Existia um pelotão de sepultamento na divisão, que era encarregado de recolher os cadáveres. Eles vinham e ensacavam o infeliz, colocavam no caminhão e levavam para enterrar, pendurando uma das plaquinhas de identificação na cruz. Mas, na frente onde estávamos, em Pietra Colore, após o recolhimento dos corpos, acabaram restando, ainda, uns quatro cadáveres. Com o passar do tempo, já com alguns dias do falecimento, o capitão me chamou e mandou que eu recolhesse os mesmos. Peguei um padioleiro, Paraíba, e fomos até lá.
Mas, era necessário muito cuidado, pois os alemães costumavam minar os mortos, que, quando iam ser removidos, provocavam a explosão da mina. Por isso, propus ao Paraíba:
— Vamos amarrar este cabo de aço neles e arrastar. Se explodir mina, estaremos longe.
Assim, quando chegamos lá, encostei o jeep e amarrei o cabo no primeiro. Mas, quando puxei o carro, uma parte do corpo se soltou da outra. Desisti e voltei ao capitão, a quem comuniquei que o estado de decomposição dos corpos não permitia que fossem recolhidos, sem risco, por pessoal não treinado.
O capitão, então, acabou solicitando o comparecimento, novamente, do pelotão de sepultamento, para se encarregar dos corpos.
Fonte:
João Batista Moreira
Cabo – 5a Cia. – 11o R.I.