FEB – A Queda do Monte Castello e Algumas Conclusões

Monte Castelo caiu nas mãos dos brasileiros, deste modo, a façanha que faltava e que já se constituía em obsessão, não somente da FEB como da própria Nação Brasileira, que a milhares de quilômetros, do outro lado do Atlântico, acompanhava o desenrolar daquele pesadelo.

Encerrava-se, ali, uma fase de provações e de rude experiência a que a FEB foi duramente submetida. Outras viriam em seguida. Nenhuma, porém, seria mais transcendente nem mais difícil de suportar do que a de Monte Castelo, que deixou cicatrizes indeléveis.

A hipocrisia de alguns chegou a comemorar as vicissitudes que sofremos. Esta conduta jamais contou com a minha aquiescência. Guerra é coisa muito séria. Fonte de luto e de dor, e de mui raras alegrias.

Algumas Conclusões e Observações

1.    A relativa facilidade com que caiu Monte Castelo provou, sem sombra de dúvida, que o Comando brasileiro estava coberto de razões quando afirmava que apenas com os poucos meios de que dispunha, além da missão defensiva que lhe coube, não lhe era possível realizar operação ofensiva de tamanho vulto, afim de conquistar o Maciço Belvedere – Torraccia – Monte Castelo;

2.    A queda do mesmo objetivo, em dois dias de ataque, pelo esforço combinado de duas Divisões, sendo que a 10ª Divisão de Montanha apenas se dedicava ao ataque, demonstrou que, anteriormente, a imposição feita à Divisão Brasileira era contrária a todas as manifestações da doutrina de guerra, revestindo-se do aspecto de um primarismo lamentável e desumano, por parte do Comando estadunidense do IV Corpo, principalmente nas jornadas de 24 e 25 de novembro de 1944;

3.    A persistência no erro, já agravado por outros, com a conivência do Comando Brasileiro, nas jornadas de 29 de novembro e 12 de dezembro, deixa uma dolorosa impressão, porque representava o menosprezo pela pessoa humana do humilde e bravo “pracinha” brasileiro, ao qual ainda atribuíram incapacidade, falta de espírito ofensivo e até negligencia em combate, conforme documento existente no arquivo da FEB, que teve a co-responsabilidade do autor, que jamais o assinaria;

4.    O ataque frustrado do dia 12 de dezembro além de provar a deliberada persistência no erro, demonstrou ainda a nossa incapacidade para manobrar, pela falta de emprego das reservas, apesar de se encontrar, ao lado do Comandante da tropa atacante, o próprio Chefe da Ação de Operações da FEB, representando o Comandante da Divisão Brasileira. A suspensão do ataque às 15 horas daquela jornada foi sabiamente decidida, não obstante o desagrado do Comando Estadunidense. A continuação seria avolumar as perdas sem nenhum proveito. A situação não se modificaria porque os elementos prometidos, na OGO, pelo Comando do IV Corpo, falharam todos;

5.    Essa experiência, duramente conquistada, jamais foi esquecida

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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