E FOI ASSIM… Que a mulher brasileira, conscientizada de que a defesa do território pátrio não é missão exclusiva do sexo masculino, com o romper da contenda procurou uma forma de ajudar e revidar as afrontas recebidas.
A forma encontrada, face ao machismo da época, foi acorrer às escolas de enfermagem. O quadro de enfermeiras militares foi criado, na realidade, por imposição dos estadunidenses.
Não pensavam os dirigentes militares da época em incorporar mulheres, tanto assim que quando uma dessas enfermeiras se apresentou, a 18 de abril de 1943, o Coronel Emanuel Marques Porto, ao receber-la no gabinete do Diretor de Saúde, ficou surpreso e comentou: “-Mas o Brasil não vai para a guerra, como é que você quer ir? Olhe, minha cara, o mínimo que você tem é febre cerebral”. Mas ela não tinha outra febre, senão a de revidar a afronta que o Brasil estava sofrendo e de defender a sua PÁTRIA. E o Brasil foi para a guerra e, melhor, FOI E VENCEU.
O machismo brasileiro imperou acima de tudo. Primeiro, não queriam organizar o Corpo Auxiliar Feminino, depois teve de fazê-lo, mas não queriam dar posto militar e, por isso, criaram um complicado esquema para o quadro feminino.
Para a criação do contingente feminino, procurou primeiro o Exército entrar em ligação com a diretora da principal escola de enfermeiras, para que ela indicasse as que poderiam formar o quadro militar; entretanto, a diretora primeiro quis saber: “Quanto vão ganhar as enfermeiras?“, e ao saber que o soldo seria de Terceiro-Sargento, ou seja, de 520$000 – quinhentos e vinte mil réis -, respondeu que as enfermeiras de sua escola não se sujeitavam a ganhar uma quantia tão ridícula.
Assim sendo, o Exército decidiu abrir um voluntariado, a fim de recrutar as enfermeiras. O quadro de enfermeiras da reserva do Exército foi criado pelo Decreto-lei 6.097, de 13 de dezembro de 1943.
O presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta:
Ato 1º Fica criado no Serviço de Saúde do Exército o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército.
Ato 2º O presente Decreto-lei entra em vigor na data de sua publicação.
Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 1943, 12º da Independência e 55º da República. 290-DO-15-XII-43-BE 51, de 18-12-43-p. 4478.
Ass. Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra.
Seguiu-se a esse decreto da criação a preparação dos cursos e a abertura do voluntariado. Por já haver no País uma grande falta de enfermeiras, chamadas profissionais, hoje conhecidas como de alto padrão, decidiram que aceitariam também as Samaritanas, curso instituído na época e que era uma espécie de Artigo 99 de enfermagem, pois tinha a duração de um ano, com toda a matéria condensada, e o de Voluntárias Socorristas, cuja duração era de 3 meses.
De posse do diploma de enfermagem, a voluntária passaria a freqüentar o curso do Exército, que era o equivalente ao CPOR, sendo feminino. A sigla era CEEREX.
Embora a Escola Oficial não tivesse aderido, algumas de suas ex-alunas se apresentaram voluntariamente e concorreram normalmente com as demais. Foram elas Olga Mendes, que se classificou em 8º lugar na primeira turma, Nair Paulo de Mello, em 36º lugar, e Altanira Pereira Valadares, em 41º.
Na segunda turma classificou-se apenas uma, mas não seguiu para a Itália, foi aproveitada aqui: Heloisa Batista, que alcançou a 2ª colocação.
Da Escola Alfredo Pinto, com o curso de profissional, eram Ondina Miranda dos Santos, que alcançou o 21º lugar, Marina Serra de Mello Rolemberg, em 28º, mas também não seguiu para a guerra, e outra que também não foi, Luíza de Souza Botelho, em 35º, também não aproveitada.
Da Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha era o maior contingente, sendo apenas uma profissional, Antonieta Ferreira, que se classificou em 15º lugar, e que fez parte do Destacamento Precursor de Saúde.
Da Escola Paulista do Hospital São Paulo era uma das excelentes enfermeiras de nossa equipe, Maria Aparecida França, que, no CEEREX, na segunda turma, alcançou o 5º lugar.
Foram ministrados quatro cursos; entretanto, foram selecionadas enfermeiras apenas da primeira e da segunda turma. Algumas foram aproveitadas aqui no Brasil e serviram nos Hospitais do Rio, do Recife e de Natal. Foram convocadas, mas não receberam patente militar, ficando apenas como Enfermeiras da Reserva do Exército.
Houve também um quadro muito especializado, composto de seis enfermeiras: eram as do Transporte Aéreo. Esse grupo era composto de Sara de Castro, Lenalda Campos, Joana Simões Araújo, Semíramis Montenegro, Maria José Vassimon de Freitas e Dirce Costa Leite.
Curso nos Estados
Não foi só no Rio de Janeiro que foram ministrados cursos. Do Ceará veio Maria Hilda Melo, que chegou à Itália em 2 de maio de 1945, portanto já com a guerra terminada.
Da Bahia vieram: Araci Arnaud Sampaio, Isabel Novais Feitosa (sergipana), Jandira de Almeida, Joana Simões de Araújo (sergipana) e que foi para o Transporte Aéreo, Lenalda Campos (sergipana), também do Transporte Aéreo.
De Minas Gerais foram: Carlota Melo, llza Meira Alkimim, Rosely Belém Teixeira.
Do Paraná eram: Acássia Cruz, Edith Fanha, Guilhermina Rodrigues Gomes, Hilda Ribeiro, Jacy Chaves Lasserê, Maria da Conceição Soares, Wanda Sofia Magewsks e Virgínia Leite.
Bom dia e próspero dia das mães. Gostaria de saber se houve militar pertencente à FEB que possuíam os sobrenomes “SIMÕES DA COSTA” ou OLIVEIRA CAVALCANTE”, posto que são os sobrenomes de minha avó paterna e de minha mãe (ambas, falecidas). Desde já, agradeço a atenção.