A grande odisséia da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em Montese teve início no dia 14 de abril de 1945 e assinalou o começo da ofensiva aliada da primavera, na frente do IV Corpo de Exército (IV CEx), ao qual nossa 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) estava integrada.
A conquista do maciço no dia 14, ocupação no dia 15 e manutenção nos dias 16, 17 e 18 custou a FEB um saldo de 34 mortos, 382 feridos e 10 extraviados, configurando-se, com certeza, em uma das mais árdua e sangrenta vitória de nossos ‘pracinhas’.
Montese era um dos bastiões mais fortes da famosa linha defensiva ‘Gengis Kan’, estabelecida pelos alemães. Sua conquista significava o rompimento dessa barreira, o que contribuiria para a expulsão do inimigo do vale do rio Panaro, impedindo-o de oferecer resistência ao avanço aliado rumo à planície do rio Pó.
A missão atribuída a 1ª DIE foi atacar aquela região e cobrir o flanco esquerdo da 10ª Divisão de Montanha do exército estadunidense. Compreendia duas fases bem distintas: a primeira era o lançamento de fortes patrulhas com o objetivo de obter o controle da primeira linha de alturas; a segunda consistia numa ruptura para conquistar a região de Montese – Montello.
Apesar de depararem com um adversário valoroso, firme em seu propósito de não ceder terreno e consciente da importância de Montese para o seu sistema defensivo, as tropas brasileiras não desanimaram e cumpriram sua missão conforme planejado, conquistando ao final da tarde o objetivo.
Após essa memorável jornada que culminou com a conquista e ocupação de Montese, coube a tropa brasileira continuar cobrindo o flanco esquerdo do ataque e manter as posições heroicamente conquistadas, o que foi feito sob tremendo bombardeio inimigo. Isso possibilitou a 10ª Divisão de Montanha do exército estadunidense romper o dispositivo inimigo, por onde foram lançados elementos em aproveitamento do êxito. A missão estava cumprida! Terminava , assim, a epopéia brasileira em Montese. Façanha de muito sacrifício, valor e heroísmo de nossos pracinhas, que serve de exemplo e estímulo aos soldados de hoje.
O sucesso brasileiro serviu para que o Comando aliado incentivasse as demais divisões e foi enaltecido por todos os comandantes aliados. O general Crittenberger, comandante do IV Corpo, assim sintetizou o feito da 1ª DIE:
Na jornada de ontem, só os brasileiros mereceram as minhas irrestritas congratulações; com o brilho do seu feito e seu espírito ofensivo, a divisão brasileira está em condições de ensinar às outras como se conquista uma cidade.
Montese já não existia. Nenhuma casa ficara intacta e só então se pode avaliar o efeito terrível causado pelos disparos de Artilharia. Montese era uma cidade deserta, envolta em ruínas. Em suas casas destroçadas as manchas de sangue assinalam a violência da batalha com que os alemães a defenderam. Mas a completa destruição de Montese ainda não havia terminado. Decorridas mais de 48 horas após a sua captura, os alemães continuavam a bombardeá-la quase que ininterruptamente com artilharia e granadas de morteiros. A todo instante ouvem-se explosões dentro da cidade. Alguns tanques destruídos, paredes caídas, uma bomba de avião que não explodiu, montões de escombros nas ruas, silêncio de homens cansados, eis o que era Montese, outrora uma das mais interessantes das pequenas cidades italianas.
Sua torre principal estava partida, o próprio cemitério estava revolvido pelas bombas. Em vão procurava-se encontrar um habitante de Montese. Só se deparava com portas destroçadas, leitos vazios, cômodos em desordem. Por certo desde que começara a batalha pela sua posse, a população havia abandonado a cidade.
Os brasileiros venceram os nazistas, entre os quais se achavam muitos prussianos, num combate verdadeiramente épico, depois de encontro de ruas, de casa em casa, onde ficaram mortos e feridos muitos combatentes nossos.
Parabenizo o site por documentar parte tão importante da nossa história e assim preservar um pouco dela e enaltecer nossos verdadeiros heróis.
Como filha do TEN IPORAN NUNES DE OLIVEIRA com pesar informo que o “Herói de Montese”, na realidade herói na guerra e na PAZ, faleceu no último dia 03/12/2011, véspera de completar 94 anos, em 20/12.
O mundo infelizmente carece de homens honrados como foi pautada a trajetória de toda sua vida.
Muito além do militar herói, ele nós brindou com sua sabedoria, honestidade, simplicidade, bom humor e disciplina e amor a nossa Pátria.
Obrigada.
Diana Oliveira Maciel – dianaomaciel@hotmail.com