FEB – Monumento Votivo Militar Brasileiro – Cemitério de Pistóia

A 2 de dezembro de 1944, precisamente em um dos dias mais penosos da Divisão Brasileira na frente de combate, o Capelão Militar Padre Noé Pereira benzeu cerca de setenta mortos da FEB, a serem sepultados nas vizinhanças da Igreja de San Rocco, distante três quilômetros do centro da cidade italiana de Pistóia.

Esta Terra Sagrada foi Sepultura dos Soldados Brasileiros Mortos no Campo de Honra pela Dignidade da Pessoa Humana. Seus Nomes estão Gravados nesta Pedra para Eterna Memória dos Homens – Foto APVMA – www.apvma.com.br

Nascia na Itália o primeiro chão de nossos mortos: o Cemitério Militar Brasileiro. Finda a guerra, preocupou-se o General Mascarenhas em recolher e reunir em Pistóia os corpos espalhados por outros cemitérios aliados, trabalho completado, muitos meses depois, pelo adido militar junto à nossa embaixada em Roma, que conseguiu encontrar outros restos mortais em terrenos de Monte Belvedere, de Vergato, de Montese e de Alessandria.

Em janeiro de 1946, criou-se uma Seção da Guarda do Cemitério, extinta em junho de 1947, transferidos os cuidados a um zelador subordinado ao nosso cônsul em Florença. Em Pistóia, ficou um pedaço da FEB, de significação semelhante ao Monumento Nacional.

Onde estava o Cemitério Militar Brasileiro, foi construído o Monumento Votivo Brasileiro – Foto APVMA – www.apvma.com.br

Primeiro, ali esteve o Cemitério Militar Brasileiro, primoroso jardim de nossa saudade ao pracinha que não voltou, com as suas 465 cruzes brancas.

A entrada estava o pórtico com dísticos e distintivos militares. Ao centro, a grande cruz de madeira, grinaldas e coroas de bronze. Sobre um pedestal, Nossa Senhora da Aparecida. Ao fundo, em alto mastro, a Bandeira Brasileira.

Depois que os nossos mortos voltaram, o Presidente Castello Branco mandou erguer, no campo santo de Pistóia, o Monumento Votivo.

Visão do Campo Santo no Monumento Votivo onde foi o cemitério de Pistóia. As lápides com o nome de cada soldado mantem o registro de onde cada corpo foi enterrado e se manteve antes de ser transladado para o Brasil. Foto APVMA – www.apvma.com.br

Mascarenhas iniciou as gestões. Cedida generosamente, pela Itália, a posse perpétua do terreno, os Ministérios da Guerra e das Relações Exteriores deram-se as mãos para construí-lo, inaugurando-o a 6 de junho de 1967.

Olavo Redig de Campos, o arquiteto construiu longo muro de pedras a emergir do espelho das águas. Olhando o muro, a esplanada de mármore, onde se elevam a pira, de chama perene, e o altar. Gravados no muro de pedras, os nomes dos nossos heróis. Gravados ao longo do caminho de mármore que conduz ao altar, os nomes dos combates que vencemos. Gravada no chão — em extensas lâminas de mármore branco — a grande cruz, de nossa fé e de nossa saudade.

Assista o vídeo abaixo onde vemos imagens do cemitério de Pistóia ainda contendo os despojos dos militares brasileiros, em 1956, durante a visita de Juscelino Kubitschek à Itália.

Aqui vemos um breve vídeo atual do Monumento Votivo em Pistóia coberto pela neve.


Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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13 comentários

  1. Wandemir Guimarães

    Estarei em viagem de férias na França e Itália em julho de 2010 e espero poder em oração, no campo santo de Pistóia, lembrar aos heróis da Pátria da gloriosa FEB que seu esforço com o sacrifício da própria vida nunca será esquecido.

  2. Mario Duarte Junior

    Sou filho de Ex-Combatente 2 Tenente Mario Duarte. Fiz uma viagem de Roma a Veneza e com muita honra e orgulho fiz uma parada em Pistoia e deixei flores para para os verdadeiros heróis de nossa pátria. Como era quase noite pude sentir o frio e neblina daquele lugar, tivei várias fotos…

  3. Geraldo Valim peluzio

    Nossos Herois da 2ª Guerra Mundial, mereciam mais reconhecimento das autoridades governamentais. Todo ano, o dia O8 de Maio, Dia da Vitória é muito pouco lembrado, principalmente pelas altoridades do alto escalão do governo Brasileiro.
    Não podemos deixar apagar a chama eterna da liberdade.
    BRASIL ACIMA DE TUDO

  4. Infelizmente a História do Brasil é escrita de forma errada, relegando ao esquecimento os verdadeiros heróis da pátria. Nós não cultuamos os nossos heróis, ao contrário dos americanos que erguem monumentos aos seus heróis para que as gerações futuras não se esqueça dos homens que ajudaram a escrever a história do país. Eu honro e respeito os nossos verdadeiros heróis – quase todos esquecidos pelo governo e desconhecidos da grande maioria da população. O Brasil precisa acordar, ser uma grande nação, mas enquanto jogador de futebol, participante de Big Brother Brasil, ginastas olímpicos e, principalmente, políticos foram tratados como heróis, com certeza, continuaremos sendo um país alicerçado em terreno arenoso. Aos verdadeiros heróis brasileiros, o meu respeitoso sentimento de patriotismo.

  5. TEMOS MESMO QUE LEMBRAR DOS NOSSOS HERÓIS , AQUI ESQUECIDOS NA ITÁLIA NAS CIDADES QUE FORAM LIBERTADAS PELA FEB A HOMENAGENS AQUI TB TINHA QUE SER ASSIM, NÃO PODEMOS DEIXAR ESSE FEITO MORRER,.SENTIMENTOS E RESPEITO AOS NOSSOS VERDADEIROS HERÓIS..

