Os condenados de Nuremberg foram os nazistas e colaboradores sentenciados numa série de tribunais militares, organizados pelos Aliados, após o término da Segunda Guerra Mundial.
Os julgamentos ficaram a cargo de um Tribunal Militar Internacional na cidade de Nuremberg, na Alemanha, entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946.
Aqui destacamos os condenados mais conhecidos e que serviram de base para outras condenações posteriormente.
As acusações foram lidas no dia 20 de Novembro de 1945, sendo 24 acusados, com 21 indo a julgamento.
Confira abaixo a lista dos Condenados em Nuremberg:
Robert Ley
cometeu suicídio antes de o julgamento iniciar;
Gustav Krupp
foi considerado muito debilitado para comparecer em tribunal;
Martin Bormann
estava desaparecido e foi julgado à revelia (sentenciado à pena capital).
Condenados de Nuremberg – Os acusados presentes
Cada um dos acusados foi condenado sob uma ou mais das seguintes acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade.
No dia 1 de Outubro de 1946, foi lido o veredito: 12 dos acusados sentenciados à morte, 3 sentenciados à prisão perpétua, 4 sentenciados com prisão entre 10 e 20 anos, e 3 foram absolvidos.
Hermann Goering
Marechal do Reich
Acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanida
Declaração de defesa
“Os campos de concentração, as detenções e a repressão não são criações do nazismo, mas necessidades políticas. Todas as nossas ações militares eram fundamentadas na necessidade de espaço vital. Compreendo que países que ocupam 3/4 do Planeta não compreendam, facilmente, esta necessidade alemã.”
Sentença
Sentenciado à Forca- Suicidou-se na noite anterior à execução. Seu corpo, numa atitude macabra, foi erguido na forca, ao lado de todos os enforcados.
Rudolf Hess
Vice-Führer
Acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Não estou louco, a minha cabeça ainda funciona. Quero deixar bem claro que reconheço a minha responsabilidade em todos os atos que pratiquei e autorizei. A minha opinião de princípio é de que este Tribunal não tem competência.”
Sentença
Sentenciado à Prisão Perpétua – Foi o último prisioneiro da prisão especial para criminosos de guerra, em Spandau até a sua morte no dia 17 de Agosto de 1987.
Joachim von Ribbentrop
Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reich
Acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
Declaração de defesa
“Como ministro dos Negócios Estrangeiros devia seguir as normas ditadas por Hitler. Considero-me inocente em todas as acusações.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946.
Wilhelm Keitel
General, chefe do Oberkommando der Wehrmacht
Acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Defendo-me com a obrigação, comum a qualquer militar, de obediência às ordens dos superiores.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946
Ernst Kaltenbrunner
Chefe do Reichssicherheitshauptamt
Acusações:
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“A primeira vez que tive ciência de Auschwitz foi em Novembro de 1943. Disseram-me que era um campo de internato. Até Fevereiro ou Março de 1944, Himmler jamais admitiu que naquele ‘lager’ se cometiam as chacinas. Eu deixei bem claro o meu protesto.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946.
Alfred Rosenberg
Ministro dos Territórios Ocupados de Leste
Acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
Considerava as execuções como um fato comum em situações de guerra generalizada. O próprio comando da Wermacht, à semelhança dos meios de comunicação, noticiava o fuzilamento de reféns. Não se pode excluir que, de acordo com as normas jurídicas e numa situação de guerra, estes fatos possam ser considerados como uma represália lícita.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946.
Hans Frank – Governador Geral da Polônia ocupada
Acusações:
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“À luz dos atuais debates e depois de ter lançado um último olhar sobre tantos horrores indescritíveis, do mais fundo do meu coração, que levo em mim um profundo sentimento de culpa.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946.
Wilhelm Frick – Ministro do Interior
Acusações:
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Cumpri o meu dever de funcionário do Estado. Se me condenam a mim teriam, então, que condenar milhares de outros funcionários.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946.
Julius Streicher – Editor do jornal Der Sturmer
Acusações:
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Tenho a consciência de afirmar que, indiretamente, contribuí para a elaboração do projeto das leis de Nuremberg.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946.
