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Força Aérea Polonesa – A Mentira sobre a sua Fragilidade na Segunda Guerra Mundial

Ao contrário do que o senso comum das pessoas acredita, a Força Aérea Polonesa – Lotnictwo Wojskowe – não foi destruída em solo nas primeiras horas do início da Segunda Guerra Mundial e, apesar de ser numericamente e tecnicamente inferior à Luftwaffe, conseguiu realizar uma brava e valente defesa.

Os relatórios do Quartel General Alemão admitem a perda de 258 aviões ao longo da Campanha Polonesa, e pode-se ter certeza absoluta que mais que 100 destas aeronaves foram abatidas por pilotos de caça poloneses.

Então vamos mostrar de maneira resumida essa dura batalha travada pela Força Aérea Polonesa contra tudo e contra todos.

 

Os aviões da Luftwaffe alemã na Invasão da Polônia

A Ordem de Batalha da Luftwaffe incluía a Luftflotte 1 e Luftflotte 4 que em 1 de setembro possuíam 1538 aeronave de combate.

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  •  339 caças monomotores Messerschmitt Bf-109 (principalmente a variante E);
  • 82 caças bimotores Messerschmitt Bf-110;
  • 258 Junkers Ju-87 – Stuka;
  • Variados subtipos de bombardeiros Heinkel He-111 e Dornier Do- 17, além de uma Staffel (esquadrão) de Henschel Hs-123 – aviões de ataque de solo;
  • Alguns 102 Bf-109 – que formalmente estavam alocados à defesa do Reich foram utilizados, ainda que em escala reduzida;
  • 202 aeronaves de reconhecimento estavam à disposição das unidades do exército;

Total: 1 942 aeronaves de combate usadas operacionalmente contra a Polônia.

  • Outras 100 aeronaves foram utilizadas como substituições ou reforços durante os vários estágios da campanha.
Stuka
O temido bombardeiro de mergulho Junkers Ju-87 – O Stuka

Os Aviões da Força Aérea Polonesa na Defesa de seu Território

A ordem de batalha da Força Aérea Polonesa incluía duas unidades grandes, a Brigada de Caça (Brygada Poscigowa) e a Brigada de Bombardeiro (Brygada Bombowa), ambas sob as ordens do Estado Maior, como também a Força Aérea de Exército (Lotnictwo Armijne), constituída de esquadrilhas (dywizjony) e esquadrões (eskadry) autônomos, organizados em grupos e subordinados a sete diferentes comandos do exército polonês.

logo-forca-area-polonesaA Brigada de Caça era formada por:

5 esquadrões com o total de 53 aeronaves (43 PZL P.11 a P.11c, e 10 P.7a) – e tinha como missão defender Varsóvia e seus arredores;

A Brigada de Bombardeiro:

  • 36 excelentes PZL P.37 Los, bombardeiros médios,
  • 50 PZL P.23 Karas bombardeiros leves,

Constituíam uma força considerável, mas conceitos antiquados de guerra aérea utilizados pelo comando polonês limitavam severamente sua efetividade;

 

A Polônia podia reunir 404 aeronaves de combate, das quais:

  • 308 tinham algum valor de combate (128 eram caças PZL P.11, com 3 a 5 anos de uso, e com desempenho infinitamente inferior aos dos caças alemães);
  • Os demais caças existentes nas unidades de primeira linha eram 30 PZL P.7a, que estavam totalmente obsoletos;
  • Os 36 bombardeiros P.37 Los eram o único equipamento em igualdade de condições com a Luftwaffe;
  • Os 114 P.23 Karas de reconhecimento e bombardeiros leves podiam ser considerados razoavelmente adequados para a época.
Aviao PZL P11
Um Caça Polonês PZL P11

 A Primeira Batalha entre a Luftwaffe e a Força Aérea Polonesa na Segunda Guerra

O primeiro combate entre aeronaves alemães e poloneses aconteceu no dia 1º de setembro, pouco antes das sete horas, acima do, então, secreto aeródromo polonês de Balice, perto de Cracóvia.

