam na parte superior.
“Esses poloneses salvaram a minha vida, pois eles recebiam grandes porções de sopa para comer e me davam tudo o que sobrava”.
Quando a notícia sobre a garrafa e o bilhete chegou aos ouvidos de Veissid, ele ficou surpreso. Não se recorda de nada. Ele não soube explicar por que seu nome estava lá e qual seria o propósito do bilhete. Ao ver uma cópia do papel, reconheceu que é sua letra:
“Está escrito por mim, é minha letra, mas não me lembro de ter feito isso”.
Passado algum tempo, Albert, que é músico, foi levado para tocar na orquestra de Auschwitz. Desde então não teve mais notícias dos poloneses, até a recente descoberta do bilhete. Cinco morreram no campo de concentração.
“Sabe do que tudo isso me lembra? Da sopa, nunca comi tanta sopa”
A sopa foi o que manteve ele firme para agüentar a retirada quando o cerco dos aliados apertou. Os prisioneiros padeciam às centenas.
“Eu via os cadáveres, uma montanha de cadáveres, azulados no frio. Eles ainda usavam os uniformes. Parecia que eu tinha ficado louco. Não consigo entende ao certo o que aconteceu. Eu pensei:
“Isso não me abala”. Eu não estava nem feliz, nem sofrendo, apenas olhei e achei natural.