A Fuga Desesperada da Wehrmacht: O Cerco Implacável do Exército Vermelho

No final de janeiro de 1945, a paisagem da Polônia era um teatro de caos e desespero. O Exército Vermelho avançava impiedosamente para o oeste, esmagando as defesas alemãs em seu caminho. O que restava da Wehrmacht não passava de um exército em fuga. Soldados esgotados, feridos e aterrorizados corriam como animais encurralados, tentando escapar do cerco soviético.

A cidade de Mława, que em 1939 foi anexada pela Alemanha e rebatizada como Mielau, havia sido libertada pelos soviéticos em 19 de janeiro, retornando à Polônia. Ali, a cena era de destruição: tanques pesados IS-2 cortavam as ruas, enquanto colunas de caminhões ZiS-5, Chevrolet G7107 e Studebaker US6, fornecidos pelos EUA, transportavam tropas e suprimentos. O cenário refletia a dimensão brutal da ofensiva.

A guerra no front oriental havia atingido um nível de selvageria inimaginável. Captura e rendição não significavam sobrevivência para os soldados alemães, especialmente para os da SS. O temor dos soviéticos, alimentado por anos de propaganda nazista, agora era justificado pela realidade cruel do campo de batalha. Os relatos eram estarrecedores. Civis alemães eram massacrados, mulheres eram violentadas e cidades inteiras eram reduzidas a escombros. Muitos soldados soviéticos buscavam vingança por anos de ocupação brutal.

“Nós cuidadosamente removemos nossas botas e sapatos. O que restava de nossas meias e panos de pé havia endurecido com sangue seco e pus.”

Os relatos de primeira pessoa ilustram o horror da retirada alemã. O frio cortante do inverno polonês se somava à falta de suprimentos e ao constante assédio soviético. Os que eram capturados raramente viviam para contar a história.

Uma soldado soviética descreveu sem remorso o que acontecia com os prisioneiros alemães:

“Eles não eram fuzilados – isso seria fácil demais. Nós os esfaqueávamos como porcos, os esquartejávamos. Eu vi com meus próprios olhos. Esperei o momento em que seus olhos saltavam de dor.”

Ela justificava sua impiedade com a memória do que os nazistas haviam feito com sua família: “Eles queimaram minha mãe e minha irmã pequena na fogueira no meio da vila.”

A propaganda nazista, que inicialmente exagerava as brutalidades soviéticas para inflamar a resistência alemã, tornou-se obsoleta diante dos fatos. O Exército Vermelho havia transformado cada quilômetro de avanço em um cenário de vingança incontrolável.

Os soldados alemães, outrora os senhores da guerra na Europa Oriental, agora não passavam de presas acuadas. Muitos fugiam desesperadamente em qualquer direção que prometesse uma sobrevida, sabendo que cada minuto a mais em território soviético poderia ser seu último.

A Batalha de Konigsberg estava prestes a se iniciar. A Prússia Oriental, berço do militarismo alemão, se tornaria um cemitério a céu aberto para milhares de soldados e civis. O cerco final se aproximava, e a Wehrmacht já não podia mais lutar – apenas correr.

Sobre Ricardo Lavecchia

Desenhista, Ilustrador e pesquisador sobre a Segunda Guerra Mundial

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