Uma seção de 3 aviões da 121ª Eskadra foi surpreendida durante a decolagem por três Ju 87s e o Capt. Medwecki, Oficial Comandante da unidade foi morto, abatido por Franck Neubert da StG2 Immelmann. O 2º Lt. Wladyslaw Gnys conseguiu escapar do ataque, e danificou um do Stukas.

Władysław Gnyś - Força Aérea Polonesa
O Ás polonês, Władysław Gnyś, responsável pelas primeiras derrotas alemãs na Segunda Guerra

Alguns minutos depois, tendo conseguido subir a certa altitude, atacou 2 Do-17’s que voltavam de um ataque à Cracóvia, atingindo-os várias vezes. Após o seu segundo mergulho de ataque, perdeu contato visual com as aeronaves atacantes, regressando ao aeródromo, sem saber que ele tinha conseguido há pouco as primeiras duas vitórias contra a Luftwaffe na Segunda Guerra Mundial.

Os dois bombardeiros alemães colidiram depois do ataque e caíram ao solo perto da aldeia de Zurada. Enquanto isso, um engajamento maior acontecia em cima dos subúrbios de Varsóvia.

Alertados por uma bem organizada rede de postos de observação, a Brigada de Caças, com esforço máximo – 52 aeronave, interceptou uma grande formação de bombardeiros He-111 da KG27, escoltados por Bf-110s da I/LG1,  e como resultado do bem executado ataque, 6 He- 111’s foram derrubados às custas de um P.11c, perdido durante uma aterrissagem forçada.

Messerschmitt Bf 110
Caça Alemão bimotor Messerschmitt Bf 110

O que era suposto ser um Der uber de Spaziergang Warshau – “um passeio por sobre Varsóvia” – se transformou em uma fuga amarga para as tripulações das unidades de bombardeiro da Luftwaffe. Durante os combates, o 2º Lt. Borowski de 113ª Eskadra atirou e derrubou um isolado Bf-109, que se tornou a primeira aeronave daquele tipo destruída na Segunda Guerra Mundial.

Sangrentos combates tornaram a acontecer à tarde nos céus de Varsóvia, quando um segundo grande ataque alemão aconteceu, com os bombardeiros escoltadas por caças Bf-110 e Bf-109, sendo interceptado pela Brigada de Caças. Desta vez a escolta alemã foi capaz de se preparar e interceptar os caças poloneses antes que esses alcançassem os bombardeiros, e logo as primeiras bombas alemãs caíram em Varsóvia.

Antes que pudessem entrar em combate, quatro P.7’s da 123ª Eskadra foram derrubados quando de ataque surpresa por parte dos Bf-110’s do I/LG1. O Cap. Olszewski, comandante da esquadrilha foi derrubado e morto, enquanto que os outros três pilotos saltaram de seus  aviões em chamas, sendo que dois deles foram atingidos por tiros disparados por aeronaves alemãs e gravemente feridos, quando ainda estavam suspensos em seus paraquedas. Estas foram as primeiras vitórias dos pilotos de caça alemães na Segunda Guerra Mundial.

Caça polonês P.7 - Força Aérea Polonesa
Caça polonês P.7

A luta continuava feroz, e os alemães perderam dois Bf 109’s, um deles abatido pelo Ten. Col. Leopold Pamula, comandante da Brigada, que logo em seguida teve que saltar de sua aeronave. As perdas polacas foram de três P.11’s.

 

Os dias que se Seguiram na Batalha entre Luftwaffe e Força Aérea Polonesa

Nos dias seguintes, a Luftwaffe mudou sua tática. Usando a vantagem das características superiores de suas aeronaves – os bombardeiros bimotores alemães eram mais rápidos que os caças poloneses -, ela atacava os objetivos utilizando pequenos grupos de aeronaves que se aproximavam de várias direções a altitudes diferentes, enquanto que os Bf-109’s e Bf-110’s vasculhavam livremente a área. Esta tática provou ser bastante eficiente, pois apesar dos valorosos esforços da Brigada de Caça, ela foi incapaz de impedir que as bombas alemãs caíssem em Varsóvia.

