Katyusha, o sistema de lançamento múltiplo de foguetes da União Soviética
Katyusha, uma das armas mais impressionantes empregadas na Segunda Guerra Mundial, consistia em uma série de foguetes lançados de uma plataforma fixada sobre um caminhão militar.
foi a primeira arma de artilharia motorizada produzida em massa pelos soviéticos.
Uma equipe de artilharia Katyusha, geralmente era composta por 4 caminhões-lançadores, 2 caminhões de munição e 2 caminhões de apoio.
Cada plataforma podia equipar-se com 14 a 48 lançadores – que carregavam 1 foguete cada.
O foguete M-13, o mais utilizado, do sistema de lançadores BM-13, possuía 80 cm de comprimento, 13.2 cm de diâmetro e pesava 42 kg.
Katyusha era uma arma menos precisa em comparação as demais opções da artilharia, porém isso era compensado com o excessivo poder de fogo, causado por diversos foguetes caindo sobre o alvo quase que ao mesmo tempo.
Uma bateria de 4 lançadores BM-13 poderia disparar uma salva de tiros entre 7 a 10 segundos, que lançavam sob o alvo cerca de 4,35 toneladas de explosivos, o que equivalia, aproximadamente, o poder de fogo de 72 armas de artilharia convencionais.
Outra grande vantagem do Katyusha, era a possibilidade de se deslocar rapidamente do ponto de disparo, impedindo que o inimigo retalhasse com fogo de artilharia. Além de que o custo para produção era bem mais barato que as armas de artilharia convencionais.
A desvantagem do Katyusha, no entanto, era o elevado tempo para remuniciar as baterias.
O nome Katyusha
O nome Katyusha veio da famosa canção soviética que narrava a história de uma jovem russa, chamada Katyusha – um diminutivo para Katarina.
Era chamado de “Órgão de Stalin”, pelas tropas alemãs, que temiam muito a arma devido ao estrago que ela causava.
A música que originou o apelido para o Sistema de lançadores de Foguetes (vale assistir o vídeo, pela interpretação da garota)
A Produção do Katyusha
Em junho de 1938, o governo soviético solicitou o desenvolvimento de um lançador múltiplo para foguetes RS-132.
Diversos protótipos foram construídos usando foguetes M-132, que eram fixados sobre caminhões ZIS-5. Porém, nenhum desses protótipos eram estáveis, e por isso, chegou-se ao BM-13, um lançador específico para foguetes M-13.
Katyusha Posto à Prova
O primeiro teste em grande escala do Katyusha, aconteceu no final de 1938, quando foram disparadas 233 saraivadas.
Uma única salva de foguetes poderia destruir completamente um alvo a uma distância de 5.500 metros.
Apesar desse potencial destrutivo, as equipes de artilharia não gostavam do Katyusha, pois era preciso até 50 minutos para carregar e disparar cerca de 24 vezes, enquanto que um morteiro convencional podia disparar de 95 a 150 vezes, nesse mesmo período de tempo.
Apenas 40 lançadores foram construídos antes de a Alemanha invadir a União Soviética, em junho de 1941.
O Katyusha era barato e poderia ser fabricado em instalações industriais leves que não possuíam equipamentos mais complexos, necessários para construção de armas de artilharia tradicionais.
No final de 1942, 3.237 lançadores Katyusha de todos os tipos haviam sido construídos, e até o final da guerra, a produção total chegou a cerca de 10.000 unidades.
