35 ANOS DEPOIS DA GUERRA – AGOSTINHO JOSÉ RODRIGUES
Nesse livro de Agostinho José Rodrigues retorna à Itália junto com seu sobrinho Laertes, 35 anos depois da campanha da FEB. Agostinho foi Tenente na Segunda Guerra Mundial e serviu nas fileiras da FEB em dois batalhões.
Guiado por um motorista italiano chamado Bruno, Agostinho percorre a Itália e vai relembrando os momentos que passou e revendo pessoas conhecidas da época da guerra.
Mais um livro magnífico sobre a nossa FEB escrito por Agostinho José, um dos grandes escritores que retrataram a Campanha Brasileira na Segunda Guerra.
Recomendo esse livro os que apreciam relatos de guerra e a todos entusiastas da Segunda Guerra e da história geral. Indispensável em qualquer estante.
SUMARIO
I – Porretta Terme
II – Silla
III – Livornetto
IV – Il Palazzo
V – Gaggio Montano
VI – Guanella
VII – Montilocco
VIII – Capela di Ronchidos
IX – Vale do Reno
X – Vale do Marano
XI – Vale do Serchio
XII – No Grande Vale
PREFÁCIO
Se há um livro que não necessite de prefácio é este que se vai ler, e do qual, em verdade, constituem prefácios eloquentes os dois volumes anteriormente escritos pelo autor «Segundo Pelotão, 8° Companhia» e «Terceiro Batalhão — O Lapa Azul» — ambos inspirados pelos Campos de Batalha da Itália, no curso da Segunda Guerra Mundial, os campos tão áspera e heroicamente palmilhados pelos integrantes da Força Expedicionária Brasileira, a FEB.
Desde a antiguidade, têm sido as guerras fontes de inspiração para autores que, imortalizando-as, também ganharam as páginas da História, projetando-se através do tempo. As Guerras Pérsicas perpetuaram o nome de Herodoto, do mesmo modo que Tucidides se tornaria inseparável das Guerras do Pelopo- neso. E, como esquecer a «Retirada dos Dez Mil», tão emocionante nas páginas de Zenofonte? Também o Brasil não haveria de fugir à tradição. Ao Visconde de Taunay caberia transmitir à posteridade os feitos gloriosos da «Retirada da Laguna». Dio- nísio Cerqueira deixar-nos-ia as «Reminiscências da Campanha do Paraguai». E, maior que todos, Euclides da Cunha gravaria num livro imortal — «Os Sertões», a epopeia da Guerra de Canudos.
Igualmente admiráveis são os «Poemas Ingleses de Guerra», nas extraordinárias traduções de Abgar Renault, e das quais retiro estes emocionantes versos de W. J. Brown:
PELOS MORTOS
Louvar aos mortos,
reverência aos que souberam
o quanto a vida é boa
e, sabendo-o, morreram;
que amor, lar e amizade não tiveram,
salvo os sagrados pelo sacrifício.
Louvai os mortos felizes, aplaudi o valor dos que acharam na terra causa por que morrer. Lágrimas pelos mortos. Nunca mais voltarão
a caminho nenhum, nem a nenhuma porta. Alongam-se em vão muitos maternos braços esfomeados. Para sempre sozinhas as noivas ficarão.
Natural, portanto, tivessem os seus cronistas a gloriosa participação dos «pracinhas» brasileiros nas lutas travadas na Itália em favor da Liberdade. De maneira expressiva e austera vemo-la em boa parte nas “Memórias” do Marechal Mascarenhas de Moraes, o bravo e ilustre Comandante dos nossos expedicionários. Antecede-as um vigoroso’ prefácio do General Carlos de Meira Mattos, também ele integrante da FEB, >e que nos prepara para o melhor conhecimento do glorioso roteiro que se desenrolaria, desde as primeiras missões, no Vale do Serchio, os revezes e as sucessivas vitórias de Monte Castelo, Castel-nuovo, Montese, Collechio e Fornovo.
Agostinho José Rodrigues não é historiador de batalhas. Mas, de certo modo, ele é mais do que isso: — é o narrador lúcido e simples; humano e sensível dos aparentemente pequenos, mas sublimes, feitos individuais frequentemente sem testemunhas, e por isso mesmo não raro destinados a se perderem no anonimato e no esquecimento. Atos de bravura que o autor faz reviverem, inscrevendo-os, de maneira indelével, nas páginas da história dos nossos pracinhas. Se muitos são os oficiais que, por justiça, perpassam as lembranças do memorialista, ainda mais numerosos são os soldados, cabos e sargentos, tantos deles mortos, e cuja bravura, envolta na dignidade de um sacrifício tranquilo e admirável, nos enche de entusiasmo e reconhecimento. Não sendo o historiador das batalhas, é ele o historiador dos anônimos: missão sem igual para o escritor, testemunha das dores e dos sacrifícios da Guerra.
Volvidas mais de três décadas após o fim da epopeia que incendiou o mundo e esteve prestes a mudar o curso da Liberdade, Agostinho José Rodrigues tornou aos mesmos lugares da Itália, que vira sacudidos pelos horrores da luta e da morte, e agora tranquilos e belos sob o manto da Paz. E foi sob a serenidade desses dias pacíficos que, ainda uma vez, a imaginação do soldado evocou o passado vivido entre heróis e idealistas. Em cada página, em cada linha, em cada diálogo ou narrativa sente-se a emoção do autor, ao recordar os camaradas de cuja ação destemida teceu-se a glória de que o Brasil sempre se orgulhará.
Agradeçamos, pois, a esse historiador dos anônimos haver gravado, em páginas tão vivas e tão simples, feitos que o Brasil não esquecerá, evocando os heróis e “as coisas simples pelas quais os homens morrem”.
LUIZ VIANA FILHO
Brasília, março de 1981.
35 Anos Depois da Guerra
Autor: Agostinho Jose rodrigues
Editora: imprensa oficial do estado (parana)
Ano: 1981
Paginas: 186
Sou fã de AgostinhoJosé Rodrigues.
Sem ser historiador ou escritor de ofício, deixou uma bibliografia estupenda sobre a trajetória do soldado brasileira na IIGM.
Agostinho José Rodrigues, a quem admiro , também admiro o seu estilo simples e transparente como descreve as cenas vividas nos campos de batalha na Itália juntamente com meu pai GILBERTO ORLANDINI durante a segunda guerra Mundial. Dois grandes heróis !!!
Obrigado pelo comentário Marlene, se possivel entre em contato por e-mail com a gente, quem sabe falar sobre seu pai, poedmos contar sobre ele aqui.
Fala Ricardo, aqui é o Sidney Dantas, que participa do seu grupo da FEB no FB. Também aprecio os livros do Agostinho José Rodrigues, até porque ele serviu com e parece ter conhecido bem meu saudoso avô, Ivaldo Ribeiro Dantas, na 8a companhia do III/11RI.
Inclusive meu avô – que na época era sargenteante (1o sargento) e comandante do pelotão de petrechos da 8a – é citado, comentado e tem pequenas situações e frases reproduzidas no capítulo VII (Montilocco) do “35 anos depois da guerra” , o que muito emocionou a mim e minha família.
Também há o mesmo tipo de referências no livro “Segundo Pelotão, 8a companhia”, do mesmo autor, capítulos XIV, XVII e XIX.
Ricos em detalhes e bem escritos, os livros do veterano Agostinho tornaram-se verdadeiras preciosidades, relíquias que ficarão guardadas na minha família por trazerem à lembrança o meu avô.
Um abraço!