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FEB – Rotina do Acampamento na Itália

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Pracinhas Chegando

Nos primeiros contatos com a terra italiana, os integrantes da FEB foram presenciando a destruição das cidades e vilas e tinham a primeira impressão sobre aquele povo que sofria as conseqüências da derrota e havia caído num verdadeiro caos político, ideológico e econômico.

Não se notava entre o povo nenhum ressentimento contra os aliados. Ou porque respeitassem e temessem as tropas, ou porque vissem com a sua chegada o fim do domínio alemão e fascista e portanto o fim da guerra, o fato é que eram bem recebidos.

Além do mais, as tropas aliadas levaram muitas coisas boas, tão desejadas e que havia tanto tempo não tinham – chocolate, cigarros, açúcar, sabão, etc. Pelas estradas por onde passavam, iam encontrando crianças, velhos, mulheres e mesmo homens fortes e moços, pedindo: “Cigarette! Ciocolate!” E os soldados da FEB iam atirando cigarros e chocolate, entre gritos e risos, achando aquilo muito interessante.

As tropas chegaram na “Staging Area nº 3”, situada nas proximidades de Pisa, na “Tenuta de San Rossore”, vasta propriedade dos reis da Itália. Eles que iam preparados para o pior, tiveram uma sensação de alívio, quando encontraram o acampamento organizado, com as barracas armadas, as cozinhas funcionando, as instalações higiênicas prontas, graças ao pessoal do Primeiro Escalão.

Começaram então a receber o material de acampamento – cama de campanha, mosquiteiro, velas, fósforos, etc. e foram se ajeitando. Em cada barraca ficavam em média dois a quatro oficiais. O acampamento se estendia por um campo retangular, ao longo de uma estrada, ladeada de pinheiros.

À entrada se localizou o QG da Artilharia Divisionária, com as barracas do General Cordeiro de Faria e seu Estado Maior. Depois seguiam as unidades do QG, os Grupos de Artilharia e as unidades de Infantaria. Os soldados armaram suas barracas, de dois em dois, recobertas pelos mosquiteiros.

No meio do acampamento foram instalados os chuveiros, com água aquecida. As refeições, em número de três, obedeciam ao seguinte horário: café às 8 horas; almoço as 11 e jantar às 17 horas, horário esse que foi religiosamente seguido, desde o primeiro ao último dia da permanência na Itália, com as chuvas do Outono, as neves do Inverno e o calor do Verão.

É um fato notável na organização do Serviço de Intendência, pois nunca houve uma falha ou atraso no fornecimento de gêneros alimentícios ou no preparo das refeições, quer nas unidades de frente, quer nas da retaguarda. Foi um funcionamento matemático, perfeito.

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Acampamento na "Stanting Area nº 3", em Pisa.

Viram e aprenderam os hábitos estadunidenses de acampamento, que já conheciam do Brasil, no período de treinamento. As refeições eram servidas em fila, que passava diante da cozinha. Vinha com os pratos de alumínio e caneca, recebendo os alimentos, café, chá ou suco de frutas, pão, etc. Comia-se sentado no chão, na capota de algum jipe, num banco improvisado. Terminada a refeição, outra fila se formava, diante dos três camburões de água fervente, para lavar a “louça”, que era mergulhada sucessivamente na água com sabão, água com desinfetante e água limpa. Os pratos, talheres e caneca eram em seguida abanados ao ar, para secar. Esse processo era rápido e higiênico.

Próximo à cozinha havia grandes latas para os restos, que eram removidos pelo serviço de lixo. Ao lado de cada barraca havia um caixote para lixo e os comandantes de subunidades eram responsáveis pela absoluta limpeza da área de sua tropa.

Soldados e oficiais eram obrigados a se barbearem diariamente. Pasta e escova de dentes, laminas, sabão de barba, sabonetes, enfim todo material de higiene pessoal era distribuído periódica e fartamente. Aquele tipo de guerreiro antigo, cabeludo, barbudo e sujo havia desaparecido. A guerra não devia interferir com os bons e sadios hábitos de asseio corporal. Pela manhã se via todo pessoal de cara ensaboada, diante dos espelhos dependurados na porta ou nos cantos das barracas, fazendo a barba. Os chuveiros tinham uma concorrência permanente e os barbeiros das unidades tosavam os pracinhas sem cessar.


Continua… FEB – Rotina do Acampamento na Itália – Parte II

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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