Walther Funk – Ministro da Economia e presidente do Reichsbank
Acusações:
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“A liquidação econômica dos judeus foi obra minha. Nesse momento devia ter apresentado a demissão. Sou culpado, confesso-me culpado!”
Sentença
Sentenciado à Prisão Perpétua. Libertado devido a doença a 16 de Maio de 1957. Morreu em 1960.
Karl Doenitz – Almirante comandante-chefe da Marinha, 1943-45. Chanceler, 1945
Acusações:
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
Declaração de defesa
“Considero limpa a forma como decorreram as ações de guerra executadas pelos submarinos alemães, acreditando que agi sempre de acordo com a minha consciência enquanto comandante supremo da Marinha e como último chefe de Estado.”
Sentença
Sentenciado a 10 Anos de Prisão. Libertado a 1 de Outubro de 1956 depois de ter cumprido a pena e morreu a 24 de Dezembro de 1980.
Fritz Sauckel – Plenipotenciário da Colocação de Trabalhadores
Acusações:
- Crimes contra a paz;
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Os cinco milhões de trabalhadores deportados para o Reich agiram de sua livre vontade, escolhendo partir para a Alemanha.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado dia 16 de Outubro de 1946.
Alfred Jodl – Chefe de Operações do Oberkommando der Wehrmacht
Acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Foi Hitler e não eu quem preparou a agressão contra a URSS.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946. Em 1953, um tribunal alemão considerou Jodl inocente de infringir a lei internacional.
Albert Speer – Ministro do Armamento e da Produção de Guerra – Arquiteto pessoal de Hitler
Acusações:
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“De início, via o Führer como o único homem capaz de manter a coesão do povo alemão. Foi isso que me levou a segui-lo fielmente.”
Sentença
Sentenciado a 20 Anos de Prisão. Cumpriu a pena. Morreu a 1 de Setembro de 1981.
Konstantin von Neurath – Ministro dos Negócios Estrangeiros e Protetor do Reich de Boêmia e Moravia
Acusações:
- Conspiração e atos deliberados de agressão;
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Sempre tive medo que, de um momento para o outro, me acontecesse qualquer coisa pelo fato de me manifestar contra Hitler.”
Sentença
Sentenciado a 15 Anos de Prisão. Libertado em 1953 devido a doença e morreu a 14 de Agosto de 1956.
Erich Raeder – Comandante Supremo da Kriegsmarine (1928-1943)
Acusações:
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Não era possível ir ter com Hitler e apresentar um pedido de demissão. Isso seria considerado como um gesto de insubordinação. Por outro lado, considero-me suficientemente disciplinado para atuar dessa forma.”
Sentença
Sentenciado à Prisão Perpétua. Libertado em 1953 devido a doença em 26 de Setembro de 1955. Morreu a 6 de Novembro de 1960.
Balder von Schirach – Chefe da Hitlerjugend
Acusações:
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Foi a mais monstruosa e satânica chacina da história do Mundo.”
Sentença
Sentenciado a 20 Anos de Prisão. Cumpriu a pena. Morreu a 8 de Agosto de 1974.
Franz von Papen – Embaixador da Turquia
Acusações:
– Nenhuma
Declaração de defesa
“O meu dever de patriota, por penosa que essa situação se revelasse, impunha-me continuar na diplomacia.”
Sentença
Absolvido. Em 1947, um tribunal de desnazificação alemão sentenciou Papen em 8 anos num campo de trabalho; ele foi absolvido depois de recurso quando já tinham decorridos dois anos. Morreu a 2 de Maio de 1969.
Arthur Seyss-Inquart – Ministro do Interior e Chanceler de Áustria
Acusações:
- Crimes contra a paz;
- Crimes de guerra
- Crimes contra a humanidade;
Declaração de defesa
“Hitler, Himmler, Bormann e Heydrich são os verdadeiros culpados dos crimes de que me acusam.”
Sentença
Sentenciado à Forca. Enforcado a 16 de Outubro de 1946.
Hans Fritzsche – Chefe da divisão de rádio do Ministério da Propaganda
Acusações:
– Nenhuma
Declaração de defesa
“Nunca me filiei no partido em virtude de discordar do seu programa e dos princípios expostos no Mein Kampf. Sempre contestei os métodos brutais do partido.”
