Doutor Silas de Aguiar Munguba participou da Segunda Guerra como 3º sargento Comandante de Grupo de Combate da 2ª Companhia do I Batalhão do 1º Regimento de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira.
Doutor Silas se recorda de um golpe de mão no Monte Castelo: O vitorioso quarto ataque àquele formidável obstáculo à progressão dos aliados foi executado pelo 1º Regimento de Infantaria, do qual eu fazia parte; às duas horas da madrugada, a gente sabia que, dentro de três horas, iria ser desencadeado o ataque, ou seja, por volta das cinco horas da manhã de 21 de fevereiro de 1945. Às duas horas da madrugada, recebi ordem de sair com o meu grupo, que pertencia ao Pelotão do Ten Fredímio Trotta.
A ordem era: sair com o Pelotão e ocupar, através de um golpe de mão, uma casa que ficava ao lado esquerdo de Monte Castelo. Para isso, saímos de madrugada, com o mapa onde estava indicada a localização da casa. Chegamos lá, depois de algumas horas.Como sempre, eu ia na frente, porque sabia ativar e desativar minas. Quando olhamos a casa, concluímos que não podíamos cercá-la, porque não dava jeito; então, ficamos na frente da mesma e esperamos um pouco para ver se via alguma coisa. Não vimos nada e resolvemos entrar. E é aqui que entro na ação.
Havia uma cerca viva que se estendia até a casa, cuja entrada por onde passei o pé existia um cordão, um fio; ao pisar no fio, desprendeu-se uma granada ou coisa parecida que tinha um pára-quedas com uma luz muito forte. O clarão iluminou todos nós; foi um salve-se quem puder, porque, repentina- mente, você se encontrava sob uma luz, talvez mais forte que a do dia. Ninguém esperava aquilo. Todo mundo recuando, soou uma gritaria, disparo de arma, enfim, um pandemônio naquele local. Depois de um certo tempo, como não recebemos nenhum tiro, voltamos à casa. Eu ia na frente, lembro-me muito bem disso, quando olhei para o lado esquerdo do prédio vi metralhadoras .50 e .30, morteiro e bazuca, uma porção de coisas com que eles alvejavam o flanco esquerdo do Monte Castelo. Depois, é que fui saber o que era aquilo.
O certo é que a gente ocupou aquele ponto, por volta das quatro horas da madrugada; aguardamos um pouco e resolvemos sair, em torno das seis horas, em direção à posição de Monte Castelo. Vinha subindo uma tropa americana que tinha participado de alguma missão e estava retornando; de repente, nos vêem saindo de um local onde estivera o alemão; o que eles fazem? Atiram na gente. Morreu um soldado meu. Há um livro publicado sobre ele. Então, nessa situação perdi um soldado, morto pelo próprio americano. Estabeleceu-se uma confusão, até que tudo se acalmou; eles descobriram que éramos brasileiros, não atiraram mais econtinuamos o percurso até que chegarmos nas cercanias do cume do Monte Castelo.
Estávamos ocupando a posição que os alemães haviam ocupado antes. Alí, eles atiravam do flanco, ninguém passava; e o faziam de um lado e do outro. Dessa forma, a tropa brasileira não podia subir nunca, porque o alemão estava nas laterais, dominando os flancos do morro; esse era o grande problema. Depois de alguns anos, até li uma revista que falou nesse ataque que a gente fez, inclusive citando o meu nome. Se não fosse aquela conquista, aquele golpe de mão, talvez tivesse morrido muito mais gente.
Daquela posição, continuamos em frente e, quando atingimos o topo, cerca de 19 horas, vislumbramos a paisagem mais linda do mundo, o Vale do Pó.
Fonte: História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial
Tomo 2
Que satisfação rever por fotos esse conterrâneo ilustre .
Conheci pessoalmente Dr. Silas Munguba em 1963 quando era presidente do grêmio estudantil do Ginásio 7 de Setembro , em Fortaleza – CE .
Naquela ocasião eu , ” menino abestado ” , tinha apenas 15 anos , convidei – o para nos abrilhantar com uma palestra sobre justamente sua participação na II Guerra Mundial . Eu já era apaixonado pelo tema por influência de meu pai . Foi um sucesso !
Depois dessa ocasião nunca mais o tinha visto , até agora .
Hoje moro em Minas e já estou com 63 anos .
Felicidades Dr. Silas .
Irineu obrigado pelo comentário, infelizmente eu não tenho essas fotos e também estou a procura.
Seu pai é veterano da FEB?