Seus pilotos conseguiram abater 47 aviões alemães, entre os dias 1 e 6 setembro, mas as perdas em combate eram muito alto, e no dia 7 de setembro, as aeronaves remanescentes foram deslocadas para a área de Lublin, deixando a capital virtualmente indefesa contra os pesados ataques da Luftwaffe.

Em outras partes do país as unidades de caça do Exército lutaram com variados graus de sucesso. Como elas não possuíam um sistema de observação avançado, voavam sortidas de varredura livre ou formações pequenas eram destacadas para aeródromos improvisados com a tarefa de interceptar qualquer aeronave alemã que aparecesse.

Essa última tática, denominada de “emboscada”, foi logo abandonada, visto que os caças P.11 estavam normalmente impossibilitados de interceptar as aeronaves inimigas, não importando quão rápido fosse a decolagem.

 

A Desvantagem Tecnológica e Numérica da Força Aérea Polonesa foi crucial para a vitória Alemã

A frequente situação desesperada das unidades do exército polonês resultava em medidas igualmente desesperadas utilizadas pela força aérea que as apoiava.

Florian Laskowski - Força Aérea Polonesa
Capitão Florian Laskowski

No dia 2 de setembro, a unidade de caça de Pomorze foi indicada para atacar uma coluna motorizada alemã que fazia um avanço rápido em território polaco perto de Grudziadz.  Uma vez que os caças P.11 estavam totalmente inadequados para a tarefa, pois possuíam apenas duas – algumas aeronaves  possuíam 4, – metralhadoras de 7.92mm e sem nenhuma blindagem adicional, o comandante da unidade, Cap. Florian Laskowski, decidiu que ele conduziria a 141ª Eskadra para o ataque às tropas e no mesmo momento, a 142ª Eskadra voaria livre para uma missão de varredura.

Quando nove P.11’s da 141ª Eskadra aproximaram-se do objetivo, foram recebidos com fogo pesado de metralhadora e logo três aviões foram abatidos e os pilotos mortos. Entre as vítimas – o primeiro a ser derrubado – foi o Capt. Laskowski. Outro piloto teve que fazer uma aterrissagem forçada, com todos os outros aviões sofrendo severos golpes. Desnecessário dizer, que o efeito do ataque foi nenhum. Enquanto isso, a 142ª Eskadra interceptava dois grupos de bombardeiros alemães sem escolta com sucesso, reivindicando sete vitórias, sem perdas.

Florian Laskowski - Força Aérea Polonesa
O avião abatido de Florian Laskowski

Somente após dias de combates, a Força Aérea Polonesa começou a declinar

Sem surpresa, o desgaste dos combates provou ser alto demais para os esquadrões de caça do Exército, e em 10 de setembro, com exceção de uma das unidades, todas as demais foram movidas para leste do Vístula, onde seria feita uma tentativa inútil de reconstruir a Brigada de Caça e ao mesmo tempo tentar uma defesa organizada da área ao redor de Lublin.

Sob uma escassez de combustível e de peças de reposição, destituídos de qualquer rede de observação organizada, estes pilotos lutaram escaramuças isoladas com o Luftwaffe e reivindicaram mais 5 vitórias até 17 de setembro. Naquele dia, o Exército Vermelho cruzou   as bordas orientais de Polônia, e todas as aeronaves restantes foram ordenadas para voarem para a Romênia ou Hungria. A única unidade que permaneceu junto ao Exército Polonês foi a de Poznan.