Sentença
Absolvido. Morreu a 27 de Setembro de 1953.
Hjalmar Schacht – Ministro da Economia
Acusações:
– Nenhuma
Declaração de defesa
“Só sabia o que todos os alemães sabiam.”
Sentença
Absolvido. Morreu a 3 de Junho de 1970.
Condenados de Nuremberg – Execuções das penas
As sentenças à morte foram executadas por enforcamento. Os juízes franceses sugeriram o uso do fuzilamento para os condenados militares, por se tratar de um procedimento normal em tribunais de guerra militares, mas foi contradito por Biddle e pelos juízes soviéticos. Estes argumentaram que os oficiais militares não mereciam o fuzilamento – o que seria mais dignificante – pois violaram a ética militar.
Foi afirmado que Streicher tenha gritado “Heil Hitler!” na forca. Os condenados a prisão foram encarcerados na Prisão de Spandau.
Condenados de Nuremberg – Resumo das Sentenças
Pena capital – Enforcados em 16 de Outubro de 1946.
- Hans Frank – Governador-geral da Polônia
- Wilhelm Frick – Ministro do Interior
- Alfred Jodl – Chefe de Operações do OKW (Oberkommando Der Wehrmacht)
- Ernst Kaltenbrunner – Chefe do RSHA e membro de maior escalão das SS vivo até então.
- Wilhelm Keitel – Chefe do OKW (Oberkommando Der Wehrmacht), conselheiro militar de Adolf Hitler
- Joachim von Ribbentrop – Ministro das Relações Exteriores
- Alfred Rosenberg – Ideólogo do racismo e Ministro do Reich para os Territórios Ocupados do Leste
- Fritz Sauckel – Diretor do programa de trabalho escravo
- Arthur Seyss-Inquart – Líder da anexação da Áustria e Gauleiter (espécie de líder da província) da Holanda
- Julius Streicher – Chefe do jornal anti-semita Der Stürmer
- Hermann Göring – Comandante da Luftwaffe, Presidente do Reichstag e Ministro da Prússia. Suicidou-se na noite anterior, na cela em Nuremberg.
- Martin Bormann – Vice-líder do Partido Nazi e secretário particular do Führer – julgado a revelia, a confirmação de sua morte (suicídio em 1945) viria apenas em 1998.
Pena de prisão em regime fechado
- Karl Dönitz – Presidente da Alemanha (após o suicídio de Hitler) e comandante da Kriegsmarine (Marinha) – 10 anos
- Walther Funk – Ministro de Economia – Perpétua
- Rudolf Hess – Vice-líder do Partido Nazi – Perpétua
- Konstantin von Neurath – Ministro das Relações Exteriores, Protetor da Boêmia e Morávia – 15 anos
- Erich Raeder – Comandante-chefe da Kriegsmarine – Perpétua
- Baldur von Schirach – Líder da Juventude Hitleriana – 20 anos
- Albert Speer – Líder nazi, arquiteto do regime e Ministro de Armamentos – 20 anos
Absolvidos
- Hans Fritzsche – Ajudante de Joseph Goebbels no Ministério da Propaganda
- Franz von Papen – Ministro e vice-chanceler
- Hjalmar Schacht – Presidente do Reichsbank (Banco Central alemão)
Não julgados
- Gustav Krupp – Industrial que usufruiu de trabalho escravo – Acusações canceladas por saúde debilitada
Referências:
- EL-HAI, Jack. O Nazista e o Psiquiatra. São Paulo: Planeta, 2016.
- Trials of War Criminals Before the Nuernberg Military Tribunals Under Control Council Law No. 10. Disponível em: <https://www.loc.gov/rr/frd/Military_Law/NTs_war-criminals.html>
- ROLAND, Paul. Os Julgamentos de Nuremberg. Os Nazistas e Seus Crimes Contra a Humanidade. São Paulo: MBOOKS, 2013
1 comentário
Pingback: Irmgard Furchner - Ex-funcionária de Campo Nazista é Condenada em 2022 - Ecos da Segunda Guerra