Em maio de 1945, a guerra na Europa chegava ao fim e os expedicionários brasileiros se preparavam para voltar para casa. Se no Brasil se organizavam festas para recebê-los, as maiores movimentações se davam, no entanto, na área política.
Disseminou-se, pela imprensa e nos meios de oposição ao governo, a idéia de que a vitória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) contra o nazi-fascismo tornaria insustentável a continuidade do Estado Novo e a permanência de Getúlio Vargas no poder. Cientes da movimentação em torno do simbolismo da FEB, o Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, e o chefe do Estado Maior do Exército, General Góes Monteiro, trataram de desmobilizar rapidamente os expedicionários e evitar ao máximo a politização de seu retorno. Uma das principais medidas foi a dissolução da FEB, quando o grosso do contingente ainda estava na Itália.
Os expedicionários foram proibidos de dar declarações públicas e até mesmo de andar uniformizados pelas ruas ou portando medalhas e condecorações. Ainda conforme as determinações, assim que os ex-combatentes chegassem ao Rio de Janeiro desfilariam e ficariam por alguns dias aguardando, nos quartéis, suas dispensas e o pagamento dos soldos devidos. Uma vez dispensados, ficariam por sua própria conta e risco. As novas ordens produziram as conseqüências políticas desejadas pelos chefes militares: poucos expedicionários se envolveram em política, no crepúsculo do Estado Novo. Vargas foi deposto sem resistência e os opositores do general Dutra, candidato à Presidência da República nas eleições de 1946, não puderam contar com o simbolismo febiano na campanha eleitoral, pois este já estava distante no tempo e esquecido.
As conseqüências sociais dessa desmobilização apressada foram, contudo, muito mais duradouras e desastrosas. As festas e homenagens aos expedicionários, as maiores da história da República, lhes deram a ilusória impressão de que a pátria, agradecida, não lhes faltaria. Mas com o passar dos dias e dos meses, a quantidade e o entusiasmo das homenagens foram arrefecendo. Para os veteranos, tratava-se de voltar às rotinas da vida em tempos de paz.
Os que eram militares de carreira ou que escolheram, no momento da desmobilização, continuar na vida da caserna, logo perceberam que, dentro da instituição, suas folhas de combate e suas medalhas não lhes trariam proeminência ou respeito dos colegas não-combatentes. Muito pelo contrário, encontraram má vontade generalizada entre seus pares, pois a maioria dos militares que não foram à guerra temia “ficar para trás” em suas carreiras. Assim que chegaram, muitos dos oficiais febianos foram transferidos para guarnições distantes, ao invés de serem destacados para liderar a instrução da guerra moderna aos que ficaram no país.
Nos quartéis, a hostilidade a esses oficiais e praças era freqüente. Para piorar a situação, vários direitos que eram privativos dos veteranos da FEB, conquistados pela participação direta na campanha da Itália, como promoções e condecorações, foram distribuídos, anos depois, a militares que não saíram do país durante a guerra. Apesar do ambiente ruim, os militares de carreira ainda podiam contar com a estrutura que a profissão poderia proporcionar: emprego estável, assistência médica, aposentadoria.
A maioria dos expedicionários, contudo, preferiu retornar à vida civil, e para estes os problemas foram ainda maiores. O primeiro desafio foi a retomada da vida social. Depois de participarem da barbárie da guerra, era natural que não voltassem os mesmos. No entanto, o Exército não ofereceu nenhum suporte ou preparo para os expedicionários realizarem a transição para a vida civil. Se a instituição militar, voltada para o ofício e as conseqüências da guerra em seus homens, se omitia em relação aos seus veteranos, pode-se imaginar o despreparo da sociedade civil em compreender as dificuldades de sua volta aos lares, aos empregos, à vida social. Dado o número insignificante de veteranos, em relação à população (cerca de 25 mil, numa população de mais de 40 milhões de habitantes), esperava-se que eles se adaptassem à sociedade, e não o contrário. De modo geral, nas primeiras semanas após o retorno ao país, praticamente todos os veteranos sentiram, em maior ou menor grau, alguma dificuldade de convívio com a população não combatente. Aqueles que possuíam formação escolar ou habilitações profissionais encontraram melhores oportunidades de reintegração. Uma minoria, porém, não conseguiu se readaptar satisfatoriamente à vida civil.
