Homenagem postuma ao nosso Herói Luiz Pedrozelli que faleceu no ultimo dia 26/01/201, Morador de Diadema, vai nos deixar saudade.
Segue abaixo texto tirado da coleção História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial – Tomo 07
No último ataque, em 28 de abril de 1945, fui designado para comandar a 1ª peça da Bateria, porque o sargento adoecera e o cabo, que era o apontador, tinha se machucado. Então me puseram para comandar a peça com apenas o soldado atirador, passando a apontador, pois tinha prática nisso também.
Quando iniciou o tiro (a gente não tinha carta da região, só possuíamos o mapa da Itália), o Tenente me chamou. Como era calculador de tiro, com isso, deixei o soldado comandando a peça e passei a fazer aquele trabalho.
Recebemos ordem para dar o primeiro tiro, para começar a missão. Atiramos e o Comandante da Bateria, Capitão Valmick, que estava lá na frente também, disse que não tinha visto nada. A gente atirava primeiro com uma granada fumígena, para ver onde caía o tiro, daí demorou um pouco e ele disse que estava muito longe. Fomos encurtando, atirando e encurtando, até que ele concluiu que estava bom e mandou que nós continuássemos atirando, que não era mais para esperar pedido de tiro.
Fomos carregando e atirando e ele ainda adiantou que era para dar a impressão de que havia mais de quatro peças.
Falei para o Tenente:
– Tenente, vamos atirar primeiro com as duas peças das pontas, a 1ª e a 4ª, depois com as duas do meio e assim por diante, revezando.
Ele concordou.
Depois de um certo tempo, o Capitão disse pelo rádio:
– Está ótimo assim!
E continuamos dessa maneira, a gente sempre lhe perguntando como é que estava o tiro e ele informava:
– Está bom assim, continua!
A gente perguntava e ele respondia:
– Está bem, continua.
Mais ou menos às 2 horas da tarde, repentinamente a voz dele sumiu e passamos quase uma hora sem comunicação. Não podíamos parar e depois de uma hora, o Capitão entrou no ar outra vez:
– O que foi que houve, Capitão? Pensei que o senhor tinha ido também!
Ele explicou:
– Não, foi o microfone que falhou. De agora em diante, diminuam os tiros, só atirem de cinco em cinco minutos. Continuem com o mesmo esquema, só que de cinco em cinco minutos e não precisa esperar ordem.
Após duas horas ele falou:
– Agora vamos atirar de dez em dez minutos.
Já estava quase escurecendo, recebemos ordens para atirar quando ele comandasse. Isso até mais ou menos umas 11 horas da noite. Neste intervalo o Tenente foi descansar, bem como os outros que também se encontravam por ali. Às 11h30mim recebi uma chamada pelo rádio, era o Coronel Sousa Carvalho, Comandante do grupo que perguntou:
– Quem está Comandando a Linha de Fogo?
Eu disse:
– É o Tenente Raposo, mas agora ele está descansando e eu o estou substituindo.
Como eu era muito conhecido, ele perguntou:
– É o Pedrozelli?
Eu disse:
– Sim, Coronel, sou eu.
– Pedrozelli, eu quero que mande carregar as quatro peças e fique aguardando ordens minhas para atirar, não atire sem ordens minhas.
Eu mandei carregar as quatro peças e uns vinte minutos depois ele chegou na Bateria, veio de jipe, aproximou-se de onde estavam as peças e perguntou:
– Como é, a Bateria está pronta?
Respondi:
– Está pronta, Comandante, só esperando as suas ordens.
Aí então ele disse:
– Eu vou comandar esse tiro porque esse é um tiro de salva. Acabou a guerra!
Fiz logo um alarde, acordei todo mundo e depois, ainda ficamos uns dois dias ali, de prontidão, porque havia tropas que ainda não sabiam que a guerra havia acabado.
Isso foi do dia 28 para 29 de abril de 1945, já na madrugada de 29 de abril, era 1 hora da madrugada do dia 29.
Para nós estava acabando; mas os integrantes do 6º RI e os de uma das baterias estavam fazendo o cerco aos alemães em Fornovo.
Ficamos na posição mais uns dois dias, porque o Coronel Nelson de Mello fez o ultimato e eles não queriam aceitar a rendição incondicionalmente; quando íamos voltar a atirar, eles concordaram.