Meu batismo de fogo foi quando minha Companhia recebeu uma missão em Suviana – talvez tenha sido a primeira tropa a seguir para essa nova frente de Porreta Terme – e deslocou-se para a região, chegando no lugar e hora previstos.
Contudo, um dos caminhões da nossa tropa enguiçou e se atrasou em relação ao resto do comboio. Em consequência, separado dos demais, essa viatura passou a não receber as ordens referentes a disciplina de luzes e outra que todo o comboio estava recebendo.
Então, o caminhão que se atrasou, por iniciativa sua – o brasileiro tem sempre muita iniciativa – onde era determinado blecaute total, isto é, havia proibição de uso de qualquer iluminação, para andar depressa ele acendeu a luz e veio.
Por uma coincidência muito grande, talvez um por um milhão ou até mais, porque, nessa fase da guerra, não havia mais aviação alemã, naquele instante que chegava o nosso “belo soldado motorista” com seu caminhão, de luz acesa, no nosso acantonamento, estava passando um avião de reconhecimento inimigo.
O piloto alemão deu umas duas voltas – a gente conhecia bem o som do motor do avião alemão, parecia um zumbido – baixou e nos metralhou. Repetiu mais duas ou três vezes e, depois, soltou bombas incendiarias e foi embora. Isso aconteceu na primeira noite na frente de combate. Por mais rápido que o pessoal fosse para colocar em posição as metralhadoras antiaéreas, quando tudo ficou pronto, o avião já tinha ido embora. Pelo menos, durante três dias, todos passaram a usar capacetes de aço, recomendação que antes relutavam a cumprir.
Fonte: Historia Oral do Exercito na Segunda Guerra Mundial
General de exercito Rubens Mario Brum Negreiros