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O Dia D – Últimas horas: 20h – 24h

A batalha termina cedo. As tropas de assalto estão fatigadas e os alemães não têm meios de lançar um contra-ataque noturno. De Ranville até Sainte-Mère-Église, o fogo cessa ao por do sol.

Em compensação, a aviação noturna volta ao trabalho. Sua missão é de interditar o campo de batalha, impossibilitando a penetração das reservas inimigas. Bombas fulgurantes que os soldados alemães chamam “árvores de Natal”, Weihnachtsbäume desmascaram as colunas em marcha, e o bombardeio sistemático dos postos de passagem obrigatória multiplicam as perdas e os atrasos.

Bayerlein contou a Paul Carell o que foi a noite da Panzer Lehr deslocando-se rumo a Caen. Sées atravessada de bombas, depois, Argentan, às 2 horas da manhã: toda a cidade em chamas, iluminada como em pleno dia, imensa fogueira debaixo de um bombardeio ininterrupto, as ruas obstruídas por escombros, a ponte do Orne estraçalhada. Os pioneiros restabelecem uma passagem, mas Bayerlein deve caminhar através de desvios para alcançar Flers e Condésur-Noireau, igualmente arruinadas. Aponta o dia, nenhuma das cinco colunas, nas quais a divisão foi fracionada, conseguiu ultrapassar Falaise, a 25 km do campo de batalha – e os [:ttip=”Aviões Bombardeiros” id=”unique_id”]Jabos[:/ttip] recomeçam a imobilizar contra o solo tudo que tem movimento. A Panzer Lehr deveria contra-atacar ao romper da aurora, mas não se move até a noite.

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Panzer destruído, integrante da Panzer Lehr em Junho de 1944

Diferente era a situação dos Aliados. Antes do cair da noite, o chefe do serviço de contra-espionagem (Ic) do 84o corpo alemão, Major Hayn, foi postar-se em Cabourg para ver com seus olhos o desembarque. “A atividade – conta ele – de um grande porto em tempo de paz”. A Luftwaffe esteve completamente ausente no correr do dia. A divisão de caça que se esperava de Metz foi totalmente destruída, e, com exceção de 3 FW-190, prontamente postos em fuga, nenhum avião de cruz negra foi visto sobre o campo de batalha normando.

À meia-noite, 75.215 britânicos e 56.500 estadunidenses, mais 15.500 estadunidenses e 7.900 britânicos das formações aerotransportadas, num total de mais de 155.000 homens, pisaram a França. As follow up divisions, 29a e 90a estadunidenses e 51a e 7a blindadas britânicas estão em pleno desembarque. Rommel tinha razão: perder a batalha das praias significa a Europa aberta à invasão. A Mancha é para os anglo-estadunidenses um freio muito menor do que é, para os alemães, a barragem desta diabólica aviação, dona do céu.

Taticamente, os objetivos pretendidos para o 6 de junho à noite não foram atingidos em parte alguma. No Cotentin, o terreno conquistado é duas vezes menor do que se previu; o estabelecimento de uma cabeça-de-ponte sobre o Merderet fracassou e, ao sul, de Sainte-Mère-Église, um batalhão georgiano corta ainda a estrada de Cherburgo.

Diante de Omaha Beach, os alemães terminaram por ceder Colleville e Saint-Laurent-sur-Mer, mas a penetração não ultrapassa em parte alguma 1.500 metros – e o que se queria, desde a tarde, era atingir o Aure, a 8 km das praias!

No setor britânico, faltou um toque de inspiração e de audácia para que os brilhantes sucessos da manhã se convertessem nos objetivos do dia. A junção com os estadunidenses não foi feita. A continuidade da cabeça-de-ponte não está realizada. Nem Caen nem seu aeroporto, Carpiquet, foram tomados. Diante de Bayeux, a 56a Brigada estacionou sua progressão às 20h30min, quando acabava de atingir a cidade intacta e vazia de inimigos.

Apesar dessas decepções, o dia é uma magnífica vitória. Os Estados Unidos e a Inglaterra vibram de orgulho. A Europa cativa vibra de esperança. Na França, os [:ttip=”Resistência Francesa” id=”unique_id”]maquis[:/ttip] se armam, cortam as linhas telefônicas, tomam posição ao longo dos caminhos, para atormentar as colunas alemãs. Os ferroviários abandonam os trens de tropas, sabotam as locomotivas e as manobras dos trilhos.

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Membros da Resistência Francesa, os Maquis

Recusando-se definitivamente a associar-se às mensagens dos chefes de Estado europeus, De Gaulle lança à tarde uma proclamação que quase deixa entrever que as tropas francesas são as únicas a combater pela libertação do território nacional:

“Sim, é a batalha na França e é a batalha da França… A França vai conduzi-la com furor, vai conduzi-la em ordem. Há 1500 anos sempre vem sendo assim que ganhamos cada uma de nossas vitórias… A primeira condição é que as ordens dadas pelo Governo francês e pelos chefes franceses qualificados sejam exatamente obedecidas… Eis que reaparece o sol de nossa grandeza…”

Uma única menção, mais ou menos anônima, é feita aos ingleses e aos estadunidenses na expressão “as forças aliadas e francesas” – sendo que estas últimas consistiam, no dia D, nos 256 “comandos” do capitão-de-fragata Philippe Kiefer. Nenhuma saudação é endereçada, nenhuma palavra de reconhecimento é pronunciada com referência aos milhares de jovens que vêm do Kansas, do Oregon, de Quebec, do Lancashire, do Saskatchewan, de todas as partes do Império Britânico, morrer na terra francesa. A cólera e o ressentimento cegam De Gaulle. O 6 de junho foi, sem dúvida, em toda sua existência, o pior dos seus dias.

O comunicado alemão da tarde limita-se a anunciar que violentos combates se processam na costa atacada. Mas Hitler já manifestou sua impaciência e sua decepção, lançando ordem sobre ordem para que o desembarque seja rechaçado – “no mais tardar, esta noite”. Ele começa a suspeitar de um esmorecimento criminoso e até de atos de traição.

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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