A incidência de casos de alcoolismo e violência doméstica agravava os problemas de ressocialização e aumentava a marginalização dos veteranos. Reportagens sobre ex-combatentes na miséria, vivendo como mendigos nas ruas das grandes metrópoles, e mesmo casos de suicídio, foram freqüentes na imprensa brasileira, nas décadas que se seguiram ao fim da guerra. As dificuldades para partilhar com a sociedade as recordações da participação na guerra, por parte dos veteranos, eram semelhantes às da reintegração social. As pessoas já não queriam mais ouvir os ex-pracinhas e suas histórias das batalhas, e várias vezes ex-combatentes chegaram a escutar que o que fizeram na Itália fora mais um passeio do que uma guerra de verdade.
A dificuldade material se somava a desvalorização de seus feitos e sacrifícios em combate. Os problemas mais graves surgiram, contudo, na reintegração profissional. As leis de convocação para a guerra garantiam aos expedicionários o retorno aos mesmos empregos que deixaram quando foram mobilizados para o conflito. No entanto, a legislação nem sempre era cumprida, e, mesmo quando isso acontecia, freqüentemente os veteranos eram dispensados depois de readmitidos, sob alegação de inadaptação, incompetência e problemas de relacionamento. Além do mais, o direito de readmissão valia apenas para os trabalhadores urbanos, pois na década de 1940, trabalhadores rurais não possuíam direito algum. Como a maior parte da população brasileira trabalhava no campo, e como a FEB reproduziu em suas fileiras a composição da classe trabalhadora do país, pode-se constatar que a maior parte dos veteranos estava desprovida de direitos em seu retorno.
Veteranos com algum tipo de enfermidade permanente, como por exemplo, doenças respiratórias contraídas no front, ou alguma incapacidade decorrente da guerra – mutilações, deficiências visuais, auditivas, neuroses, etc. – tiveram de esperar meses ou anos para requererem as indenizações e pensões, e mesmo assim sem a certeza de consegui-las, pois os órgãos governamentais tratavam-nos com desconfiança, suspeitando de fraudes e simulações de doenças inexistentes. Mais uma vez o padrão se repetia: os mais escolarizados e bem relacionados conseguiam os benefícios, enquanto a maioria tinha de amargar longas esperas pelo cumprimento de seus direitos, nem sempre com sucesso.
Segundo as associações de ex-combatentes, criadas logo após o retorno da guerra, o desemprego foi o maior problema enfrentado pelos pracinhas. Em seus primeiros anos, devido à grande influência dos comunistas, que ocupavam cargos de direção, essas associações eram mais combativas, entrando seguidamente em confronto com os governos, exigindo os direitos devidos e se pronunciando em questões políticas do momento. Essas práticas políticas, no entanto, eram reprovadas pela maioria dos associados.
No final da década de 1940, com a participação ativa de alas anticomunistas do Exército, os dirigentes de esquerda foram afastados de seus cargos. A partir de então, as associações exercitaram uma política mais assistencialista e de colaboração com as Forças Armadas e com os governos, postura que continua até os dias de hoje. Durante décadas, às associações e políticos que reivindicavam melhorias no tratamento dos veteranos de guerra, o governo federal respondia decretando dezenas de leis, como aquelas lhes concedendo preferência na ocupação de vagas no serviço público. O cumprimento delas, contudo, nunca foram seguidas à risca, além da desinformação de muitos ex-combatentes sobre seus direitos, essas leis mexiam com a principal moeda de troca do clientelismo brasileiro: o emprego público. Era comum o veterano requerer a vaga, demonstrando possuir os requisitos e aptidões para a função, e ser preterido por algum protegido de político local.
