Operação Greenup: uma história que desafia os mais complexos roteiros de Hollywood.
Um dos gêneros mais populares da literatura da Segunda Guerra Mundial é a espionagem.
Há muitos livros sobre o assunto, são agentes secretos, agentes duplos com coragem de tirar o fôlego.
E terminando toda essa série de centenas de livros, você pode voltar sua atenção aos filmes.
Filmes como O Terceiro Homem (1949) de Orson Welles até Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino, seria uma ocupação para toda a vida.
Você realmente teria que largar seu emprego e se tornar um monge para assistir a todos eles.
Mas, em vez de fazer isso, por que não apenas ler a história real da guerra?
Considere uma operação de espionagem aliada com o codinome Greenup, que de certa forma é ainda mais improvável do que uma produção de Hollywood.
Resumindo a história: dois refugiados judeus nos Estados Unidos, moradores do Brooklyn (Frederick Mayer, 23, e Hans Wijnberg, 22) alistam-se no Office of Strategic Services (OSS), o precursor da CIA do pós-guerra, e saltam de paraquedas atrás das linhas alemãs na província austríaca de Tirol em fevereiro de 1945.
Sua missão: compilar relatórios sobre o tráfego ferroviário alemão sobre a passagem do Brenner entre a Itália e a Áustria.
Qualquer informação que eles obterem aqui dará aos Aliados dicas sobre como o Exército Alemão pretende lutar no final da guerra.
Os dois homens são o Brooklyn em sua essência, e eles até mesmo sobrepõem um mapa de seu bairro de Nova York ao de Tirol, para ter um conjunto completo de codinomes às localidades tirolesas visando confundir os nazistas.
A dupla logo integra um terceiro membro: Franz Weber, um tenente da Wehrmacht que tardiamente recobrou a razão sobre a natureza assassina da guerra de Adolf Hitler.
O serviço em meia dúzia de frentes, incluindo a luta sangrenta contra os partidários do marechal Tito na Iugoslávia ocupada, abriu os olhos de Weber.
Ele compreende o real plano de Hitler, que, como diz Weber, visa transformar o continente em um “Campo de Concentração Europeu”.
Weber deserta para os Aliados, faz contato com o OSS e concorda em se juntar à equipe. Então, se você assistiu ao filme de Tarantino deve estar pensando: “Bastardos Inglórios”.
Mayer, Wijnberg e Weber são os reais, os verdadeiros “bastardos” e, de fato, o próprio Mayer já disse que os três apenas “queriam matar nazistas”.
Eles não embarcaram em nenhum tipo de matança, mas tiveram sucesso em sua missão.
A Operação Greenup trouxe benefícios materiais reais aos Aliados, transmitindo dezenas de mensagens de rádio com relatos detalhados do tráfego do Brenner para a estação de escuta OSS na cidade de Bari, no calcanhar da Itália.
Os dados coletados a partir desses relatórios ajudaram os oficiais da inteligência dos EUA a acabar com o mito de que os alemães estavam concentrando homens e armas no sul para o “reduto alpino”.
Apesar de ter sido capturado pela Gestapo e quase torturado até a morte, Mayer conseguiu entrar em contato com várias autoridades locais, incluindo Franz Hofer, o Gauleiter nazista (líder distrital) do Tirol.
Hofer podia ver o fim chegando e tinha pouca vontade de ser julgado como um criminoso de guerra.
Ele e Mayer negociaram a rendição pacífica de Innsbruck, a capital da província tirolesa, ao 7º Exército dos EUA em 3 de maio de 1945.
Comparado a dezenas de outras cidades e vilas, defendido até o último cartucho pelas forças alemãs, então pulverizado pelo poder aéreo e artilharia dos EUA, Innsbruck sobreviveu à guerra quase incólume.
Não há dúvida de que a Operação Greenup salvou milhares de vidas austríacas e americanas, tanto civis quanto militares.
A história da Operação Greenup merece mais atenção do que tem recebido. Na verdade, ela merece nada menos do que um filme.
Em que o elenco de personagens tenha: judeus emigrantes como Mayer e Wijnberg, empenhados em destruir o regime que os perseguiu e suas famílias e, no caso de Wijnberg, até matou seus pais; Tenente Weber, um soldado alemão fugindo de uma sentença de morte por deserção.
Vale mencionar também Anna Niederkircher, a mãe da noiva de Weber.
Anna foi uma hoteleira tirolesa que deu à equipe abrigo, apoio e proteção contra os nazistas, arriscando sua própria vida e que certa vez gritou, tanto em desespero quanto em desafio: “Se Hitler vencer a guerra, eu não acredito mais em Deus. ”
Um filme sobre a Operação Greenup teria tudo: uma causa justa, vítimas lutando, cenas de perseguição de roer as unhas – Tudo o que um campeão de bilheterias necessita.
Fontes:
Frederick Mayer, Jew Who Spied on Nazis After Fleeing Germany, Dies at 94 – The New York Times (nytimes.com)
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