1- Trilhos de foguetes O BM-13 possuía uma plataforma com trilhos paralelos, cada um carregando 2 foguetes. O lançador era erguido em posição de tiro e era direcionado ao alvo usando os mesmos instrumentos de cálculo da artilharia convencional. Um dos membros da equipe, na cabine do caminhão, disparava os foguetes. | 2 – Adaptável O lançador do BM-13 poderia ser montado sobre qualquer chassi de caminhão. O modelo americano Studebaker US6 – na figura – foi o caminhão mais comum, sendo mais de 50% de todos os BM-13 produzidos até 1945. | 3 – Dardos Mortais O foguete M-13 era estabilizado por barbatanas que poderia carregar uma ogiva de 4,5 Kg por quase 8 Km. | 4 – Nada estético As unidades de artilharia soviéticas não usavam um sistema de numeração ou rotulação universal, por isso a maioria das unidades pintavam seus veículos em cores escuras e foscas, sem marcações exclusivas. |
Variantes do Katyusha
Os sistemas de mísseis soviéticos na Segunda Guerra Mundial foram nomeados de acordo com o padrão:
- BM-xy (nomes usados para veículos terrestres)
- MXY (nomes usados para reboques e trenós de arrasto)
- YMX (nomes usados para marinha)
Onde:
- x é o modelo do míssil.
- y é a capacidade de lançamento dos trilhos / tubos.
Sendo assim:
BM-8-16 era um veículo que disparava 8 mísseis e possuía 16 carris.
BM-31-12 era um veículo que disparava 31 mísseis e possuía 12 tubos de lançamento.
Nomes curtos, como BM-8 ou BM-13, também foram usados. Nesse caso, o número de trilhos de lançamento / tubos não são indicados. Tais nomes descrevem lançadores únicos, não importando sobre quais veículos estão montados.
Em particular o modelo BM-8-24 possuía algumas variantes:
ZiS-5 – Montado sobre um Caminhão
T-40 – Montado sobre um tanque
STZ-3 – Montado sobre um trator
Todos eles tinham o mesmo nome: BM-8-24.
Havia outras variantes montadas em diversos veículos diferentes
O conjunto típico de veículos para esses sistemas de mísseis era o seguinte:
|
Katyusha – Exemplos de de veículos e Foguetes
| | |
| | Ainda houve uma versão |
Katyusha – Os Foguetes Usados no Sistema de lançamento Katyusha
Katyusha em Combate
Os lançadores múltiplos de foguetes era um projeto ultrassecreto no início da Segunda Guerra Mundial. Uma unidade especial da NKVD foi criada para operá-los.
Em 14 de Julho de 1941, uma bateria de artilharia experimental contendo 7 lançadores foi utilizado pela primeira vez em campo de batalha, em Orsha, Vitebsk, província de Montenegro, sob o comando do Capitão Ivan Flyorov.
O ataque destruiu uma concentração de tropas alemãs de tanques e outros veículos blindados, causando enormes baixas ao inimigo e seu recuo, abandonando a cidade, em pânico.
Após o sucesso, o Exército Vermelho treinou novas unidades para operar o Katyusha. Cada bateria era composta por 4 lançadores.
Em 8 de agosto de 1941, Stalin ordenou a formação de 8 regimentos sob o controle direto da RVGK.
Cada regimento possuía 3 batalhões com 3 baterias, totalizando 36 lançadores BM-13 ou BM-8.
Unidades independentes desses batalhões também foram formados, compreendendo 12 lançadores em 3 baterias com quatro cada.
Até o final de 1941, havia 8 regimentos, 35 batalhões independentes e duas baterias independentes em serviço, respondendo a um total de 554 lançadores.
Em junho de 1942, novos batalhões foram formados para operar os novos M-30, que consistia em 96 lançadores divididos em três baterias.
Em julho, mais um batalhão de BM-13 foi adicionado à criação de um corpo de tanque.
Em 1944, o BM-31 foi utilizado por batalhões motorizados com 48 lançadores.
No final de 1942, 57 regimentos estavam em serviço, juntamente com os batalhões independentes menores, o que equivalia a 216 baterias: 21% lançadores leves BM-8, 56% BM-13 e 23% com lançadores pesados M-30.
Até o final da guerra, 518 baterias estavam em serviço.
Referências
- Porter, David (2009). The Essential Vehicle Identification Guide: Soviet Tanks Units 1939–45. London: Amber Books. pp. 158–165. ISBN978-1-906626-21-1.
- Zaloga, Steven J.; James Grandsen (1984). Soviet Tanks and Combat Vehicles of World War Two. London: Arms and Armour Press. pp. 150–54. ISBN0-85368-606-8.