Força Expedicionária Brasileira: Onde estão nossos Heróis? – Os Cuidados da Família de António Ávila

De muitas histórias e matérias sobre pracinhas que lemos em revistas, livros e jornais, algumas chega a nos emocionar muito, e esse texto abaixo tirado do livro “Lembranças da Luta” me emocionou muito.
É cruel ver nossos Heróis muitas vezes esquecidos e sem ter as honras que merecem ter de nosso pais que tão pouco fez e faz para os nossos pracinhas.
Espero que gostem desse texto.

Os cuidados da família de António Ávila – (in Memoriam)

O Sr. António Ávila voltou da guerra com traumas. Hoje, com 86 anos, ele ainda traz o medo que a guerra deixou como herança. Sua filha Sueli Sousa fala das histó­rias que ele contava quando estava na Itália:
– Meu pai veio com neurose de guerra. Ele veio com problema mental, ficou transtornado, não podia ver chuva, trovão, barulho forte que se escon­dia – explica Sueli.
António, como é chamado em casa, sentado em uma poltrona, trajando uma calça e camisa so­cial, escutava sua filha falando sobre as histórias da guerra que um dia ele contou. E se emocionava.
Mesmo com traumas, ao voltar para o Brasil, António casou-se e formou suas filhas. Sua esposa, Filomena Silva e Sousa, conhecida como Filó, já era viúva e trabalhava com os pais dele, antes mesmo de ele ir para a guerra.

Até seis anos antes, ele ainda estava bem e contava suas emoções da guerra para as filhas. Hoje, António tem dificuldades de se expressar, e Sueli ajuda o pai a explicar melhor como foram os dias vividos na guerra:
– De seis anos para cá, instalou-se uma do­ença progressiva de deterioração também física, porque ele está ficando com as pernas fracas. Deu AVC. E o cérebro vai ficando mais fraco.
E voltando-se para o pai:
– E aí, pai, andava só a pé na Itália, pai?
– De jipe – diz António com dificuldade.
– E a pé, pai? Ele era da infantaria -completa Sueli.
como herança. Sua filha Sueli Sousa fala das histó­rias que ele contava quando estava na Itália:
– Meu pai veio com neurose de guerra. Ele veio com problema mental, ficou transtornado, não podia ver chuva, trovão, barulho forte que se escon­dia – explica Sueli.
António, como é chamado em casa, sentado em uma poltrona, trajando uma calça e camisa so­cial, escutava sua filha falando sobre as histórias da guerra que um dia ele contou. E se emocionava.
Mesmo com traumas, ao voltar para o Brasil, António casou-se e formou suas filhas. Sua esposa, Filomena Silva e Sousa, conhecida como Filó, já era viúva e trabalhava com os pais dele, antes mesmo de ele ir para a guerra.

Até seis anos antes, ele ainda estava bem e contava suas emoções da guerra para as filhas. Hoje, António tem dificuldades de se expressar, e Sueli ajuda o pai a explicar melhor como foram os dias vividos na guerra:
– De seis anos para cá, instalou-se uma do­ença progressiva de deterioração também física, porque ele está ficando com as pernas fracas. Deu AVC. E o cérebro vai ficando mais fraco.
E voltando-se para o pai:
– E aí, pai, andava só a pé na Itália, pai?
– De jipe – diz António com dificuldade.
– E a pé, pai? Ele era da infantaria -completa Sueli.
– O senhor carregava um fuzil, uma faca, pai?
– Metralhadora! – disse António.
– Nossa senhora, pesada, pai? Ele era forte!
– Mochila, né? E metralhadora – confirma o ex-combatente.

Carregar as lembranças de uma luta é o que esses pracinhas brasileiros vêm fazendo. Alguns com orgulho, exibindo suas medalhas. Outros com a tris­teza pelo que foi vivido.

Fonte: Lembranças da Luta
Belissa Monteiro / Dérika Kyara / Letícia Santana

Sobre Ricardo Lavecchia

Desenhista, Ilustrador e pesquisador sobre a Segunda Guerra Mundial

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2 comentários

  1. sonia francisco do nascimento gameleira

    Sou filha de um ex-combatente, ELIAS FRANCISCO DO NASCIMENTO. O mesmo, ganhou o Diploma da Medalha de Campanha, dado pelo Presidente da República dos Estados Unidos. Tem também, U.S.A. AIR FORCES REST CAMPS. Eu pergunto:o que tudo isso o tem ajudado neste momento crítico, pelo qual está passando?
    Eu e um dos meus irmãos, fomos criados pode-se dizer,dentro de um quartel. Após a guerra,meu pai trabalhou como motorista dos soldados,aqui da Restinga da Marambaia do Rio de Janeiro.Sempre que dava,ele nos levava.Aprendi a amar o Exército,e a ter orgulho pelo meu pai fazer parte do mesmo.
    Ele por sua vez era todo metido quando colocava aquela medalha no pescoço e a boina verde na cabeça. Ajudou muitas famílias a receberem seus direitos.As famílias daqueles que ficaram na Itália,que deram suas vidas por uma Pátria que não era a sua. Meu pai foi um dos que não sabiam, quando entraram naquele Navio,qual era o destino deles.
    Foi e voltou com a graça Divina.Porque eles foram esquecidos? Porque não os valorizam,como valorizam um militar atual,com várias medalhas na farda,mas,que nunca pisaram em um Campo minado, como foi com nossos heróis?Que passaram fome e sede. Muitas das vezes se alimentavam com barras de chocolate.
    Deixo aqui uma resposta.Onde estão nossos heróis.Aqui comigo,tem um.

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