“Eis aqui um trabalho em que só se erra uma vez.” Tais foram às palavras com que o instrutor de minas estadunidense iniciou seu curso, em Fort Benning, dirigindo-se aos oficiais brasileiros ali estagiários. O trabalho em si – tecnicamente – é, de fato, dos mais perigosos. Acresce, entretanto, que a colocação ou retirada das minas, no quadro tático, têm que ser feitos normalmente à frente das posições, às margens da terra de ninguém, quase sempre à noite para furtá-las à observação inimiga.
Não raro, o pelotão de minas de infantaria é surpreendido em sua silenciosa tarefa pela artilharia e os morteiros, e então é a morte dos dois lados… Sem dúvida, mais perigosa é a retiradas das minas localizadas com auxílio de um detector; qualquer descuido é fatal e o inimigo tem sempre seus campos minados sob cuidadosa observação.
O trabalho é realizado em geral à noite, mas a qualquer hora, quando se trata de atacar ou abrir caminho a um êxito, de vez que é preciso assegurar aos pelotões que avançam os reaprovisionamentos e as evacuações. E se é verdade que o inimigo retira, sua artilharia pode ainda atirar, e o faz quase sempre. É, pois, das mais perigosas tarefas a missão dos Pelotões de Minas; exigem golpe de vista, audácia e técnica. Nelas, só se erra uma vez…
E foi de tais missões que se desincumbiu o tenente José Serpa, antes, durante e depois do ataque vitorioso de Monte Castelo. Jovem, dinâmico e competente, quando os batalhões se lançaram à exploração e consolidação do êxito, Marano abaixo, já o pelotão de Minas (cap .Tércio) lhes precedera, tresnoitado e esfalfado do esforço de subidas e descidas, a lhes liberar as vias de acesso às novas posições do boche, derrotado e em fuga, sim, mas sempre agressivo. Não lhe faltou sequer a “visita” da artilharia alemã, como aconteceu na região de Ponte do Malandrone, obrigando-o a paralisações repetidas do árduo trabalho.
Mais tarde, passou ele o prosseguimento da tarefa ao glorioso 9º Batalhão de Engenharia, com o qual colaborou, ainda, proveitosamente, causando admiração aos próprios engenheiros, sua atividade e seus conhecimentos; não lhe escaparam até minas do novo tipo, desconhecidas, que retirou com coragem e técnica, às calcanhas do inimigo que retirava.
Pelo seu desassombro no campo de batalha, mereceu de seu sereno comandante de Cia. (cap .Tércio), a referência que ora se lê:
“Agindo sempre em proveito dos Btls. de ataque, desenvolveu o tenente José Serpa um trabalho notável na limpeza das estradas e levantamentos dos campos minados, permitindo assim a progressão livre à infantaria e o trânsito dos veículos de reaprovisionamento”.
E acrescenta:
“Enfrentando não somente o perigo traiçoeiro das armadilhas e minas desconhecidas, mas também barragens violentas, de morteiro e artilharia, nada o impediu no cumprimento das missões que lhe foram atribuídas, executando-as com grande perícia e exatidão, pondo sempre à prova o seu valor profissional e muita coragem.”
Na concisão dessa redação militar, há, porém, todo um quadro épico de ação, energia,e destemor, a aureolar e simpática figura de um jovem tenente que veio à guerra para nela afirmar, esplendidamente a sua vocação militar, honrando, do mesmo passo, a forja em que se temperou a Escola Militar do Realengo e a unidade em que se aprimorou, o Regimento Sampaio. Um hurrah aos bravos “caça-minas” da companhia Anti-Carros! E um hurrah ao tenente José Serpa, seu intimorato guia em Monte Castelo!
Sou neto de um herói de guerra de nome JOSÉ MACHADO- SARGENTO DO REGIMENTO SAMPAIO, e foi um dos heróis da tomada de MONTE CASTELLO tinha até depoimentos em fotos de jornal da época, mas não sei aonde estão devem estar com um tio que é filho dele. Na 2º guerra ele era conhecido como SARGENTO CASCADURA. Gostaría de poder saber mais coisa e detalhes de meu avô.
Tiveram várias medalhas que ganhou que minha avó inadivertidamente fez doação ao museu de Duque de Caxias no centro do Rio de Janeiro.