O nobre General Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB, faleceu no dia 17 de Setembro de 1968, no Rio de Janeiro, aos 85 anos.
Para sintetizar a personalidade do comandante, nada melhor do que transcrever as palavras do General Orlando Geisel, falando, na hora do seu sepultamento, em nome do Presidente da República.
“Deixou, hoje, o serviço ativo do Exército e a própria vida um homem que somente viveu para o Exército e o Brasil. Essa existência de 84 anos e esse sacerdócio de 65 haverão de constituir-se, através dos tempos, em fonte de permanente inspiração para os brasileiros de todas as profissões e de todas as idades.
Sexagenário já, no ápice de uma carreira militar feita de dedicação e serviço à gente e à terra de todos os brasis, a nação lhe confiou a imensa tarefa de levar à guerra extrema os seus soldados, e de voltar vencedor.
Cumpria-lhe repetir Caxias quase três quartos de século depois, além do Atlântico e rompendo o mais longo período de paz das armas brasileiras Cumpria-lhe, à frente da Força Expedicionária Brasileira, atender ao reclamo de nosso povo, no desagravo de seus mortos sepultados no oceano e na dádiva de nosso sangue para a eliminação do totalitarismo nazi-fascista. Soube fazê-lo com a firmeza e a serenidade de um pai, de um juiz, de um chefe, de um verdadeiro condutor de homens.
De setembro de 1944 a maio de 1945, a sua Divisão esteve permanentemente na frente de combate, sem rodízio e sem repouso, através de cidades, de vales, de rios e montanhas. E conquistou as vitórias militares de Camaiore, de Monte Castelo, de Castelnuovo, de Vergato, de Montese, de Collecchio e de Fornovo di Taro. Comandou a FEB com humildade e inteligência, com equidade e senso de justiça, com segurança e determinação, com equilíbrio e energia, prudência e destemor, logrando o milagre de honrar o Brasil na luta e de poupar o sangue dos seus homens.
Se grande foi o general na guerra, maior foi o cidadão na paz. O triunfo, a popularidade e a glória poderiam tê-lo levado, facilmente, a rendosas atividades econômicas ou à vida política.
Dia a dia, ao longo de vinte e três anos, depois da consagração do retorno, resistiu às pressões e às tentações, preferindo manter-se sempre soldado, e fiel servidor de sua FEB.
Primeiro, escreveu a sua História. Depois, cuidou de seus mortos, e dedicou o resto da vida a zelar pela vida de seus ex-combatentes. Não há exemplo melhor de desambição, de desprendimento e de fidelidade a seus homens, e de chefe militar vitorioso, em qualquer tempo ou lugar.
Neste quase quarto de século de pós-guerra, Mascarenhas de Moraes foi modelo de espírito público e patriotismo, de equilíbrio e discrição, de sobriedade e coerência, de austeridade e modéstia, de grandeza na adversidade e na dor, assim como do mais legítimo espírito militar.”
Nêodo N. Dias Jr.