  6. Estou editando um vídeo (pessoal, para os amigos verem) sobre alguns dos locais onde os brasileiros lutaram na Toscana e na Emília Romagna.
    Sempre que estamos na Itália meu marido faz questão de ir, pelo menos, ao antigo cemitério dos nossos soldados em Pistoia.
    Mas não é um brasileiro que reconhece o valor dos pracinhas: meu marido é italiano. Apesar de ter nascido muito tempo depois da 2ª Guerra é extremamente grato ao que a FEB fez para libertar a Itália.
    Eu fico muito emocionada ao visitar lugares como o Monumento Votivo, em Pistoia, Gaggio Montano, o local da famosa batalha de Monte Castelo, Montese. São locais cheios de homenagens.
    Acho que falta o nosso povo também dar valor ao sacrifício dos soldados, que contribuíram para o fim da Guerra.

  7. Paulo Roberto Carlini

    No dia 23 de Outubro de 2.011 tive a honra de ter visitado esse solo sagrado e pude enfim homenagear e orar por esses herois brasileiros que o Brasil não haverá de esquecer.

  8. Em Junho de 2013 tive a honra e a felicidade de visitar o Monumento aos Pracinhas em Pistóia. Levei minha esposa, que também é militar, e nossa filha. Não há como não se emocionar. Não da para segurar as lágrimas. É solo sagrado. É lugar de heróis.
    BRASIL ACIMA DE TUDO!
    Cap. Lupicinio

  9. Hoje vejo pessoas sem foco com vontade de melhorar o pais,e os poucos com poder de midia para exaltar os feitos destes compatriotas”irmãos”nada fazem ,preferem brincar de guerra no dia 6 de julho em simulações do desembarque da normandia onde não participamos.Sim, brincam de guerra em um solo sagrado para a humanidade livre,não acho graça em reviver nestes lugares dôr ,miséria,morte e destruição,deve-se respeitar estes sitios históricos com pesar por tal tragédia humana e com alivio e gratidão por um mundo sem guerras mundiais.Porem devo adevertir que idéias levam os homens a guerra mas não morrem em combate,a menos que o combate se faça nas mentes com verdade e fatos,O nazismo está aí de volta cada vez mais forte,tenho 48 anos dia 5 do próximo mes farei 49,e presencio esta ideologia maliciosa e perversa se alastrar a cada decada,Ela surge na miséria e na degradação dos povos,mesmo nos considerados de primeiro mundo,as miserias não são apenas finançeiras e sim no esqueçimento,se tal pais que dizem cuida-se bem de sua história e de seus herois respeitassem verdadeiramente suas memórias não espionariam paises livres em suas liberdades.Existe uma campanha contra a proibição de suasticas ,alegam que não são simbolos que corrompem as pessoas,e negam o passado nazista alegando ser tudo montagem.para que os mais novos reflitam erroneamente sobre a história e abarquem esta ideologia como saida para seus problemas…

  10. Joaquim Gonçalves Filho

    e um dever honrar e respeitar os nossos herois que deram a vida em defesa da liberdade ,mortos estão vivos,tive a felicidade de conhecer dois pracinhas integros

    emocionava me quando eles me contaram das lutas dos lugares onde lutaram
    aos herois da FEB nossa gratidão,ao exercito Brasileiro tambem nossa gratidão

    que não sejam esquecidos ,

  11. helder gomes da silva

    pena que neste BRASIL não contamos a nossa história e sim é mais fácil viver a dos outros , esquecemos dos nossos irmãos neste lugar em que todos brasileiros teria que saber onde é e seu significado para nunca deixarmos esquecidos os que lá combateram e morreram cedo para viver sempre. tenho um sonho par de botas de um PRACINHA que combateu na Itália a qual guardo com muito carinho e profundo respeito. A todos irmãos combatentes presto-lhes uma continência de quem luta em uma guerra todos os dias em São Paulo.

  12. Marilene Marques de Moraes

    Nasci no fim da guerra. Talvez seja por isso que me emocionei tanto ao ver o site do cemitério militar de Pistoia-Itália. Lamento porque muitos dos jovens brasileiros não conheçam toda essa história de heroísmo e amor ao nosso país. Certamente alguns a ignoram completamente. Que bom que nosso BRASIL ainda pudesse se reerguer e voltar a ter um povo realmente patriota, capas capaz de dar a própria vida por ele.
    Pena que meu sonho está muito distante ou talvez jamais se realize…

  13. Visitei Pistoia no ano passado com o objetivo de conhecer esse monumento do qual já tinha ouvido falar. Ao chegar na cidade (de trem), procurei um taxista que me levasse ao local. Tive a sorte de pegar um taxista, o Sr. Roberto Paoli, cujo pai, um soldado italiano, havia lutado na Segunda Guerra. Além de me levar até lá, Roberto me contou muitas histórias que haviam sido relatadas por seu pai, sobre os tempos de guerra. Me contou que, conforme relatava seu pai, os soldados brasileiros dividiam suas rações com os moradores por que aquele era um tempo de muita fome. Os pracinhas também acolhiam e protegiam os soldados italianos que desertavam (estavam sob o comando dos alemães) e também tinham muito respeito pelas mulheres, sendo raros os casos de abuso. Me emocionou ouvir tantos relatos de um italiano e mais ainda sentir tanto respeito, gratidão e carinho pelos “brasilianos”. Fui tomada de um orgulho que não sentia há muito tempo. Todos os brasileiros deveriam conhecer melhor a histórias de seus heróis e, quando na Itália, visitar esse lugar. Meus respeitos e gratidão aos nosso rapazes.

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