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O Dia D – O Dia em que os Planos Aliados Quase foram Descobertos

stamp60_fEm razão de a maior parte dos comandos principais estarem em Londres, essa cidade se transformou no centro de planejamento aliado. Em dezembro os ingleses sugeriram que “embalassem” o 1º Exército e o mudassem junto com os outros. Porém, a fim de não arrancar pelas raízes essa unidade, foi levada a Londres apenas as células internas de um estado-maior de planejamento. Os 30 oficiais que compunham esse grupo eram dirigidos por Bill Kean e se instalaram em escritórios que o grupo de exércitos forneceu em Bryanston Square.

O Primeiro Exército instalou o seu Centro de Operações no segundo andar, na mesma fila de edifícios do gabinete do grupo de exércitos. A casa fizera parte de uma fileira de elegantes construções de West End, com chaminés de mármores italianos, em telhados rococós, e uma alegre vista para a praça arborizada que ocupava toda uma quadra. Agora as janelas estavam cobertas, dia e noite, por cortinas de espesso tecido negro para blackout. Uma variedade de mesas de escritório de campanha preenchia o salão, cujas paredes estavam recobertas com mapas taxados com a marca “Altamente Secreto”. Sobre eles, folhas de papel transparente estavam cruzadas por linhas que assinalavam limites de faixas de controle, objetivos, linhas de fases sucessivas; segredos que, para conhecê-los, o inimigo pagaria prazerosamente com uma divisão.

Num canto desse salão, Dickson havia amontoado a sua Divisão de Informações. Os mapas estavam cobertos com nítidos sinais vermelhos que representavam as colocações do inimigo e de seus canhões. Das praias da França, ocupadas pelos alemães, saíam arcos que indicavam os alcances das baterias costeiras e cujas ondas superpostas penetravam profundamente no Canal da Mancha. No mais afastado extremo desse super-povoado salão, o magro e erradamente chamado Tubby Thorson (Tubby = barriquinha) presidia a Divisão Operações. Nessa seção, dois sargentos batiam à máquina as listas das tropas que eram interminavelmente modificadas de um dia para outro. Cada lista requeria de 25 a 30 páginas para conter as 1400 ou mais unidades estadunidenses que iam desembarcar nas praias da Normandia nos primeiros 14 dias.

Do lado de fora da sala, um policial militar permanecia de guarda 24 horas por dia, junto à porta fechada a chave. Antes de chamar, para que, do interior, se abrisse a porta o PM inspecionava o passe Bigot de cada um dos que quisessem entrar. A classificação Bigot era a de maior confiança que se outorgava: dava direito ao possuidor do passe de inteirar-se de todos os detalhes da invasão, inclusive o Dia D.

Durante um dos intermitentes reides noturnos do inimigo, certa quantidade de bombas incendiárias sapecou toda a extensão de Bryanston Square e uns cinco ou seis incêndios se iniciaram na fileira de prédios que continham o Comando. Uma das bombas de magnésio penetrou através do telhado até o pavimento do meu gabinete. Felizmente não explodiu. Quando os voluntários penetraram em tropel, da rua, para debelar os incêndios, nosso cordão de segurança foi rompido. Afortunadamente, o guarda do gabinete de operações permaneceu em seu posto e os segredos não foram revelados.

Se nessa noite, as coisas tivessem se queimado, milhares de horas de trabalho de planificação, impossíveis de recuperar, teriam sido perdidas. Porém ainda mais terrível era a possibilidade de que, na confusão tivessem sido descobertos os segredos que a sala Bigot encerrava”.

Sobre Andre Almeida

Ex-militar do exército, psicólogo e desenvolvedor na área de TI.Sou um entusiasta acerca da Segunda Guerra Mundial e criei o site em 2008, sob a expectativa de ilustrar que todo evento humano possui algo a ser refletido e aprendido.

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