No dia 18 de Abril de 1942, 16 bimotores B-25 Mitchel do 17º Grupo de Bombardeiros da US Army Air Corps, comandado pelo general James H. Doolitle, decolam do porta-aviões USS Hornet, iniciando a primeira incursão aérea norte-americana sobre Tóquio, Yokohama, Nagoya, Kobe e Osaka.
Os estragos materiais foram poucos, mas o impacto sobre a moral dos cidadãos e o prestígio das forças armadas nipônicas foi enorme. Ardia, então a necessidade de retaliação para restaurar a confiança dos cidadãos e os pergaminhos das tropas do Império, pagando ao inimigo com a mesma moeda: bombardeando os Estados Unidos da América.
Uma tarefa impossível. A distância era demasiadamente grande. O Japão não possuía aviões com autonomia de vôos para missões contra alvos distantes. O comando nipônico não cogitava envolver os valiosos porta-aviões das forças imperiais numa missão tão arriscada.
Uma solução adotada foi empregar alguns submarinos como plataforma de lançamento a pequenos hidroaviões. Após duas execuções, concluiu-se ser um completo fracasso. O único resultado desses dois ataques, em Setembro de 1942, foi um pequeno incêndio num bosque de Mont Emily, no Oregón.
Restou apenas o emprego dos balões. Desde 1933 o exército japonês desenvolvia a tecnologia dos balões não tripulados, equipados com bombas que trabalhariam como artilharia de longo alcance. Em 1943 os japoneses tinham a sua disposição mais de 200 pequenos balões, com 6,1 m de diâmetro e uma autonomia de 915 km, desenhados para ser lançados de submarinos I-34 e I-35. Ainda que a Marinha tenha recusado a idéia, o Exército japonês continuou com o projeto, investigando até que ponto seria viável a idéia de bombardear os Estados Unidos com os balões remetidos do Japão (conhecido por Programa Fu-Go).
Os estudos foram entregues ao 9º Instituto de Investigação Militar e ao Observatório Meteorológico de Tóquio, cabendo a este traçar uma carta da direção e da força dos ventos nas altas camadas da atmosfera. Os resultados não decepcionaram: a 9000 m de altitude foram descobertas correntes de ar que, em Novembro e Março, sopravam da China, passavam sobre o Japão, atravessavam o Pacífico atingindo, já no final da viagem, o território estadunidense.
Bastava agora criar um balão capaz de atingir os 9000 m de altitude para, com um único auxílio do vento – que chegava a atingir 300 km/h – atingir os Estados Unidos. Calculou-se, qual o diâmetro apropriado para os balões, dotando-os com um sistema de lastro automático que lhes permitisse atingir e manter a altitude ideal.
A prova de fogo deste balão-bomba foi no dia 6 de Dezembro de 1944, onde um desses explodiu perto de Thermopolis, no Wyoming. No mês seguinte, Janeiro de 1945, um avião da Marinha estadunidense abateu um destes balões-bomba sobre a localidade californiana de Moffet Field. Recolhido quase intacto foi analisado profundamente. E surpresas não faltaram na seqüência do minucioso exame a que foi sujeito após mais de 9.600 km de viagem.
Com 32 m de diâmetro e capacidade de 570 m cúbicos de hidrogênio, a estrutura dos balões-bomba japoneses era composto por 64 seções de papel, em quatro camadas sobrepostas unidas por uma cola hidro-celulósica feita à base de pasta de batatas – denominada Konnyaku. Para os acabamentos fora utilizado um impermeabilizante nitrocelulósico que também dava consistência ao conjunto e limitava a perda de gás a uns insignificantes 3 m cúbicos.
Preso sob o globo havia um suporte circular – que guardava o mecanismo de controle de altitude – preso a 19 cabos com 14,94 m de comprimento, ladeado por 32 sacos de lastro com 3,5 km cada. A carga explosiva do engenho era duas bombas incendiárias de 5 km e uma bomba de fragmentação de 15 km.
Foram fabricados cerca de 15 mil balões deste tipo, 9.300 foram lançados contra os Estados Unidos entre Novembro de 1944 e Abril de 1945, onde 240 atingiram o alvo, causando, em alguns casos, vítimas civis. Em Bly, Oregón, uma mulher e cinco crianças morreram por conta da explosão da bomba de fragmentação de um dos balões, enquanto que o incêndio provocado por outro nas instalações militares da Central de Energia Atômica de Hanford (Washington) fez suspender a produção de material utilizado no fabrico da bomba atômica que, seria usado alguns meses mais tarde contra o próprio Japão.
Os Estados Unidos reconheceram, mais tarde, a queda de 285 balões-bomba no seu território, das ilhas Aleutas até Michigan, a Leste, ao Alasca, a Norte, com incidentes registrados, inclusive, em território mexicano.
Em 1955, 10 anos após o término da Segunda Guerra, um piloto de helicóptero encontrou um destes engenhos próximo de Baster Island, no Yukon, havendo ainda hoje vários balões perdidos em regiões adversas dos Estados Unidos.