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FEB – Quanto Ganhavam as Tropas Expedicionárias

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Quem vai para a guerra deve deixar sua vida em ordem e seus negócios bem definidos. Foi outro grande trabalho desenvolvido pelas seções competentes o de atualizar as declarações de herdeiros, a lista de pessoas com que o Comando se devia comunicar e das pessoas encarregadas de receber a parte de vencimentos paga no Brasil e movimentar os depósitos bancários. Tudo isso representava enorme tarefa, mas afinal as relações de correspondentes, herdeiros e representantes foram cuidadosamente organizadas e pudemos partir despreocupados quanto à manutenção de nossas famílias.

De acordo com os regulamentos em vigor, os militares em tempo de guerra recebem os vencimentos acrescidos de um terço do soldo, chamado terço de campanha. Tratando-se de uma guerra no estrangeiro recebem o triplo desses vencimentos. O cálculo de nosso pagamento era feito em dólares, à base de treze cruzeiros, transformados depois em cruzeiros, à razão de vinte cruzeiros para cada dólar, o que acrescia nossos vencimentos de sete cruzeiros para cada dólar cambiado.

Assim, por exemplo, um capitão que em tempo de paz recebia Cr$ 2600,00 – Dois mil e seiscentos cruzeiros -, passaria a receber Cr$2610,00, mais 580 – terço de campanha -, ou sejam Cr$ 3190,00, cujo triplo dá Cr$ 9.570,00 ou sejam 736,15 dólares. Cambiados para nossa moeda, a 20 cruzeiros o dólar, temos Cr$ 14.723,00, que foram os vencimentos efetivamente pagos a um capitão, durante a campanha.

Os demais postos eram pagos na mesma proporção, variando do general de divisão, com 32.713,80 cruzeiros, ao soldado que recebia 1.669,60 cruzeiros.

Os vencimentos foram divididos em três parcelas: uma, correspondente a um mês de vencimentos de tempo de paz, que era paga à família, no Brasil; outra, correspondente mais ou menos a um mês de vencimentos comuns, paga em liras de ocupação, aos expedicionários, na Itália; a terceira, compreendendo o restante deduzidos os descontos de consignações, montepio, etc., que era depositada em banco, sob o título de “Fundos de Previdência”, que poderia aguardar o regresso do expedicionário ou ser movimentada por seu representante autorizado.

Como se vê, a FEB seguia amparada financeiramente, dando margem a que os expedicionários terminassem a campanha com boas economias, o que aliás aconteceu a quase todos.

Curioso é notar que até nesta questão de vencimentos, que desde o início foi claramente estipulada pelo Governo e sobre a qual nenhuma dúvida podia existir, os quinta-coluna disfarçados, os derrotistas e germanófilos achavam campo para suas atividades, inventando e espalhando boatos tendenciosos. Lançaram dúvidas sobre o processo de pagamento, inventaram que o Fundo de Previdência seria bloqueado ou pago em bônus de guerra, enfim uma série de invencionices tolas, que entretanto geravam confusão e aborrecimentos. Até mesmo oficiais inteligentes e que deviam estar melhor informados, diante dos boatos se deixavam levar pela descrença e foi com verdadeira surpresa que souberam que suas famílias estavam recebendo vencimentos, Fundo de Previdência, tudo em ordem.

No final da campanha, ao regressarem ao Brasil, verificou-se que tudo saíra dentro das bases previstas e a liquidação de contas foi rápida, simples e satisfatória. Além dos elevados vencimentos, o Governo concedeu outras vantagens pecuniárias aos expedicionários, após a guerra, sob forma de isenção de impostos na compra de imóveis e financiamento de 100% pela Caixa Econômica, indo assim além da expectativa e pondo por terra os boatos derrotistas.

Inegavelmente era a FEB, dentre as forças aliada, a mais bem paga. Ganhavam mais do que os estadunidenses e ingleses, ultrapassando neste ponto a grandiosidade e magnificência dos mais ricos exércitos do mundo.

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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