Sob o excelente comando do Maj. Mieczyslaw Mumler, lutou efetivamente, derrubando nada menos que 36 aeronaves alemãs ao longo da campanha, apesar de que no dia 9 de setembro, o Maj. Mumler foi forçado a acabar com o 131º Eskadra e transferir as aeronaves restantes para o 132º Eskadra.

Mieczysław Mumler - Força Aérea Polonesa
Major Mieczysław Mumler

 

Sem apoio de nenhum país Aliado, a Força Aérea Polonesa Lutou Bravamente

Enquanto os pilotos dos esquadrões de caça tentavam lutar contra os enxames de aeronaves inimigas, as tripulações da Brigada de Bombardeiro passaram os primeiros dois dias de setembro de prontidão, esperando por ordens de ataque, que nunca vieram. Havia muita confusão na sede da Brigada, e com exceção de voos de reconhecimento, nenhuma outra missão foi pelo ar.

Como o Comando Polonês havia prometido aos aliados não bombardear nenhum objetivo em território alemão, foi decidido que a Brigada apoiaria o Exército, atacando as tropas motorizadas e as colunas de Panzer. Pouco foi pensado sobre ataques à aeródromos inimigos ou linhas de provisão, que definitivamente teria sido mais efetivo no retardo do avanço alemão.

Assim, no dia 3 de setembro, os P.23’s e, no dia seguinte os P.37’s começaram a realizar missões de bombardeio contra o avanço alemão.

Surpreendentemente, estas ações desfrutaram um sucesso razoável. Os ataques às colunas de Panzer perto de Radomsko, no dia 3 de setembro, por cerca de 30 P.23’s da Brigada, cessou o avanço dos Panzers por aproximadamente dois dias, enquanto que outras ações não obtinham resultados tão animadores.

Por tudo isso, a Luftwaffe foi forçada a patrulhar as tropas que avançavam. Porém, as táticas de ataques em formações pequenas (normalmente de três aeronave) e disparos em colunas de tropas por aeronaves inadequadas à tarefa, provaram ser desastrosas.

Destituídos de escolta de caças, muitos bombardeiros foram derrubados pelas patrulhas de Bf-109, enquanto outros eram derrubados ou pesadamente danificados pelo fogo antiaéreo. Mesmo assim as missões continuaram até que a Brigada ficou virtualmente sem aeronaves.

Em 17 de setembro, das 86 aeronaves da força inicial da Brigada, apenas 17 P.37’s puderam voar para a Romênia, e todos os bombardeiros P.23 Karas foram destruídos ou tidos como danificados sem possibilidade de reparo.

Bombardeiro P37 - Força Aérea Polonesa
Bombardeiro P37

A vida não era muito mais fácil para esquadrões de reconhecimento do Exército que, equipado com os mesmos bombardeiros leve P.23 da Brigada, frequentemente executava missões de apoio ao solo tentando aliviar alguma pressão sofrida pelas unidades do exército. Novamente, estas ações desfrutaram um sucesso limitado.

Em 2 de setembro os P.23’s do 24º Eskadra escoltado por 6 P.11’s do 122º Eskadra – um conforto extremamente raro para tripulações de bombardeiro polonesas – surpreenderam uma coluna alemã perto de Czestochowa e causaram muitas vítimas e confusão. No dia seguinte, tripulações do mesmo esquadrão bombardearam com sucesso coluna de Panzer alemã perto de Rabka, conseguindo diversos acertos diretos em vários tanques. Um único P.23 foi perdido nestes ataques, mas isso, novamente, era uma exceção à regra.

Em um ataque similar realizado a 3 de setembro, o 31º Eskadra – embora seus seis P.23’s tenham

pegos os alemães desavisados durante um descanso e causado vítimas – teve duas aeronaves perdidas, com as demais danificadas seriamente.

Missões de reconhecimento, normalmente voadas por única aeronave, também eram perigosas – o domínio do ar pela Luftwaffe era evidente e as tripulações raramente poderiam contar com ajuda de caças poloneses. Em geral, as perdas em combate eram extremamente altas e só 16 dos iniciais 64 P.23 dos esquadrões de reconhecimento de exército chegaram para a Romênia à 17 de setembro.