Apenas em 1988, com a nova Constituição Federal, os veteranos de guerra do Brasil conquistaram o direito de uma pensão especial, como reconhecimento de seus sacrifícios na linha de frente. Os benefícios, no entanto, chegaram tarde demais para a maioria deles: dos 25 mil expedicionários, pouco menos de 10 mil ainda estavam vivos quando o benefício foi aprovado.
Os veteranos brasileiros enfrentaram, durante mais de meio século, um processo lento e progressivo de desvalorização de sua participação na Segunda Guerra Mundial. A participação brasileira na guerra aparece pouco nos livros de História, os pracinhas estão desaparecendo com o passar dos anos, assim como as sedes das associações e seus acervos. Mas suas lutas continuam. Para esses idosos veteranos, seja celebrando suas histórias, seja enfrentando as diversas modalidades de esquecimento, a guerra em que lutaram nunca acabou.
Fonte: Revista “Nossa História”, por Francisco César Alves Ferraz (Ano 2, N.15, janeiro 2005)
Meu pai JOÃO BENEDETTI, serviu no 12º grupo movel de artilharia em CRICIUMA-SC, e foi convacado para 2ª guerra mundial no período de 1944 a 1945, estava pronto para embarcar. Quero saber se tem direito a alguma indenização, pois varios receberam.
Aguardo resposta,
Obrigado, José
Gostaria de saber se meu pai (já falecido), que prestou serviços de campanha no Exército Brasileiro de 1941 a 1944, graduação: soldado, especialidade: padioleiro. Tendo como documento o Certificado de Reservista de 1a. categoria; teria direito a alguma indenização por este tempo de serviço, e se a minha mãe na condição de viúva poderia pleitear esse direito.
Meu pai serviu no quartel em 1945, ficou a disposição ou de plantão para ir pra guerra a qualquer momento, o fato é que soube de varios casos de Ex Cobatnetes que não foram pra guerra, que somente ficarem a disposição de plantão na mesma situação que meu PAI ficou; tem hoje uma aposentadoria Especial, diferenciada, o mesmo se deslocou de trem até um certo ponto aguardando embarque, como ELE ja é falecido sera que Minha Mãe não teria direto a Receber esta Pensão também?. Gostaria de contar com a sua ajuda, para ver se Minha Mãe tem direito a receber a pensão do meu pai, se ELA tem Direito o que devemos fazer??
Obrigado
Gilberto
minha mae é viuva meu pai foi servir o exercito ia ficar lá 01 ano devido o brasil entrar em guerra meu pai ficou lá 1942 a 1945,ela tem direito a pensão é a 1ºcategoria.se tiver que caminhos tenho que seguir. agradeço
Meu primo segundo Mário nardeli foi morto em combate no monte castelo na Itália.Gostaria de saber se parentes tem direito de receber ndenização pois na época não houve
e-mail- izafanton.com.br
aguardo resposta
por favor ,gostaria de saber se tenho algum direito a idenizacao ja que o meu pai trabalhou no periodo da segunda guerra mundial,como militar do 28Bc,do estado de sergipe o nome dele e Joao vieira de gois por favor mande-me uma resposta .Jose alberto de gois.
Oi, meu pai ( ja falecido ) foi na 2 guerra mundial ( ele ficou no Navio ) tinha se machucado com uma baioneta, gostaria de saber como posso requerer uma pensao, pois sou filha unica e solteira, desde ja obrigada
bom dia por favor gostaria da resposta pois enviei uma mensagem no dia 30 de marco e ate agora nao obtive resposta meu nome e jose alberto de gois , meu pai trabalhou no periodo da segunda guerra no estado de sergipe semdo deslocado para salvador possuo direito a idenizacao ..
