A preparação técnica da invasão da Europa foi confiada, em dezembro de 1942, ao general inglês Frederick Morgan. O estado-maior que passou assessorá-lo é batizado segundo as iniciais de sua função: COSSAC, de Chief of Staff Supreme Allied Commander – algo como Chefe do Estado-Maior do Comando Supremo Aliado.
Tal Comando, no entanto se torna confuso – ao menos até a nomeação de Eisenhower -: Morgan não sabia para quem trabalhava; fato que era apenas uma deficiência de sua missão.
- As divisões em cena ainda não existiam.
- O domínio do mar era disputado por muitas centenas de U-Boat.
- Os navios e embarcações de desembarque das quais ser serviriam estavam em construção ou ainda, em projeto.
Além do mais, os pontos de vista estratégicos britânicos e americanos divergiam muito tornando duvidoso um desembarque na Europa ocidental. Morgan e seus oficiais sentiam-se desmotivados e como se trabalhassem de forma ilusória.
Mesmo assim, trabalhavam. A questão solucionada com maior facilidade foi a da zona de desembarque.
- A Holanda estava fora de cogitação, devido às inundações.
- As praias belgas eram impossíveis por conta das violentas ondas na costa.
- A Bretanha apesar das facilidades tentadoras, se localizava longe demais das costas inglesas e suas comunicações com o interior da França eram defeituosas.
- O Passo de Calais era vantajoso, mas estava poderosamente fortificado, e faltavam-lhe, aliás, praias propícias.
Como restou, a alta e a baixa Normandia: Havre-Dieppe contra Caen-Cheburgo, Morgan organizou duas equipes que trocaram argumentos e contra-argumentos sobre a exposição e a acessibilidade dos litorais, o escoamento das praias, a solidez das organizações alemãs, etc. No final a região da Baixa Normandia é escolhida.
No inicio de 1944, um plano é estabelecido:
- O desembarque seria executado por 3 divisões, e mais uma divisão de transportes aéreos, da embocadura do Orne à ponta de Hoc.
- 16 divisões britânicas e 20 estadunidenses – das quais 50% transportadas diretamente dos Estados Unidos, chegariam, em seguida, às praias e aos portos conquistados.
O primeiro objetivo estratégico seria a criação, entre o Sena e o Loire, de um “alojamento” de onde se distribuiria a ofensiva geral em direção ao Reno.
Segundo os acordos estabelecidos na conferência de Teerã, haveria dois desembarques simultâneos, um na Provença e outro na Normandia. A data da dupla Operação Overlord e Anvil foi fixada para o dia 1o de maio. Morgan, aliás, não negou que seu plano era insuficiente, entretanto teve de limitar-se às possibilidades que lhe haviam apresentado.
Novo Comandante
No dia 14 de janeiro de 1944, o General estadunidense, Dwight Eisenhower assume o comando, instala-se em Londres, na Grosvenor Square n° 20, e inicia a constituição de um estado-maior anglo-americano com o nome de SHAEF, Supreme Headquarters Allied Expeditionary Force – ou Sede da Suprema Força Expedicionária Aliada. O COSSAC é absorvido por este novo corpo e Morgan foi rebaixado ao posto de Vice-chefe do Estado-Maior, abaixo do primeiro colaborador de Eisenhower, Badell Smith.
O plano apresentado pelo COSSAC também sucumbe. Montgomery, apontado para comandar o conjunto das forças terrestres durante a fase de desembarque, foi um dos primeiros a sustentar que a frente de ataque era muito estreita. A energia de sua intervenção e seu modo de exigir – “Mudem seus planos ou mudem-me de posto…” – contribuíram grandemente para que fosse feito mudanças profundas.
- O número das divisões de assalto é elevado de 3 para 5
- O número das divisões de transportes aéreos, de 1 para 3.
A extensão da Operação Overlord passou a considerar o problema de Anvil.
“O General Marshall e eu consideraríamos o ataque ao sul da França como uma característica integral e necessária da principal invasão através do Canal”. Diz Eisenhower
Porém os navios e os aviões destinados a esta operação são necessários para a ampliação do desembarque na Normandia. Depois de acirradas discussões, os estadunidenses concordam em adiar por tempo indeterminado a Operação Anvil. E a data inicial da Operação Overlord é transferida do dia 1o de maio para 1o de junho, a fim de fortalecer a invasão com um mês de produção industrial. Enquanto que os russos acreditavam que tal mudança se tratava de um pretexto e que a segunda frente batalha jamais seria aberta.
Na Inglaterra, forças gigantescas se reúnem. Os navios de transportes cruzavam o Atlântico duas vezes por mês, levando pessoal suficiente para compor uma divisão. Mas, alojar na pequena Inglaterra essas massas humanas e seu imenso equipamento era um grande problema. Essa força era composta de:
- 1.750.000 soldados do Reino Unido,
- 100.000 soldados estadunidenses,
- 175.000 soldados do Império Britânico
- 44.000 voluntários de várias nacionalidades,
Totalizando um exército de 3.500.000 homens e de 20 milhões de toneladas de equipamento que pesa sobre o solo inglês.
Olhando o mapa do território, os comandantes aliados concluíram que além de desembarcar soldados e equipamentos na costa da Normandia, pára-quedistas – que na época eram os soldados da Airborne – seriam lançados em lugares estratégicos, tomando pontes, vilas, etc. e executando missões de sabotagem.
E os planos de desembarque terrestre foram fixados nas barcaças. As unidades de desembarque se dividiriam em dois grandes tipos, landing ship e landing craft. Onde um landing craft seria transportado ou rebocado até próximo da margem, enquanto um landing ship seria capaz de fazer as travessias marítimas através de seus próprios meios.
Porém as barcaças não supriam o problema dos portos. Instalações protegidas seriam necessárias, em curto prazo, para a manutenção de um grande exército de operações. Uma solução prevista era de apoderar-se, desde os primeiros dias, de um grande porto – mas antes era preciso vencer o inimigo, que não só resistiria como também poderia invalidar as instalações.
A solução transitória eram dois portos artificiais, um para a zona do desembarque britânico, outro para a zona estadunidense.