 

A Perda por parte da Luftwaffe

Das cerca de 2 000 aeronaves usada contra Polônia pela Luftwaffe, 258 foram perdidas e das 263 danificadas, somente 40% retornaram ao combate após reparos.

Estima-se que 230 aeronaves foram destruídas em ação, principalmente pelos caças poloneses e pela artilharia antiaérea.

Aproximadamente 400 tripulantes foram mortos ou desaparecidos em ação, e cerca de 120 foram feridos.

Dos 217 tanques alemães destruídos e 457 danificados, uma proporção significativa pode ser atribuída à Brigada de Bombardeiro e aos P.23’s dos esquadrões de reconhecimento de Exército.

P23 - Força Aérea Polonesa
Avião de Reconhecimento do exército polonês, o P23

 

A perda por parte da Força Aérea Polonesa

A Força Aérea Polonesa perdeu 333 aeronaves, sendo 260 do resultado de ação inimiga. Dessas, cerca de 100 foram destruídos em combate e outras 120 como resultados dos danos sofridos.

Apenas 25 aeronaves foram destruídas no solo.

Perdeu-se 61 tripulantes, 110 foram dados como desaparecidos e 63 feridos.

Quando comparado o potencial de combate de ambos os lados, os resultados  não são ruins para a Força Aérea Polonesa.

 

O Fogo Amigo Polonês

Uma observação interessante é que, ao longo da campanha, mais de 30 aeronaves polonesas foram abatidas pelo próprio fogo antiaéreo. A triste estatística para a AA polonesa é de fácil explicação.

Constantemente atacada pela Luftwaffe, principalmente pelos Stuka, as tropas polonesas atiravam em qualquer coisa que estivesse voando. A visão de aeronaves polonesas era realmente rara naqueles dias, e assim quando elas apareciam assumia-se, à princípio, que eram alemães.

Provavelmente, o pior incidente aconteceu no dia 8 de setembro, quando alguns P.11 da III/2 Dywizjon estavam perseguindo uma formação de He-111 perto de Pulawy, a AA polaca abriu fogo, e abateu quatro aeronaves, matando dois pilotos – um deles o Comandante do 121º Eskadra, e ferindo outro.

bombardeiro Heinkel He 111
Bombardeiro Alemão Heinkel He 111

Os casos mais frequentes de erros aconteciam com as aeronaves polonesas de ligação e observação, que por causa do domínio aéreo alemão, mantinham-se voando muito baixo e eram alvos das metralhadoras ou mesmo das armas de defesa pessoal das tropas polonesas.

 

O Abate Notável por parte dos Poloneses

Outra estatística interessante é o número aeronaves alemães reivindicadas abatidas pelas tripulações dos bombardeiros e aeronaves de reconhecimento polonesas – 14 -, comparado com o número desse tipo de aeronave abatidas pelos alemães – 31.

Como os bombardeiros poloneses possuíam armamento defensivo relativamente fraco – três metralhadoras de 7.92mm – e nenhuma blindagem, e mesmo assumindo-se que os artilheiros poloneses fossem exímios atiradores, esse número é muito pretensioso, visto que a Brigada de Caças reivindicou 38 vitórias sobre os bombardeiros alemães para uma perda de apenas 4 aeronaves para o fogo defensivo.

Podemos então claramente concluir que a Força Aérea Polonesa não foi totalmente destruída nos primeiros dias da Segunda Guerra Mundial, como é quase um consenso histórico.

 

A Força Aérea Polonesa sobreviveu à Invasão Alemã e seguiu combatendo durante a Guerra

Boa parte do pessoal de terra e das tripulações, foram evacuadas para a Romênia e Hungria e com o auxílio das Embaixadas e Consulados Poloneses, conseguiram escapar para a França e Inglaterra, em tempo ainda de participarem da defesa da Batalha da França e da Batalha da Inglaterra.

