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FAB – A Força Aérea Brasileira na Segunda Guerra com a 1ª ELO

Na Segunda Guerra Mundial, a atuação da Força Aérea Brasileira-FAB, com a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação – 1ª ELO, subordinada à Artilharia Divisionária do 2º Escalão da Força Expedicionária Brasileira – FEB, no “Front” do Teatro de Operações do Mediterrâneo, na Itália, possuía a missão de observação do setor da linha de contato com o inimigo e a regulagem dos tiros de artilharia da FEB, voando em avião de treinamento primário e desarmado, o conhecido Piper Cubou melhor o famoso “Teço-Teco”, impondo sua presença na frente de combate; podendo ter a surpresa de um ataque alemão. Organizada como uma Unidade composta de elementos de duas forças brasileiras, sob comando único.

Seu efetivo formado por elementos da Força Aérea Brasileira e da artilharia da Força Expedicionária Brasileira, os primeiros eram os pilotos e mecânicos dos aviões e os segundos, os observadores aéreos e os motoristas das viaturas (pessoal de apoio). A observação e a correção do tiro eram feitas com o avião sobre o objetivo inimigo, que tanto podia ser um depósito de munição, uma concentração de tropa ou um comboio de munição. A altitude do voo era sempre a suficiente para fugir ao alcance da artilharia antiaérea do inimigo. As coordenadas, para a correção dos tiros da “Poderosa” (a Artilharia), eram transmitidas pelo rádio, diretamente do observador para a central de tiro.

Como era de praxe, toda Unidade que se prezava tinha o seu distintivo, quando da chegada ao Teatro de Operações, utilizando inicialmente a 1ª ELO, o desenho de um gafanhoto, que era o apelido que os americanos davam às Unidades de Observação de Artilharia (os grasshoppers), posteriormente foi substituído, pelo emblema idealizado pelo Capitão Aviador Fortunato Câmara de Oliveira, piloto do 1° Grupo de Aviação de Caça. O emblema foi idealizado com a seguinte heráldica: O Oficial – o piloto; O binóculo – o observador na sua constante vigília; O canhão – a “Poderosa Artilharia”; As asas – a Força Aérea Brasileira; As nuvens brancas – a paz, tão desejada; O Azul – a imensidão do céu.

Durante a campanha, operou a 1ª ELO em diversas Bases, conforme o andamento das Linhas de Frente, tais como: Pisa, Vila Real de Caça do Rei da Itália (San Rossore); Pistóia (Base de San Giorgio); Suviana; Porreta Terme; Piacenza; Montechio Emília e por último na Base de Porta lbera. Terminado a guerra e juntamente com a missão da tropa de ocupação, a Esquadrilha continuou a prestar serviços a FEB, realizando vôos de ligação e serviço de transporte de correio, entre as cidades de Milão e Alexandria.
Por haverem realizado mais de 35 missões aéreas sobre território inimigo, tanto os Oficiais da FAB, como os Observadores da FEB, receberam do Governo americano a condecoração “Air Medal”, entregue pelo General Truscott, Comandante do 4º Corpo de V Exército Americano. Expressam-se assim, alguns números, do trabalho efetuado pela esquadrilha: 1.282 h 50 min – horas voadas em missão de guerra; 684 missões de guerra; 2.399 aterragens; 400 regulagens de tiro; 184 dias operacionais.

“… REFERÊNCIA ALTAMENTE HONROSA …”
A rapidez e o desenvolvimento dos engenhos da guerra moderna exigiram da Artilharia, a arma do projétil, meios próprios que se sobrepuseram ao terreno e ao clima, e que orientassem, com segurança, precisão e oportunidade, os seus tiros através das linhas inimigas. E foi no modesto e frágil avião de turismo, transformado agora em olhos perscrutadores e audazes, que se encontrou a solução de tão magno problema, pois o seu emprego estava sujeito a várias exigências técnicas, como pouca velocidade, fácil manobra no campo e estabilidade no ar.

Nasceu, assim, esse órgão novo e eficiente, entre nos batizado de Esquadrilha de Ligação e Observação e elemento integrante da Artilharia Divisionária.
Dizer do seu trabalho nesta Campanha é cantar um hino ao destemor e à noção do dever dos aviadores e artilheiros que a constituem.

Não houve mau tempo, não houve neve, tão pouco acidentes e pistas impróprias, das quais às vezes não podiam regressar, que arrefecessem o ânimo e a disposição de seus componentes.

Destinados a regular o tiro das baterias, sobrevoando a zona das posições, sem ultrapassar os nossos elementos, a eles se pediu, também, a vigilância do campo de batalha, e em avião impróprio e desarmado penetravam a fundo no terreno inimigo, enfrentando uma defesa antiaérea para a qual não estavam preparados.

Durante muito tempo e desde a nossa chegada à região do vale do Reno, eram os únicos olhos que a Divisão possuía, além do conjunto de alturas que queríamos conquistar; seu voo desassombrado obrigou continuamente o inimigo a se manter em silêncio e imóvel, receoso do tiro certeiro de nossa Artilharia, cuja ajustagem sempre conduzia com absoluta perfeição. Eia pois, camaradas aviadores, artilheiros, mecânicos e todo o pessoal da ELO: com o esforço por vós despendido, na conservação do material sempre em condições de voo e no cumprimento de missões que todos os dias vos são atribuídas, tendo cooperado, grandemente, para a exaltação das armas brasileiras na luta árdua e rude que estamos empreendendo ao lado das Nações Unidas.

Asseguro-vos, assim, que sois credores da admiração de todos os chefes, da amizade de vossos camaradas e do reconhecimento de vossos patrícios, e que a vitória do BRASIL muito depende de vosso trabalho e abnegação.

General de Divisão João Baptista Mascarenhas de Moraes, Comandante-em-Chefe
Publicado no Boletim Interno nº 120, do dia 30 de abril de 1945. (Ofensiva da Primavera)

FONTE: Fausto Vasques Villa Nova, “Com a 1ª ELO na Itália – Crônicas” – Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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