No dia 23 de abril de 1944, o Marechal Rommel enviou ao Coronel-General Jodl a seguinte mensagem, na qual faz referência à possível invasão por parte dos aliados:
“… Se, apesar da superioridade aérea inimiga, nós conseguirmos manter em ação boa parte de nossas forças móveis junto aos setores ameaçados da costa, durante as primeiras horas do ataque, este fracassará de maneira absoluta. Até o presente são muito poucos os danos causados pelos fortes bombardeios contra nossas fortificações de concreto, embora em muitos lugares, posições, abrigos e trincheiras de comunicação tenham sido varridos. Isso demonstra a importância de reforçar todo o sistema por meio de concreto, inclusive nos lugares situados na retaguarda, como posições artilhadas, antiaéreas e de reserva.
Porém, o que mais me preocupa são as forças móveis. Contrariamente ao que foi decidido na conferência de 21 de março, ainda não foram colocadas sob o meu comando. Algumas se encontram dispersas em amplos setores do interior, o que significa que chegarão tarde para atuar na costa. Levando em consideração que devemos esperar uma tremenda superioridade aérea inimiga, qualquer movimento em grande escala de formações motorizadas ficará exposto a ataques prolongados e de grande intensidade. Por outro lado, sem uma rápida ajuda daquelas unidades, as forças empregadas na costa se veriam expostas a ataques procedentes do mar e do interior, estes últimos por parte das forças aerotransportadas. A frente está escassamente guarnecido para poder enfrentar ambos os perigos. A disposição das unidades de combate e as reservas devem ser tais, que não se torne difícil um contra-ataque, por qualquer dos setores em perigo, seja nos Países-Baixos, na zona do Canal, Normandia ou Bretanha, assegurando-nos também que a maior parte dos contingentes inimigos, transportados por mar ou pelo ar, será destruída durante a sua aproximação.
Contrariamente às minhas opiniões, o General Geyr von Schweppenburg, que pode perfeitamente ter conhecido os ingleses em tempo de paz, mas que jamais os enfrentou em combate, vê maior perigo nas forças lançadas pelo ar atrás das nossas linhas, e apóia a necessidade de nos encontrarmos em situação de montar operações em grande escala contra elas. De acordo com tal parecer, distribuiu suas unidades pelo país. Além disso, não deseja transferir as divisões encouraçadas para a zona imediata às defesas costeiras, onde é possível que o inimigo tente também aterrissar. Pelo que me diz respeito, vejo o perigo maior na utilização por parte do adversário de todos os elementos ao seu alcance, com a intenção de romper nossa frente da costa em um amplo setor, firmando pé no Continente.
No meu entender, enquanto conservarmos o litoral, qualquer tentativa na retaguarda terminará, mais cedo ou mais tarde, com a destruição das forças empregadas no ataque. Sempre se conseguiu eliminá-las nas experiências passadas. Creio que tais contingentes podem ser destruídos com menos perdas que as ocasionadas por um ataque em grande escala contra tropas desembarcadas na praia, as quais disporiam de antitanques prontos para a ação em poucos minutos, e desfrutariam de um apoio aéreo excelente. Mostrei-me decididamente contrário ao General Geyr acerca desse ponto. A única maneira de obrigá-lo a pôr em prática minhas idéias consiste em situá-la sob as ordens do grupo de exércitos. A mais decisiva batalha da guerra está por travar-se. Dela depende o destino do povo alemão. Se não colocarmos sob o mesmo comando todas as forças que tomarão parte nela; se todas as unidades móveis não tomarem parte na ação da maneira mais rápida possível, a vitória será duvidosa.
Se devo esperar até que o desembarque inimigo seja uma realidade, antes de poder utilizar o comando e pôr em movimento as forças motorizadas, lamentáveis atrasos ocorrerão. As tropas em questão chegarão demasiadas tarde para intervir com bons resultados. Um segundo desembarque aliado em Anzio é conhecido pelos alemães como Nettuno seria lamentável…