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Formação da FEB – Os Comandantes

Nos bastidores havia muita intriga, muito despeito, muita animosidade contra a FEB. Afirma-se que alguns Generais de Divisão foram consultados para exercer o Comando da 1ª Divisão, entre eles os Generais Valentim Benício, Amaro Bittencourt e Francisco Gil Castelo Branco, todos já falecidos. O General Mascarenhas de Moraes, consultado, aceitou imediatamente.

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Quem mais aspirava esse Comando era o General Leitão de Carvalho, chefe ilustre, amigo do Embaixador Oswaldo Aranha, e que participara de todas as tratativas em Washington em torno da FEB, e lá se encontrava inteiramente dedicado ao assunto.Sua notável capacidade, energia e espírito militar seriam muito úteis no difícil comando, com a vantagem de conhecer as mínimas particularidades dos compromissos bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos. Todavia, não o convidaram.

De qualquer forma, ao alcançar o dia 15 de maio de 1944, o ambiente no seio da FEB era de intensa opressão, angústia e – porque não confessar – de certo pessimismo. Continuava prevalecendo, em toda a sua extensão, a falta de preparação psicológica. E já agora se sentia também a falta de equilíbrio emocional entre os próprios Chefes.

Zenóbio da Costa, Mascarenhas de Moraes e Cordeiro de Farias

A escolha do General Zenóbio da Costa para o comando da Infantaria da Divisão Expedicionária fora do inteiro agrado da tropa da Infantaria, mas não deixava de preocupar os outros Generais. Era difícil refrear o ímpeto do índio mato-grossense, que estava sequioso de glórias, amava o perigo e tinha uma confiança ilimitada na sua estrela. O General Sampaio, patrono da nossa Infantaria, tinha esse instinto característico da personalidade de Zenóbio. Muito se assemelhavam, embora um tivesse nascido no Ceará e o outro em Mato Grosso. Sampaio não gostava de se afastar dos seus soldados. Talvez pela sua origem muito humilde, ele só se sentia bem quando privava do convívio dos seus comandados. Zenóbio, igualmente. Tinha fanatismo pela manipulação direta da tropa, indo ao extremo de estimular ou de censurar pessoalmente, tanto no exercício de tempo de paz como no correr do combate, o homem que o merecesse. Agora, como outrora, o segredo do êxito do Chefe está intimamente ligado ao modo pelo qual ele se prende aos seus comandados, dirigindo-lhes a palavra, infundindo-lhes a confiança tão necessária nos momentos difíceis. O único dos Generais da FEB que tinha esta aptidão era Zenóbio. Competia com os Tenentes e Capitães. Era tipicamente um infante.

Mascarenhas era artilheiro até à medula;

Cordeiro, mais político do que soldado, não chegara a ser Tenente de Artilharia. As revoluções o empolgaram e desviaram. Sua metamorfose se apoiava na lúcida inteligência.

Cordeiro de Farias, Zenóbio, Mascarenhas e Falconiere

Falconière tinha um passado de bom infante e vigoroso administrador. Não foi testado no Comando. Teria sido mais útil se tivesse comandado um Grupamento Tático Especial, composto de tropas do Depósito do Pessoal. É preciso que se diga que a personalidade do General Falconière não estava em jogo. Homem inteligente, de boa cultura profissional, corajoso e desassombrado, dispunha de grande autoridade moral e profissional para exercer qualquer função de seu posto. Sua presença, depois da chegada da FEB à Itália, foi muito útil no Comando dos órgãos de Retaguarda. Enquanto os três Generais se ligavam direta e incessantemente às operações em curso, na frente de batalha, o General Falconière e seu Quartel-General supervisionavam todo o complexo mecanismo de apoio logístico, cujas linhas se alongavam de Nápoles aos Apeninos, permitindo um perfeito entrosamento com os órgãos americanos, sem, contudo, ficar numa subordinação despersonalizada, ou numa dependência desmoralizante.

Em todo o transcurso da Campanha foi possível conservar a tipicidade das coisas brasileiras e manter a linha de cumprimento de ordens exclusivamente originária do Comando brasileiro. E isso foi possível porque, entre o Comando da FEB no Teatro de Operações e o complexo mecanismo dos órgãos da retaguarda, na sua heterogeneidade, se colocou um General com o seu Quartel-General. Essa, a missão de Falconière. Nenhuma ordem, de qualquer órgão de comando americano, chegaria aos executantes sem passar pelo filtro do Comando brasileiro, na frente como na retaguarda.

Da esquerda para a direita: Olímpio Falconière, Zenóbio da Costa, Mascarenhas de Moraes e Cordeiro de Farias.

 

A Força Expedicionária Brasileira em Campanha na Itália Durante a Segunda Guerra – 1944-1945

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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2 comentários

  1. por gentiliza,

    gostaria de receber, em boa resolução, fotos do cordeiros de farias.
    ficarei eternamente agradecido,

    kenard kruel

  2. Aroldo Ribeiro Cursino

    A legenda correta da foto é:
    Da esquerda para a direita: Olímpio Falconière, Zenóbio da Costa, Mascarenhas de Moraes e Cordeiro de Farias.

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