A Força Aérea Polonesa, embora organizada e sob controle operacional da Royal Air Force, era quase que uma força aérea independente. Numericamente era a quarta maior força aérea aliada, perdendo apenas para a União Soviética, Estados Unidos e Grã-Bretanha.

Spitfire IXc polones - Força Aérea Polonesa
Um Spitfire IXc polonês, sob a organização da RAF

As aeronaves eram próprias, alugadas pela Grã-Bretanha ao governo polonês no exílio, e ao final da guerra, uma conta de 68 milhões de libras esterlinas foi paga pelos poloneses com ouro que estava depositado no Canadá.

É irônico que, cinicamente abandonada pelos Aliados na conferência de Yalta, após ter contribuído com sangue na defesa da democracia, a Polônia tivesse ainda que pagar por isso.

 

A Força Aérea Polonesa não foi destruída no solo, nos dois primeiros dias de setembro de 1939.

Suas unidades lutaram e participaram ativamente da Campanha da Polônia até o dia 17 de setembro, quando o Exército Soviético invadiu a Polônia pelo Leste, recebendo então ordens de se evadirem para a Romênia e Hungria.

Os pilotos poloneses eram provavelmente os mais bem treinados pilotos do mundo naquela época. Devido ao seu pequeno tamanho, a Força Aérea Polonesa selecionava muito bem seus candidatos, principalmente aqueles destinados às unidades de combate.

O programa de treinamento na Escola de Cadetes de Deblin e na Escola de Voo Avançado de Grudziadz-Ulez era extremamente exigente, tanto no que dizia respeito ao voo em si como também nos treinos de tiro aéreo, com constante competição entre os cadetes.

Um dos exercícios consistia em lançar um pequeno paraquedas colorido da nacele do avião, e o aluno, sempre mantendo a visão daquele alvo, subia seu avião uns mil pés, entrava em estol – perda de sustentação -, e recuperava o avião no momento adequado para disparar uma única fotografia com suas metralhadoras.

Força Aérea Polonesa

Já naquela época, as unidades de caça, diferentemente das demais forças aéreas do mundo, treinava combate dissimilado “um contra um”, “um contra dois”, “dois contra dois”, etc… além de terem permanente competição de tiro aéreo.

Não é o caso de se afirmar que os pilotos da RAF e da Luftwafe não fossem bem treinados, porém os registros mostram que, por exemplo, na competição de tiro aéreo realizada de 11º Grupo de Caça da RAF em 1942, os três esquadrões poloneses (303, 316 e 315) ficaram com os três primeiros lugares, quando competiram com outros 22 esquadrões. Esse alto padrão foi mantido durante toda a Segunda Guerra Mundial, com os pilotos experientes, em seus descansos de combate, indo treinar os calouros.

 

A Força Aérea Polonesa em Números

III / 1 Grupo de Caça – III / 1 Dywizjon Mysliwski

Comandante:

Cap. Zdzislaw Krasnodebski

Oficial de Operações:

Ten. Arsen Cebrzynski

Aeronaves:

17 PZL P.11c + 4 PZL P.11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

20

Aeronaves Alemães Danificadas:

6

Aeronaves Perdidas em Combate:

19

Tripulações Perdidas:

1 M, 1 D e 5 F

111º Esquadrão de Caça – 111 Eskadra Mysliwska

111º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Gustaw Sidorowicz

Aeronaves:

9 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

8

Aeronaves Alemães Danificadas:

3

Aeronaves Perdidas em Combate:

9

Tripulações Perdidas:

1 D e 4 F

112º Esquadrão de Caça – 112 Eskadra Mysliwska

112º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Tadeusz Opulski

Aeronaves:

6 PZL P.11c + 4 PZL P.11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

10

Aeronaves Alemães Danificadas:

3

Aeronaves Perdidas em Combate:

10

Tripulações Perdidas:

