Mais um exemplo de que atitudes equivocadas de Adolf Hitler causaram a queda da Alemanha Nazista
À medida que a situação piorava, Hitler foi ficando mais inacessível a todo argumento oposto às suas opiniões, tornando-se mais autoritário do que tinha sido até então. Isso teve consequências importantíssimas no campo técnico, daí decorrendo ter-se inutilizado a mais valiosa das nossas “armas maravilhosas”: o Me-262, nosso avião de caça mais moderno, com velocidade superior a oitocentos quilômetros por hora e capacidade de ascensão superior a todos os aparelhos inimigos.
Já em 1941, apenas como arquiteto, eu testemunhara o ruído ensurdecedor de um motor a jato, durante a visita que fiz à fábrica de aviões desse tipo, Heinkel, em Rostock. O aparelho estava em experiência. Seu construtor, o Professor Ernst Heinkel, insistiu naquela época no aproveitamento daquele invento revolucionário. Durante a reunião em que se tratou de armamentos, em setembro de 1943, no campo de provas da Luftwaffe, em Rechlin, Milch entregou-me, sem pronunciar uma palavra, um telegrama que recebera na ocasião. O telegrama transmitia uma ordem de Hitler no sentido de paralisar os preparativos feitos para o fabrico em série do Me-262. Sem dúvida, decidimos não dar atenção àquela ordem, mas os trabalhos não puderam ser feitos com a pressa necessária.
Três meses depois, em 7 de janeiro de 1944, Milch e eu recebemos, ordem para nos apresentarmos no quartel-general. Essa ordem fora motivada pelo recorte de um jornal inglês em que se noticiava a próxima conclusão dos ensaios britânicos com os aviões a jato. Hitler, impaciente, exigiu que, no menor prazo possível, fabricássemos um grande número desses aparelhos. Entretanto, como já tínhamos abandonado os trabalhos preparatórios anteriores, só pudemos prometer para julho de 1944 a entrega de sessenta unidades mensais. De acordo com nossos cálculos, depois de janeiro de 1945 seriam fabricados duzentos e dez aparelhos por mês.
No decurso da reunião, Hitler deu a entender que cogitava de empregar como bombardeiro rápido o avião fabricado para atuar como caça. Os especialistas da Luftwaffe viram-se ludibriados. Supunham, entretanto que mediante argumentos de peso iriam alterar as intenções de Hitler. Mas houve o contrário disso: Hitler, teimosamente, mandou que se tirassem as armas de bordo dos aviões para aumentar-se o peso da carga de bombas. Sua opinião era que os aviões a jato não tinham necessidade de defesa, porquanto, tendo velocidade superior, os caças inimigos não os alcançariam. Muito desconfiado ainda com a nova invenção, determinou, para proteger o sistema de propulsão dos aparelhos, que estes fossem empregados, por algum tempo, em rumo vertical e a grande altura, tendo-se em conta uma diminuição da velocidade para redução dos esforços a que pudesse estar submetido o sistema, ainda não posto em prova.
Com uma carga de bombas de quinhentos quilos e um primitivo dispositivo de pontaria, o efeito desses pequenos bombardeiros foi ridiculamente insignificante. No entanto, se tivesse sido empregado como caça, aquele aparelho, por suas qualidades superiores, abateria os quadrimotores norte-americanos que despejavam milhares de toneladas de explosivos sobre as cidades alemãs.
Nos últimos dias de junho de 1944, Goering e eu tentamos, mais uma vez em vão, *nudar o pensamento de Hitler. Pilotos de caça tinham experimentado os novos aparelhos e pediam que fossem utilizados contra as frotas de aviões de bombardeio norte-americanos. Hitler não fez caso das nossas palavras. Baseava sobre qualquer ponto seus argumentos irreflexivos e opinava que a velocidade nas evoluções e a rapidez na mudança de altitude exporiam os pilotos a esforços físicos consideravelmente maiores do que os atuais. Ora, ainda segundo Hitler, precisamente a maior velocidade dos novos caças redundaria para eles em desvantagem, no combate aéreo, porquanto os caças inimigos poderiam manobrar melhor, graças à sua menor velocidade. O fato de os novos aparelhos poderem voar a maior altura do que os caças de escolta americanos, e por sua maior velocidade poderem atacar os lentos grupos norte-americanos de bombardeio, não impressionou Hitler. Quanto mais insistíamos, mais ele permanecia emperrado em suas ideias. Quando muito, para consolar-nos, prometeu-nos que em futuro distante ordenaria um emprego parcial daqueles aparelhos em missões de caça.
Todos aqueles que, de certo modo, tinham autoridade para tratar com Hitler desse assunto tentaram mudar a opinião dele, devido à nossa desesperadora situação aérea: Jodl, Guderian, Model, Sepp Dietrich e, naturalmente, os principais generais da Luftwaffe pronunciaram-se insistentemente contra a decisão de Hitler. O Führer assim demonstrava que todos os pronunciamentos daqueles oficiais desvalorizavam, de certo modo, os conhecimentos militares dele e a sua compreensão da técnica. Quando chegou o outono de 1944, livrou-se afinal, conforme seu estilo pessoal, de todas as discussões e da crescente insegurança a respeito, proibindo que daquela época em diante tocassem no assunto com ele.
Quando eu disse por telefone ao General Kreipe, chefe do Estado-Maior da Luftwaffe, o que eu pretendia expor a Hitler, em meu relatório de meados de setembro, a respeito dos aviões a jato, o general, insistentemente, aconselhou-me a não fazer nenhuma alusão a respeito. Hitler perderia por completo o domínio de si mesmo e eu provocaria a maior entre todas as dificuldades somente com a menção do Me-262. Apesar da advertência do general, eu insisti com Hitler, explicando-lhe que o emprego do avião fabricado para caça como bombardeiro carecia de sentido, sendo totalmente errôneo, dada nossa situação militar. Acrescentei que era a opinião dos chefes militares da Aviação e também dos oficiais do Exército. Hitler não fez caso das minhas ponderações e retirei-me ao setor da minha jurisdição, pois, na realidade, a questão do emprego de aviões incumbia-me tão pouco quanto a da escolha do tipo de avião que se deveria fabricar.
Fonte: Texto transcrito e renomeado – Extraído do livro ” Por Dentro do III Reich” de Albert Speer
O pricipal erro de Hitler e que o fez perder a segunda guerra, foi ter suspendido os bombardeios sobre Londres, que já estava quase se redendo, e daria a alemanha o dominio quase total da europa, para relocar tropas para a invasao da Russia, que acabou dizimando seus exercitos pela bravura dos soldados russos e o impiedoso inverno russo.A derrota alema na russia, foi o inicio do fim do terceiro Reich.