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A Prática do Grampo telefônico, mais antigo que se pensa

grampo1Hoje vemos inúmeros grampos telefônicos descobertos em Brasília e esta prática de espionar a conversa alheia nos remete quase a mesma quantidade anos da invenção do telefone, em 1876.

Em 1918, militares estadunidenses descobriram que suas conversas estavam sendo escutadas. Recrutaram, então, índios para a transmissão dos dados confidenciais em sua língua nativa, que não era compreendida pelos interceptadores.

Aparentemente, não existe um primeiro caso de grampo documentado. Mas fazer uma escuta é tão simples que em pouco tempo tal prática se transformou num recurso importante para governos e agências de espionagem. Para a escuta, basta ter um receptor telefônico e dois cabos com dois clipes para conectar ao circuito. A única dificuldade é saber qual é a linha correta para interceptar. O FBI, criado em 1908, sempre foi um grande praticante dessa técnica.

O Grampo nas guerras

Durante a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos, grampearam a embaixada da Alemanha em Washington, pois temiam que os alemães estivessem praticando espionagem no país. Descobriram então que o embaixador tinha diversas de amantes e conversava com elas pelo telefone.

Naquela época os Estados Unidos se mantinham neutros a guerra, mas muitos políticos eram a favor dos aliados. As informações a respeito do embaixador vazaram a imprensa e as fofocas foram usadas contra os alemães.

Outro caso ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill e o presidente estadunidense Franklin Roosevelt tinham uma linha telefônica exclusiva para suas conversas, que eram codificadas. Porém os alemães conseguiram interceptá-las e decodificá-las.

Mas a popularização dos grampos aconteceu mesmo durante a Guerra Fria, quando russos e estadunidenses passaram a grampear uns aos outros. J. Edgar Hoover, diretor do FBI obcecado pela caça aos comunistas, proliferou a prática na agência estadunidense. A CIA também fez uso do método e chegou a interceptar uma conversa no telefone do carro de Leonid Brejnev (então diretor do Partido Comunista Soviético) falando sobre esconderijos de armas que poderiam ser usadas contra os Estados Unidos.

Obviamente que nem todos os grampos são feitos com êxito. O caso Watergate, em 1972, é um claro exemplo. Cinco pessoas foram presas ao tentar espionar documentos e instalar escutas no Comitê do Partido Democrata dos Estados Unidos, justamente em época de eleição. O resultado foi a renúncia do então presidente republicano dos Estados Unidos, Richard Nixon.

Tempos modernos

Recentemente, em 2001, o grampo telefônico foi útil para que o FBI descobrisse que o agente Philip Hanssen era um infiltrado trabalhando para os russos. Durante 16 anos ele trocou informações confidenciais por dinheiro e diamantes até seu telefone e seu blackberry serem interceptados pelos estadunidenses.

Mesmo após a Guerra Fria, os russos ainda despertam desconfianças entre os estadunidenses. O prédio da embaixada russa em Washington está localizado numa das áreas mais altas da cidade, “ponto onde é possível interceptar qualquer conversa”. Logo, qualquer ligação importante na cidade precisa ser codificada, caso não queira que os russos fiquem sabendo.

O que teve grande mudança desde a popularização dos grampos foram seus limites legais. O uso legal de grampos sempre ficou a cargo da aprovação dos governos. A partir da paranóia diante ao terrorismo e dos atentados de 11 de Setembro, as agências governamentais adotaram essa prática com mais liberdade.
Hoje, qualquer ligação pode ser interceptada via satélite – uma quantidade inimaginável de dados. Computadores do governo dos Estados Unidos identificam conversas que contenham palavras-chaves, como jihad, terrorismo ou Bin Laden, e as selecionam. Porém os políticos dificilmente vão admitir isso. Nenhum governo tem gosto em admitir a prática da espionagem.

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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