1 M e 1 F

 

 

IV / 1 Grupo de Caça – IV / 1 Dywizjon Mysliwski

Comandante:

Cap. Adam Kowalczyk

Oficial de Operações:

Ten. Aleksander Gabszewick

Aeronaves:

13 PZL P.11c + 9 PZL P.11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

27

Aeronaves Alemães Danificadas:

9

Aeronaves Perdidas em Combate:

15

Tripulações Perdidas:

1 M, 4 D e 4 F

113º Esquadrão de Caça – 113 Eskadra Mysliwska
113º Esquadrão de Caça

Comandante:

Ten. Wienczyslaw Baranski

Aeronaves:

5 PZL P.11c + 5 PZL P. 11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

16

Aeronaves Alemães Danificadas:

6

Aeronaves Perdidas em Combate:

7

Tripulações Perdidas:

1 M, 1 D e 1 F

114º Esquadrão de Caça – 114 Eskadra Mysliwska
114º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Juliusz Frey

Aeronaves:

6 PZL P.11c + 4 PZL P.11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

8

Aeronaves Alemães Danificadas:

3

Aeronaves Perdidas em Combate:

8

Tripulações Perdidas:

3 D e 3 F

123º Esquadrão de Caça – 123 Eskadra Mysliwska
123º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Mieczyslaw Olszewski

Aeronaves:

10 PZL P.7a

Aeronaves Alemães Abatidas:

3

Aeronaves Alemães Danificadas:

2

Aeronaves Perdidas em Combate:

6

Tripulações Perdidas:

3 M e 2 F

 

Aviação do Exército – Krakow Army

III / 2 Grupo de Caça – III / 2 Dywizjon Mysliwski

Comandante:

Cap. Mieczyslaw Medwecki

Oficial de Operações:

Cap. Walerian Jasionowski

Aeronaves:

20 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

14

Aeronaves Alemães Danificadas:

7

Aeronaves Perdidas em Combate:

10 (4 pela AA polonesa)

Tripulações Perdidas:

3 M

121º Esquadrão de Caça – 121 Eskadra Mysliwska
121º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Tadeusz Sedzielowski

Aeronaves:

10 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

9

Aeronaves Alemães Danificadas:

4

Aeronaves Perdidas em Combate:

6 (3 pela AA polonesa)

Tripulações Perdidas:

2 M

122º Esquadrão de Caça – 122 Eskadra Mysliwska
122º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Tadeusz Opulski

Aeronaves:

6 PZL P.11c + 4 PZL P.11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

10

Aeronaves Alemães Danificadas:

3

Aeronaves Perdidas em Combate:

10

Tripulações Perdidas:

1 M e 1 F

 

Aviação do Exército – Poznan Army

III / 3 Grupo de Caça – III / 3 Dywizjon Mysliwski

Comandante:

Maj. Mieczyslaw Mumler

Oficial de Operações:

Cap. Kazimierz Wisniewski

Aeronaves:

22 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

36

Aeronaves Alemães Danificadas:

2

Aeronaves Perdidas em Combate:

14

Tripulações Perdidas:

2 M, 6 M e 5 F

131º Esquadrão de Caça – 131 Eskadra Mysliwska
131º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Jerzy Zaremba

Aeronaves:

10 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

12

Aeronaves Alemães Danificadas:

1

Aeronaves Perdidas em Combate:

3

Tripulações Perdidas:

3 M e 3 F

132º Esquadrão de Caça – 132 Eskadra Mysliwska
132º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Franciszek Jastrzebski

Aeronaves:

10 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

21

Aeronaves Alemães Danificadas:

1

Aeronaves Perdidas em Combate:

11

Tripulações Perdidas:

2 M, 3 D e 2 F

 

Aviação do Exército – Pomorze Army

III / 4 Grupo de Caça – III / 4 Dywizjon Mysliwski

Comandante:

Cap. Florian Laskowski

Oficial de Operações:

