Clower Bastos Côrtes, um filho da terra de Além Paraíba, Minas Gerais, nasceu em 13 de maio de 1916, na Fazenda Serra Bonita. Era o primogênito de uma família numerosa, filho de Mário Vilas Boas de Figueiredo Côrtes e Margarida Bastos Côrtes. Desde cedo, mostrou-se um jovem de espírito inquieto e brilhante. Estudou no Ginásio Além Paraíba e, em 1931, mudou-se para Juiz de Fora, onde concluiu o curso ginasial na Academia de Comércio com distinção. Não parou por aí: ingressou no Tiro de Guerra, destacando-se como um soldado exemplar, e mais tarde matriculou-se na Escola Superior de Agronomia de Viçosa, sonhando com um futuro ligado à terra e ao cultivo.

Mas a vida, como sempre, reservava-lhe outros caminhos. Com o pai já idoso e doente, Clower assumiu as responsabilidades da fazenda, cuidando dos negócios da família com dedicação. Até que, em 1943, a convocação militar o surpreendeu. Sem hesitar, apresentou-se à 4ª Região Militar, foi aprovado nos exames e enviado para São João Del Rei, e depois para o Rio de Janeiro, integrando o 11º Regimento de Infantaria. Em pouco tempo, foi promovido a cabo e, por sua habilidade ao volante, destacado como motorista da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Em 20 de setembro de 1944, Clower embarcou para a Itália como parte do 2º Escalão da FEB. Levava consigo a esperança de um dia retornar à pátria e ao aconchego da família. Na Europa, enfrentou os rigores do inverno e os perigos da guerra, mas manteve-se incólume, sem acidentes ou doenças. Ao volante de seu jipe, prestou serviços inestimáveis, transportando oficiais, munições e suprimentos, sempre com destreza e coragem. Atravessou os dias mais sombrios do conflito, viu a vitória dos Aliados e continuou a servir, mesmo após o fim da guerra, nas regiões do norte da Itália.
Foi justamente nessa missão pós-guerra, em 30 de maio de 1945, que o destino o alcançou. Nas proximidades de Gênova, enquanto conduzia dois oficiais e um sargento, o jipe que guiava colidiu com um caminhão inglês ao sair de um túnel. A morte foi instantânea. Clower, que havia sobrevivido aos horrores da guerra, sucumbiu em um trágico acidente, deixando para trás uma história de bravura e dedicação.
Era um homem de caráter íntegro, dotado de virtudes que cativavam a todos ao seu redor. Sua bondade e simpatia natural faziam com que fosse querido por quem o conhecia. Morreu como herói, não apenas por ter servido à pátria em tempos de guerra, mas por ter enfrentado o perigo sem vacilar, cumprindo seu dever até o último instante.
Clower Bastos Côrtes não teve a chance de envelhecer, de ver o mundo em paz, de retornar à Fazenda Serra Bonita. Mas deixou um legado de coragem e honra, um nome que ecoa entre os que lutaram pela liberdade. Sua história, como a de tantos outros expedicionários, é um testemunho silencioso do sacrifício de uma geração que partiu para longe de casa, carregando consigo a esperança de um futuro melhor.
Fontes:
Universidade Federal de Viçosa
Além Paraíba História – Mauro Senra
CARUSO, Ernesto Gomes. Homenagem aos expedicionários brasileiros, que na Itália, combateram, venceram e ficaram ao toque de silêncio, na luta pela liberdade.
- Força Expedicionária Brasileira – Edson Day