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FEB – Correspondente de Guerra

feb_topA Segunda Guerra Mundial foi, sem dúvida, o episódio histórico que teve a maior e mais ampla cobertura dos órgãos de informação: correspondentes de guerra, cinegrafistas, desenhistas, cronistas e escritores participaram e acompanharam todo o conflito, e tudo isso resultou num acervo incalculável de informações escritas e visuais.

Esse setor estava previsto na organização da FEB, só que a seleção e a escolha inicial de quem iriam acompanhar as tropas não coube ao Exército e sim ao DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – órgão do governo que controlava todos os meios de comunicação. Através dele o governo manipulava a opinião pública em favor de seus interesses políticos.

Os mais importantes jornais do país começaram a apresentar ao DIP os nomes daqueles que seriam os futuros correspondentes de guerra. Nem todos os jornais foram escolhidos, nem todos foram aceitos.

Um jovem jornalista que escrevia no Correio da Manhã e no futuro teria destacado papel na política do país, apesar de insistir no seu credenciamento, não conseguiu: o jornalista Carlos Lacerda.

Após o processo de escolha, evidentemente político, embarcaram para à Itália como correspondentes de guerra:

  • Rubem Braga do Diário Carioca,
  • Rui Brandão do Correio da Manhã,
  • José Carlos Leite e Joel Silveira dos Diários Associados,
  • Egídio Squeff de O Globo.

A Agência Nacional, órgão governamental, enviou:

  • Thassilo Campos Mitke e Horácio Gusmão Sobrinho, como repórteres,
  • Fernando Stamato Sílvio da Fonseca e Adalberto Cunha como cinegrafistas.

Outros membros da imprensa também estiveram na Itália:

  • Carlos Alberto Dunshee de Abranches do Jornal do Brasil;
  • Sílvia Bittencourt, a jornalista e cronista – esposa do diretor do Correio da Manhã -, que escreveu sob o pseudônimo de ‘Majoy’. Ela foi a única mulher brasileira que atuou como correspondente de guerra e sua permanência na Itália foi breve.
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    Os correspondentes - em pé, da esq. a dir.: Rubem Braga (Diário Carioca), Frank Norall (Coord. de Assuntos Interamericanos), Thassilo Mitke (Ag. Nacional), Henry Bagley (Associated Press), Raul Brandão (Correio da Manhã), Horácio Gusmão Coelho (Ag. Nacional); Sentados, da esq. a dir.: Allan Fischer (fotógrafo da Coord. de Assuntos Interamericanos), Joel Silveira e Egídio Squeff (O Globo) e o Cinegrafista da Ag. Nacional, Fernando Stamato.

Para melhor compreensão do que foi a luta dos nossos pracinhas, deve-se preliminarmente afirmar que a carência de recursos humanos na frente italiana depois da transferência de experientes tropas para o sul da França e o imperativo de nossa permanência na frente de combate impôs-se operações difíceis, em terreno e clima ingratos, e, não raro, com mínimas possibilidades de êxito.

Sempre em ação guarnecendo setores acima das possibilidades de seus meios, jamais atacando com a Divisão inteira na potencialidade de seus 3 Regimentos de Infantaria, antes fazendo prodígios, conseguindo dispor de atacantes com o sacrifício e o risco dos defensores, o comando brasileiro não se poderiam permitir veleidades de brilho operacional, e teria de ser o que foi: bom senso antes, equilíbrio e poupança sempre, nunca bonapartismo e aventura.

Daí o dizer-se que, a Campanha da Itália, sobre ser uma guerra de montanha, foi uma guerra de Sargentos, de Tenentes e de Capitães. E daí ter sido o soldado, o nosso querido e anônimo pracinha, o seu herói maior.

Também uma palavra preliminar sobre o direto acompanhamento das operações pela nossa imprensa, no trabalho de seus correspondentes de guerra. Para melhor compreender sua atuação é preciso ter em vista, além das limitações já assinaladas, que não tínhamos qualquer experiência nesse tipo de função, para a qual ninguém se prepara antecipadamente, e que, por outro lado, não havia, de parte de nossas tropas, a necessária capacidade para integrar, os correspondentes ao conjunto, corno se eles também fossem combatentes.

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Joel Silveira, Egydio Squeff e Thassilo Mitke

O êxito de homens como Joel Silveira, Rubem Braga, Egydio Squeff, José Barreto Leite e Raul Brandão resultou, assim, tão-somente, de seu talento jornalístico e literário, de sua sensibilidade e de seu valor humano, e, acima de tudo, da total consagração à causa por que lutávamos. Em verdade, foram mais cronistas do que correspondentes de guerra.

Há que dizer-se, ainda, que o noticiário de guerra é sempre mais farto na guerra de movimento, quando há avanços significativos a assinalar, desbordamentos e cercos, quedas de cidades, grande número de prisioneiros, situações em que geralmente não é tão penosa a vida do combatente. Ao contrário, quando as frentes se estabilizam e não andam, diante de posições fortificadas, nos entreveros das patrulhas de combate, geralmente não há notícias a publicar nos jornais. E, no entanto, o dever bem cumprido no posto defensivo, que ninguém sequer veio a saber, ou o sacrifício do avião bombardeiro, atingido em silêncio, no fragor dos arrebentamentos de suas próprias bombas, pode ter feito pela causa comum o mesmo que o espetacular avanço de uma coluna blindada.

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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2 comentários

  1. Ler Joel Silveira é estar em contato com a literatura de vida, das coisas do cotidiano. Algumas pessoas foram capazes de captar com sensibilidade os momentos de dificuldades e até mesmo as pequenas (mínimas) alegrias dos pracinhas. Que bom que pessoas tão especiais foram até a guerra para nos reportar de uma maneira tão profundamente tocante & humana.

  2. Prezado
    Sabe informar a referência para essa bela matérias dos correpondentes de guerra?

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