Meu avô materno, falecido, ficou na costa brasileira na cidade de Joinville , pronto para embargue, mas retornou. Temos informações que existe famílias, que recebem Pensão Especial. Minha mãe não teria este direito sendo filha mais velha? Como também temos informações que toda documentação está na cidade de Cricúma. Gostaria de contar com a sua ajuda, para ver se Minha Mãe tem direito a receber a pensão do meu Avô, se ELA tem Direito o que devemos fazer??
Meu avô, falecido, ficou durante a segunda guerra na costa catarinense cumprindo missão de vigilância e segurança do litoral,na cidade de Joinville – SC, temos informações e conhecemos famílias que recebem Pensão Especial. Porém sabemos quais os caminhos a serem seguidos para que minha mãe , filha mais velha , tenha acesso a este benefício. Como também relatam que a documentação está na cidade de Criciúma -SC. Gostaria de obter informações se for possível.
Atenciosamente
Meu pai estever na guerra ai minha mãe estava lutando para receber uma indenização de guerra mas veio falecer ai minha irmã falou que só ela recebe este dinheiro caso venha sair isso será verdade isso
boa noite!meu pai era do 10o. regimento de infantaria em MG(10o.RI),e ele serviu retornando em 1946 da guerra da italia.tenho o certificado dele um pouco deteriorado,mas em condicoes de ler e ser documentado, do Ministerio da Guerra em Tempo de Paz.hoje o meu pai e minha mae sao falecidos!seu nome e’ RAIMUNDO FRANCISCO DE JESUS!!!GOSTARIA DE SABER SE NOS FILHOS TEMOS O DIREITO DE RECEBER A PENSAO!AGUARDO RESPOSTA!OBRIGADO!!!
Entrei no site e vi que JOSE ALBERTO DE GOIS procura saber se tem direito à indenização em razão de seu pai ter servido como militar. Me chamo JOÃO VIEIRA DE GOIS JUNIOR, meu pai e natural do Estado de Sergipe e gostaria de deixar esta mensagem para que o JOSE ALBERTO DE GOIS entrasse em contato, pois, acredito na existência de parentesco. Mande-me resposta no e-mail vieiradegois@gmail.com
Não creio que nenhum filho homem tenha direito a pensão. Filhas mulheres de militares daquela época têm (hoje me parece que não mais). Não creio se filhas ou viúvas de pracinhas (que não seguiram a carreira militar) tenham algum direito. Talvez tenham apenas as viúvas dos que faleceram na guerra, e que devem estar bem idosas.
Boa noite!Gostaria de saber sobre o direito de quando pode e deve ser conseguida a aposentadoria p/ um ex-combatente no periodo de 1945 na segunda guerra mundial como sinaleiro no exército, já que o mesmo está com 87 anos e com mal de ozaime, e tem apenas o benefício da prestação continuada, pelo INSS,e nunca recorreu sobre o benefício.Peço que me informe se há possibilidades do meu pai ser beneficiário e quais os documentos que devo apresentar para este fim,lembrando que tenho em maos uma carteirinha de sinaleiro da época.
Meu pai athayde José Catharino, hoje já morto, serviu 4 anos na aeronáutica e foi pracinha. Depois que deu baixa, foi solicitada a sua presença na D.P. da reserva onde foi agraciado com um diploma de medalha militar Lei n. 467 de 28 de novembro de 1948 acompanhado da medalha militar de Campanha do Atlântico Sul. Deixou a cópia de uma carta que escrevera para o presidente Medice contando sua história. O oficial incumbido de lhe entregar este mérito disse: “Cidadão! Esta medalha não é somente uma lembrança; ela é de grande valia para você e dá-lhe certos direitos sobre outros cidadãos que não a possuí”, como também outras promessas que não recebera.
Tenho 59 anos, sou solteira e quero saber quais os direitos adquiridos que meu pai deixou de receber e como posso fazer para resgata-los. Grata.
Meu pai foi praça de novembro de 1945 a dezembro de 1946, ficou de prontidão no Brasil, gostaria de saber se ele tem direito a alguma pensão?