Cap. Franciszek Skiba

Aeronaves:

18 PZL P.11c + 4 PZL P.11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

21

Aeronaves Alemães Danificadas:

1

Aeronaves Perdidas em Combate:

14

Tripulações Perdidas:

3 M, 1 D e 1 F

141º Esquadrão de Caça – 141 Eskadra Mysliwska
141º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Tadeusz Rolski

Aeronaves:

10 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

6

Aeronaves Alemães Danificadas:

1

Aeronaves Perdidas em Combate:

7

Tripulações Perdidas:

2 M, 1 D e 1 F

142º Esquadrão de Caça – 142 Eskadra Mysliwska
142º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Miroslav Lesniewski

Aeronaves:

6 PZL P.11c + 4 PZL P.11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

15

Aeronaves Alemães Danificadas:

0

Aeronaves Perdidas em Combate:

7

Tripulações Perdidas:

1 M

 

Aviação do Exército – Narew Army Group

151º Esquadrão de Caça  – 151 Eskadra Mysliwska
151º Esquadrão de Caça

Comandante:

Ten. Jozef Brezinski

Aeronaves:

10 PZL P.11c

Aeronaves Alemães Abatidas:

0

Aeronaves Alemães Danificadas:

1

Aeronaves Perdidas em Combate:

6

Tripulações Perdidas:

1 D e 1 F

 

Aviação do Exército – Modlin Army

III / 5 Grupo de Caça – III / 5 Dywizjon Mysliwski

Comandante:

Maj. Edward Wieckowski

Oficial de Operações:

Cap. Kazimierz Wolinski

Aeronaves:

9 PZL P. 11c + 1 PZL P. 11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

8 ( + 2 balões)

Aeronaves Alemães Danificadas:

1

Aeronaves Perdidas em Combate:

8

Tripulações Perdidas:

1 M

152º Esquadrão de Caça – 152 Eskadra Mysliwska
152º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. Wlodzimierz Laroryk

Aeronaves:

9 PZL P. 11c + 1 PZL P. 11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

8 ( + 2 balões)

Aeronaves Alemães Danificadas:

1

Aeronaves Perdidas em Combate:

8

Tripulações Perdidas:

1 M

   

 

Aviação do Exército – Lodz Army

III / 6 Grupo de Caça  – III / 6 Dywizjon Mysliwski

Comandante:

Cap. Stanislaw Morawski

Oficial de Operações:

Ten. Tadeusz Jeriorowski

Aeronaves:

10 PZL P.11c + 2 PZL P.11a + 10 PZL P. 7a

Aeronaves Alemães Abatidas:

14

Aeronaves Alemães Danificadas:

3

Aeronaves Perdidas em Combate:

18

Tripulações Perdidas:

6 M e 3 F

161º Esquadrão de Caça – 161 Eskadra Mysliwska
161º Esquadrão de Caça

Comandante:

Cap. W. Szczesniewski

Aeronaves:

8 PZL P.11c + 2 PZL P. 11a

Aeronaves Alemães Abatidas:

6

Aeronaves Alemães Danificadas:

3

Aeronaves Perdidas em Combate:

9

Tripulações Perdidas:

2 M, e 2 F

162º Esquadrão de Caça – 162 Eskadra Mysliwska
162º Esquadrão de Caça

Comandante:

Ten. Bernard Groszewski

Aeronaves:

10 PZL P. 7a

Aeronaves Alemães Abatidas:

8

Aeronaves Alemães Danificadas:

0

Aeronaves Perdidas em Combate:

9

Tripulações Perdidas:

3 M e 1 F

Fontes: ZAMOYSKI, Adam. The Forgotten Few: The Polish Air Force in World War II. [S. l.]: Casemate Publishers, 2019. 256 p. ISBN 978-1848841963
                KONIAREK, Jan. Polish Air Force 1939-1945. [S. l.]: Squadron, 1994. 64 p. ISBN 978-0897473248

Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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